Capítulo 28

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Dia - 32
Parte 4

O barulho do disparo ecoou como um trovão ensurdecedor atraindo a atenção de todos os zumbis próximos. Se não haviam encontrado este lugar antes, agora seria questão de tempo para chegarem aqui. Seríamos esmagados pela multidão de mortos-vivos.

Mas não era isso que me preocupava no momento, mas sim o que acontecerá a minha frente. Jorge não estava morto, apenas ferido, e agora se lançará na frente de Luiz impedindo que o disparo nos atingisse. O sangue rubro se espalhava pelo chão, Jorge sangrava. O tiro feriu o seu ombro esquerdo. Caído no chão, gritava de dor desesperadamente.

Sem tempo de pensar, apenas ergui a pistola que trazia comigo e atirei contra Luiz. O tiro acertou sua perna esquerda, que o fez gritar de dor, mas não o impediu de revidar. Me joguei com Alex no chão, nos protegendo dos tiros. Por sorte a arma dele travou. Um fuzil não era um simples brinquedo, sem saber manusear, torna-se inútil.

Aproveitei o momento e dísparei mais vezes. Consumido pela raiva, deixei Alex para trás e fui atrás de Luiz que tentava fugir pelos fundos da cabana. Milagrosamente destravou o fuzil e disparou novamente contra mim. Uma saraivada de tiros acertou a parede que nos separava. Quando os tiros cessaram corri atrás dele. Ele tentava correr, mas sua perna machucada não o ajudava. O rastro de sangue deixado para trás entregava sua localização.

- Luiz, seu filho da puta, pare de se esconder e me enfrente.

- Desgraçado, eu vou te matar Nick! - esbravejava enquanto gemia de dor - Eu vou te matar seu viadinho de merda.

Outra saraivada de tiros a esmo cortava o ar entregando sua posição entre as árvores. Uma diferença mortal de experiência em combate entregava a Vitória a mim. Era só uma questão de tempo até dar um fim à essa luta.

Respirei fundo, retomei o controle da situação e coloquei meu plano em prática.

- Então venha me enfrentar seu corvade de merda. - gritei enquanto disparava para o auto logo em seguida.

- Vou te mostrar quem é covarde aqui seu merdinha. - Ele disparou feito um louco na minha direção, ou melhor, onde ele achava que eu estava. - ficou mudo? Tá se mijamdo de medo, Nick?

Ele não notará, mas seus tiros a esmo me entregavam sua localização, assim seria fácil o pegar de surpresa. Sem falar que os tiros descuidados dele o faziam gastar toda a munição do fuzil que manuseava descuidadamente. Era questão de tempo para ele ficar indefeso. Enquanto isso, me aproximava lentamente dele.

Finalmente ele gastará todas as suas balas.

- Merda! - Ele resmungava - maldito Nick, por que você não morre logo?

- Por que quem vai morrer é você Luiz.

Encostei minha arma bem na nuca de Luiz. Ele estremecera ao sentir o cano da pistola pressionado contra a sua pele.

- Vai ter culhão pra me matar? Eu acho que não. Você é mole, Nick.

- Eu não teria tanta certeza.

- É mesmo? Então, por que não me matou quando teve chance?

Ele se virou e tentou me atacar em um movimento desesperado, mas não foi rápido o suficiente. Disparei e em seu peito uma flor de sangue começou a desabrochar. Luiz sentiu suas forças se esvairem, seu corpo aos poucos foi amolecendo, sua visão ficou turva. O sangue saia de sua boca, juntamente com um som grotesco de fúria. Por fim, caiu no chão, sem vida. Eu o matei.

Eu não entendia o porquê, mas meus olhos começavam a encher de lágrimas que começaram a deságuar em um rio incontrolável de lágrimas. Eu sentia tristeza, uma tristeza e uma dor imperdoável pelo que acabei de fazer. Eu tirei uma vida, eu matei uma pessoa e não um zumbi. Era diferente, minhas mãos tremiam.

Deixei a arma cair no chão, olhava para o corpo sem vida de Luiz. E meu estômago embrulhada, até que vomitei. Ainda tremendo, recolhi a arma do chão, virei o corpo de Luiz, encarei pela última vez a face dele. Seus olhos sem vida já não apresentavam o ódio que sentia por mim. Por mais que Eu odiasse admitir, algo dentro de mim desejava que ele descansada e em paz, longe desse inferno.

Retornei a cabana, Jorge estava encostado na poltrona de couro marrom que antes Luiz estava sentado. O sangue não parava de escorrer de seu ferimento.

- Jorge, você está bem? Aí meu Deus, preciso te levar até a Ana. Ela vai saber o que fazer.

- Não, você precisa sair daqui. Antes que os zumbis cheguem.

- Não vou te deixar pra trás. - Falei firmemente.

- Serei um peso, só vou te atrasar. - Jorge falava com dificuldade.

- Cala essa boca, pare de se esforçar. Guarde suas energias. Agora deixe-me te ajudar que vamos sair dessa.

- Não seja idiota, eu levei dois tiros. Fui um imbecil e deixei o Luiz me emboscar. Você o matou? - Jorge perguntou.

- Sim!

- Ótimo, que aquele desgraçado queime no inferno. - Ele tossia sem parar, e o sangue escorria por sua boca. Hemorragia interna. - O Alex fugiu, deve estar escondido na floresta.

- Ah Jorge - eu já não conseguia conter as lágrimas - por favor, resista, não posso te perder.

- Desculpa, meu amigo - tossir novamente, e dessa vez muito sangue foi cuspido por ele - Só me promete que vai encontrar o seu irmão e depois o meu. E você tem que proteger os outros. Promete?

- Eu prometo. - eu já soluçava de tanto chorar.

O primeiro zumbi ja havia chegado, minhas mãos trêmulas me fizeram desperdiçar duas balas, mas consegui abater ele.

- Sai daqui, Nick. Os outros estão te esperando.

- Não posso te deixar para trás.

- Você precisa... Nick... Você... precisa... vi-ver....

E por fim a voz de Jorge se silenciava para todo o sempre. Ele morrera feliz segurando a minha mão. Tinha morrido bravamente me protegendo. Eu não podia deixar seu corpo ali para ser devorado. O puxei com todas as minhas forças restantes. Escondi seu corpo em um dos cômodos, e tranquei aquele lugar. Eu voltaria para me despedir adequadamente em um funeral digno de um herói que Jorge fora.

Os zumbis já cercavam a cabana. Gastei minhas poucas balas para abrir caminho entre eles. Corria desesperadamente pela floresta escura.

O vento gélido da noite soprava furiosamente. Eu não sabia como fugir daqueles zumbis. Estava exausto, meu corpo doia, sem munição, cercado por mortos-vivos. Aquela seria uma longa noite.

As nuvens se abriram dando espaço a luz da lua que iluminava o campo de tiro. Uma multidão de zumbis preenchia aquele lugar, mas eles começavam a se deslocar novamente. Seguiam sem rumo em busca da próxima presa.

Outro zumbi aparece de surpresa e em um movimento automático desvio e o chuto nas costas. A força do chute o empurra morro a baixo.

Não vi Alex, para onde ele tinha ido? Até que o rugido no céu chama a atenção de todos os vivos e mortos ali presentes. Era um helicóptero. No alto do morro um sinalizador aparece. A fumaça vermelha indicava que um sobrevivente estava ali é o helicóptero segue naquela direção.

Corro desesperadamente até a localização do sinalizador. Escondido entre as árvores estava uma pista de pouso para helicópteros. Seria este um local exclusivo de uso do delegado Monteiro?

Me esconde no meio dos arbustos e observo atentamente a cena diante de mim. Do helicóptero descem soldados que abatem os zumbis mais próximos. Alex se aproxima, e é recebido pelos soldados. Não consigo ouvir uma palavra se quer graças ao barulho do helicóptero. Mas pareciam estar discutindo. Até que Alex leva um tapa violento no rosto que o faz cair no chão.

Mais zumbis começam a se aproximar daquele lugar. O barulho estava atraindo todos eles para dentro da floresta. Alex continua no chão. O que estava acontecendo? Quem são essas pessoas. Um outro soldado empurra o agrediu Alex, e começam a conversar longe de alex.

Em seguida pegam Alex e o arrastam de forma violenta para dentro do helicóptero. Em seguida sinalizam para o piloto e o helicóptero sobe ao céu e vai embora.

O Dia Z: O Prelúdio Do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora