12 | life is a moment

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O clima melancólico por conta da conversa se dissipara rapidamente, logo após  o garçom voltar com nossos pratos

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O clima melancólico por conta da conversa se dissipara rapidamente, logo após o garçom voltar com nossos pratos. Edward comera consideravelmente pouco em comparação a mim – isso porque que eu não comia muito – optei por não perguntar nada, pois além de parecer falta de educação, a resposta me parecia um pouco óbvia.

Ele não estava com fome ou ao menos havia comido antes de sairmos, mesmo que isso não fosse muito comum de se fazer antes de ir ao um restaurante. Deixando esse pensamento de lado, aproveitei ao máximo de minha refeição. Conforme o tempo se passava havíamos trocado histórias e gostos, mesmo ele se atendo mais a ouvir quando parecia ter muito a contar.

Já estava tarde e ainda assim havia diversos lugares abertos, Seattle realmente era uma cidade movimentada. Edward não parecia se importar muito com o horário, eu pelo contrário me recordava que ele provavelmente acordaria cedo para ir à escola, mas sua resposta para isso fora um singelo sorriso acompanhado com um dar de ombros.

— Você quer ir? — Edward apontou em direção ao parque.

Não fora nem um pouco difícil avistar a roda gigante de um parque de diversões próximo, eu sequer podia imaginar que havia um – considerando que a cidade vizinha era extremamente monótona – surpreendendo-me mesmo tendo conhecido o suficiente da cidade.

— Não, com toda certeza, não. — Acenei negativamente, me recostando ao banco como se houvesse mais segurança em estar ali.

— Medo de altura?

— Parece idiota, não é? — Um sorriso envergonhado escapou por meus lábios.

Um medo provavelmente irracional do qual eu obtinha desde a infância, era o de altura. Mesmo que eu nunca houvesse estado em uma altura consideravelmente alta para saber como reagiria. Imaginei que fosse sumir conforme envelhecesse, mas ele provavelmente me acompanharia até os meus últimos dias.

— Talvez um pouco infundado, quando se poderia ter medo da queda em si. — Comentou inteligentemente, conforme pensava em algo. — E você com certeza não irá cair.

Dito isso, ele se ergueu do banco. Estendendo a mão em minha direção, ele esperou pacientemente enquanto eu acreditava que uma careta se formava em meu rosto. Eu poderia facilmente negar, mas talvez ele gostasse de rodas gigantes e estava sendo muito gentil comigo desde que eu chegara.

Fora por esses motivos que aceitei sua mão, recebendo um sorriso convencido em resposta. Os brinquedos deveriam ser supervisionados em alguma rotina, e não haveria porquê de acontecer alguma coisa. Do contrário, não haveria de tanta demora para a morte.

Conforme mais eu me aproximava da grande roda ornamentada de metais, eu me arrependia da situação. Enquanto esperávamos na fila, Edward não falara mais nenhuma outra palavra, como se estivesse realmente obstinado a me colocar ali.

Ao adentrar a pequena cabine aberta – que balançava com meu leve peso – minha insegurança parecia ganhar consistência. Já Edward parecia estar relaxado, como se não houvesse qualquer perigo ali, porquê de fato não deveria existir, exceto para minhas paranoias.

O brinquedo começara a funcionar dando um pequeno solavanco, fazendo-me sentir frio na barriga e minhas mãos agarrarem a coisa mais próxima a elas.

— Desculpe. — Murmurei sem graça, ao perceber que o braço de Edward era o que eu segurava.

Afastei-me minimamente dele, procurando por uma distância não tão próxima, mas que ainda fosse o suficiente caso eu precisasse. Não que Edward pudesse fazer muito caso fossemos morrer ali, mas sua segurança irradiava a ponto de me acalmar.

Quando eu olhei novamente percebi que seus olhos estavam escuros, provavelmente pela pouca claridade do local, mas havia um brilho ali. Demorei para identificar o que era, fascínio. Mas do que, era uma coisa que eu não saberia responder.

— Estamos quase no topo.

Sua voz tirou-me de meus devaneios, meu coração acelerou-se com a frase. Os nódulos de meus dedos encontravam-se mais brancos que o normal pela força exercida contra o metal. Eu não tinha certeza se conseguiria olhar para fora, e mesmo assim me arrisquei.

As luzes não passavam de pequenos borrões coloridos, as pessoas tão pequenas que poderiam ser comparadas a formigas se movimentando. Não tinha certeza se era por conta do balanço da cabine, mas o mundo parecia movimentar-se dali. E então estávamos descendo novamente.

— Foi tão ruim quanto imaginou? — A pergunta de Edward chamou minha atenção de volta para dentro.

— Bem, eu ainda estou viva. — A resposta não pareceu agrada-lo, visto que uma expressão de desgosto surgiu em seu rosto.

A segunda volta começou e a sensação de insegurança persistia, mesmo eu tendo afrouxado um pouco o aperto de minha mão – que começava a ficar dolorida – podendo arrumar minha postura e recostar-me sobre o apoio do banco.

O vento gélido alcançou meu rosto quente, fazendo com que um suspiro escapasse de meus lábios. Antes de sair havia olhado a previsão do tempo, onde dizia não fazer tão frio quanto de costume, mas para mim parecia não haver muito diferença.

— Sua cidade é bem mais calorosa, não? — Edward perguntou como se acompanhasse meus pensamentos.

— Climaticamente sim, mas as pessoas não são tão acolhedoras. — Sorri abraçando-me em uma tentativa de esquentar meu corpo.

Eu me referia unicamente a sua família, como boas pessoas. Já que eles foram os únicos com quem tive grande interação. Foram completamente receptivos com uma pessoa estranha, e – de acordo com as enfermeiras do hospital – sabia que faziam mais do qualquer um pela cidade.

— Talvez esse seja o lado positivo de cidades pequenas.

— Nem tudo é unicamente ruim. — Com isso, o silencio predominou.

Voltei a olhar a paisagem, o céu estava escuro. Não havia muitas estrelas devido a toda claridade da cidade, mas isso não diminuía a beleza do local.

Era quase possível me imaginar tocando a imensidão azul, e então o medo de altura realmente parecia ser o mais bobo de todos. Hesitantemente estendi minha mão para fora, testando a sensação de como seria flutuar.

Não sabia a exatamente a quanto tempo já estávamos ali, mas em algum momento senti minhas pálpebras e meu corpo pesarem. O barulho da multidão já não alcançavam mais aos meus ouvidos, assim como também a voz de Edward que não passava de um sussurro abafado.

Quando sua mão tocou meu ombro, fora quando inevitavelmente eu notara – mesmo com o grosso casaco que eu usava – a diferença de nossas temperaturas corporais.

— Você está bem? — Havia uma preocupação em sua face.

Fora sua pergunta que me trouxera de volta a realidade, havia um motivo para ela. Afinal, tudo se tratava de um momento e logo eu tornaria a ser a pessoa que precisa de mais precauções do que as outras.

Sequer havia notado quando a roda gigante havia parado, ou quando havíamos descido dela para então estarmos a caminho de volta para o carro, com os braços de Edward em volta de meu corpo.

E um dos meus poucos momentos de alegria que eu obtinha, havia chegado ao seu fim.

Redline | TwilightOnde histórias criam vida. Descubra agora