20 | life is unfair

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Sempre que as pessoas têm que dar uma notícia ruim, elas possuem a mesma feição

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Sempre que as pessoas têm que dar uma notícia ruim, elas possuem a mesma feição. Elas acreditam que não, que estão fingindo muito bem, principalmente os médicos, mas todos já vimos aquela expressão em algum outro rosto.

Esta era a expressão que Carlisle carregava em seu semblante quando adentrou o quarto, mesmo com o sorriso cordial ao me cumprimentar era impossível não notar. Seus olhos dourados pareciam em um dilema, movendo-se de mim a Alice.

— A quimioterapia não está mais fazendo efeito.

Eu não sabia se queria que Alice ouvisse a má notícia junto a mim, mas também não sabia dizer como reagiria sozinha. Por tantos anos, eu imaginei que minha mãe estaria comigo em um momento como esse, mesmo que soubéssemos que pela lei natural, mães se vão primeiro que os filhos.

Mesmo não havendo nada de natural, o destino se cumpriu e agora ele retornava para cumprir o meu.

— Então, não há mais opções? — Alice o questionou.

Me mantive em silêncio sem saber o que dizer, eu estava esperando por isso e mesmo assim agora não era como se eu quisesse abraçar a morte como uma amiga. Talvez pelo fato de que eu passei os últimos dois anos apenas esperando, o que eu achava? Que no fim eu apenas continuaria esperando?

Agora a dor acabaria, a física e emocional. Mas então, tudo acabaria e não restaria nada.

— Alice, acho que devemos conversar. — Carlisle pediu acenando em direção a porta, provavelmente querendo falar a sós.

— Isso é um tipo de brincadeira? — O tom de Edward era pesado, ele falava entre dentes.

— Filho. — Carlisle o repreendeu no mesmo segundo.

Minha visão embaçou um pouco, mas não eram lágrimas. Era apenas a minha mente querendo fugir daquele momento. Eu não continuei ouvindo o que eles diziam, porque tudo o que eu precisava era pensar, pensar em tudo o joguei para debaixo do tapete enquanto fingia que estava tudo bem.

Eu já havia aceito minha morte muito antes disso, mas então tudo mudou quando Alice bateu em minha porta e sendo injusto ou não, agora eu a culpava por todo esse conflito que me assolava. Quando eu morresse novamente haveria alguém para sofrer por mim, eu não desejava isso.

Passei a mão por meu rosto, empurrando meus cabelos para trás no percurso em uma tentativa de fugir desses pensamentos. Encolhi minhas pernas, até que pudesse apoiar meus braços sobre elas, talvez eu apenas tivesse que voltar à fase de aceitação.

— Não.

Apenas nesse momento eu percebi que Edward permanecera no quarto, podendo ver minha calmaria escorrer por entre meus dedos.

— Está... — Não consegui completar minha frase.

— Não diga isso. — Ele me interrompeu negando com a cabeça. — Não está nada bem.

Redline | TwilightOnde histórias criam vida. Descubra agora