Capítulo 20

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Dia - 29

Acordo desorientado, a visão embaçada e com a boca seca. Aos poucos as cores vão ganhando forma e revelando o cenário a minha volta.

Bancos de couro preto, uma luz fraca a minha frente iluminava um painel empoeirado de um carro. Sento, respiro fundo e, por fim, encaro os olhares apreensivos em minha direção.

Jorge e Martíns me olhavam com um ar de preocupação e alívio. Jorge me estende uma garrafa com água. Prontamente aceito e tome um gole que desce dilacerando a minha garganta seca e sedenta. A dor, embora incomoda, dá espaço ao alívio da sede. Em instantes consumo todo o líquido da garrafa, só então lembro do quão escasso é este recurso agora.

Tendo organizar os pensamentos na minha cabeça. Onde eu estava? Como cheguei aqui? Ou melhor, o que exatamente aconteceu?

Minha cabeça doia. Dirigo meu olhar para a janela embaçada a minha esquerda. Apenas o escuro, já era noite.  Só então notei que um casaco de couro preto me protegia do frio. Lukas, eu não estava errado em confiar nele.

— Você está bem? — A voz de Jorge quebra o silêncio.

— Um pouco tonto. O que aconteceu? E onde está o Lukas? —  Pergunto.

— Ele está lá fora, está de  guarda quase a noite toda. O cabeça dura não quer descansar, mal dormiu. — Respondeu Jorge indicando onde ele estava.

— Onde estamos ? — Eram muitas as perguntas em minha cabeça.

— Longe o suficiente daquele cemitério de carros, mas não muito dos zumbis. —  Jorge explicou. — Você desmaiou lá, exaustão talvez, depois o Lukas e eu conseguimos arrumar essa lata velha e saímos voando de lá com você. Não sabíamos para onde ir, mas qualquer lugar longe dali já era o suficiente. Você chegou a acordar, mas caiu no sono rapidamente. Estamos parados aqui entre as árvores a horas. — Cabisbaixo, Jorge relatou.

Aos poucos vou recordando tudo que aconteceu. Lembro que encontrei o Jorge desmaiado com uma ferida na cabeça, isso explica o curativo em sua testa. Depois... Ana! Ela está em perigo, o desgraçado do Luiz a levou. Alex e Helena também, eles estavam em perigo por minha causa.

Perdi muito tempo dormindo, a essa altura eles podem estarem mortos. A preocupação abre espaço para uma tristeza repentina que me abala. Os batimentos acelerados em meu peito denunciavam meu descontrole emocional. Tudo o que eu não precisava no momento.

Abro a porta do carro e o frio da madrugada me atinge com força me fazendo tremer. Respiro fundo e sei no forças para levantar e ir ao encontro de Lukas.

— Obrigado pelo casaco. — Jogo o agasalho sobre Lukas que estava reencostado em uma árvore.

— Você precisa dele mais do que eu. — Lukas rebateu,  estendendo o casaco para mim.

— Já estou bem, mas você precisa descansar.

— Posso continuar de guarda o resto da madrugada, sou o único que não está machucado.

— Lukas, está tremendo de frio, seus lábios começam a ficar roxos. Precisa descansar ou vai acabar do mesmo jeito que eu. Por favor, não cometa o mesmo erro.

— Você me deu um baita susto. — Lukas falou enquanto colocava o casaco e me olhava com uma cara emburrada.

— Imagino, mas já estou bem. Agora precisamos descansar para irmos resgatar os outros.

— O que pretende fazer? Não acho que vá entregar as armas tão facilmente. — Indagou  Lukas.

— Ainda não sei, mas irei pensar em algo.

O Dia Z: O Prelúdio Do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora