Capítulo 13

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Dia 26 - Parte 2

Os zumbis mais próximos avançavam rapidamente em nossa direção, emitindo um grunhido monstruoso e assustador. Rapidamente os outros mortos-vivos próximos começavam a andar de forma descompassada e apressada em nossa direção. A nossa descrição foi por água abaixo, mais que merda.

- Desculpa, eu não queria...

- Sem desculpas, não temos tempo para isso.

Ergo Alex e o levo para junto dos demais e sigo em frente buscando uma saída daquele lugar. Ao sairmos na outra rua outros zumbis já se encontravam a nossa espera. Por puro reflexo derrubei o primeiro com um só golpe e sinalizei para os outros se apressarem. Jorge se juntou a mim e pisou sobre o peito do zumbi caído e com a chave de roda começou a esmagar impiedosamente o crânio daquela criatura. O segundo chegou muito rápido e já tinha mais outro se aproximando, uma mulher gorda com seu rosto e peitos devorados mostrava seus dentes ensanguentados enquanto tentava nos alcançar. O outro era um adolescente com um buraco em sua barriga e uma ferida enorme em seu pescoço que construía uma cena desagradável aos olhos de quem o visse. O sangue escorria pela boca daquela pobre criatura que um dia fora um humano, mas agora não passa de um predador sedento e cruel. A ânsia de vômito era inevitável, mas eu precisava ser forte.

-Jorge, para trás agora! Eles são muitos.

- O que vamos fazer? Estamos cercados. – Lukas perguntou.

-Eu não sei, mas que merda. – O desespero ameaçava me dominar.

- Eu não vou morrer aqui parado "tricotando" com vocês. – Jorge partiu para cima deles com ferocidade e raiva em seu olhar.

- Mais que merda. – Eu precisava ajuda-lo.

Eu contava cinco deles, os que estavam mais próximos e que eu conseguia ver pelo menos. O adolescente com o a ferida no pescoço estava mais próximo, Jorge o derrubou com um chute em suas costelas, ou o que sobrou delas, e começou a desferir vários golpes em seu crânio até que pedaços de ossos e massa encefálica se espalhassem pelo chão, tingido a rua com o sangue escuro que escorria do corpo agora inerte. Eu desferi um golpe na cabeça de um zumbi de terno, (para um zumbi até que estava elegante) mas ele não caiu, apenas cambaleou um pouco. A garota sem nome juntou-se a festa e desferiu outro golpe no de terno e dessa vez ele caiu. Eu rapidamente esmaguei sua cabeça. Jorge já enfrentava mais um, porém muitos deles estavam se aglomerando a nossa volta.

- Jorge, derruba eles e abre caminho ou vamos ficar cercados.

- Você que manda.

- Lukas, Ana, tenham cuidado para não serem pegos pelos que ficarem no chão.

Eu, Jorge e a garota sem nomes abrimos caminho derrubando cinco deles. Notei que pancadas fortes em suas cabeças os deixavam atordoados por um tempo. Mesmo que não os matassem, isso nos dava tempo para correr até que eles se levantassem novamente. Ana e Alex estavam extremamente assustados, o medo era nítido em suas faces cobertas de lágrimas.

As outras ruas à frente não eram diferentes destas, para o nosso completo azar, duas delas estavam repletas de zumbis e o escuro não nos ajudava. Jorge estava muito cansado, assim como eu, nossos golpes já não tinham mais a mesma eficácia. Estávamos sujos, exaustos e eu já não aguentava mais correr. Entramos em um bairro conhecido, pelo menos aqui conhecíamos bem o território e a rua era mais larga, o que nos dava vantagem. Avançamos por uns duzentos metros apenas correndo e desviando dos zumbis. Não sei a quanto tempo estamos assim, mas pareciam horas.

A cidade não era muito grande, mas também não era minúscula, em tempos normais estaríamos a uns 20 minutos de caminhada da minha casa, não ficava muito longe do centro. O desejo de ir até lá me prendia, mas cruzar o centro repleto dessas criaturas não parecia uma boa ideia. Algumas ruas acima ficava o hospital, notei que alguns destes zumbis que nos atacam são funcionários ou pacientes do hospital por conta de suas vestimentas.

Corremos como pudemos por mais 100 metros e chegamos a onde eu queria, um super mercado. Sinalizei para Lukas e Jorge fecharem as grades da entrada. Esse supermercado possui grades de metal altas e pontudas pintadas em verde nada convidativo. Notei que ainda tentaram fechar o portão por estar entre aberto. Acredito que na hora do caos não tiveram chances. O chão estava repleto de marcas de sangue, pedaços de carne humana e até um corpo jogado no estacionamento enfrente a entrada do supermercado.

Lukas e Jorge fecharam a entrada e eu segui em frente. Um homem que aparentava ser um antigo guarda do supermercado estava encharcado de sangue, seus olhos brancos e as veias estouradas em sua face denunciavam sua monstruosa transformação em um morto vivo. Ele emitia aquele grunhido estranho enquanto mordia o ar caminhando em minha direção. Um golpe em sua têmpora e ele cambaleou, acerto outro golpe em suas costas que o fez despencar no chão. Com a ponta da pá já amassada depois de tanto lutar contra os zumbis no caminho, tentei perfurar seu crânio, porém não obtive sucesso, aquela pá já estava destruída. Em sua cintura aquela criatura levava consigo um cassetete de madeira, eu rapidamente o peguei. Por um segundo de descuido, quase que o zumbi me pegou em um movimento rápido. Um descuido que não tornaria a se repetir, chutei seu maxilar o fazendo atingir violentamente o chão. Com fúria e desespero, espancava a cabeça daquela criatura com o cassetete. Seu cérebro, sangue e ossos esmagados banhavam o chão, só então sai de cima dele. Jorge e Lukas livravam-se de outro zumbi que encontrava-se mais afastado no estacionamento.

Eu estava cheio de sangue, sujo, suado, cansado e mal conseguia respirar. Ana me encarava assustada, foram tão poucas horas e eu já nem sabia mais o que eu estava fazendo. Perdi o controle e matava feito um louco tudo a minha frente por puro desespero na tentativa de sobreviver. Deus, mas por quê? No portão de entrada, vários deles se aglomeravam e se debatiam contra as grades tentando entrar. Não sei se aquelas grades vão aguentar por muito tempo.

- Você está bem cara? – Jorge perguntou olhando para mim que estava ajoelhado próximo ao corpo do guarda que acabara de esmagar o crânio.

- Acho que sim, só estou um pouco cansado. Se tivessem me avisado que o apocalipse zumbi era algo real e próximo eu teria me preparado melhor. Academia talvez. – As gargalhadas não foram contidas. Ele me ajuda a levantar.

- Acho que estamos presos novamente. – Lukas aponta para os vários zumbis no portão.

- Pelo menos dessa vez temos comida. – Eu brinco.

- Eu vou checar os carros, talvez algum ainda funcione – Jorge falou e saiu em direção ao poucos veículos deixados para trás.

- Tenha cuidado. - O alerto.

- Pode deixar.

-O que vamos fazer agora? – Ana pergunta.

- Precisamos de comida, armas, remédios, água, lanternas, tudo que for essencial para sobreviver. Se este supermercado não estiver completamente saqueado, poderemos conseguir suprimentos para um bom tempo.

- Que de nada vai adiantar se não pudermos sair daqui. – Lukas e seu bom humor, será que ele não consegue ser positivo pelo menos uma única vez?

- Bom, isso resolvemos depois. Agora vamos ao trabalho.

- Espera um pouco Nick. - Ana fala fazendo-me parar e olhar em sua direção. – Você precisa descansar, suas mãos estão machucadas e está sangrando, nesse ritmo vocês vão acabar apagando por exaustão.

- Infelizmente não podemos nos dar a esse luxo Ana. O quanto antes sairmos daqui, mais rápido encontrarei o meu irmão.

Me viro ao terminar de falar e sigo caminhando até o zumbi na porta do supermercado que acabara de aparecer. Parece que teremos que limpar esse lugar antes. O cadáver andante de uma das antigas atendentes desse lugar grunhiu ferozmente, seus seios estavam à mostra por sua roupa estar completamente rasgada. Seu pescoço era apenas composto por uma ferida enorme e um buraco sangrento que fazia sua cabeça balançar de um jeito esquisito e assustador. Usando apenas um de seus saltos de qual se orgulhava antes, agora caminhava aos tropeços enquanto erguia seus braços em nossa direção.

Pego um carrinho de compras, que estava jogado no pátio do estacionamento ainda com alguns produtos, e começo a andar na direção daquela criatura. Acelero o passo e a antigo em cheio a arremessando contra o piso acinzentado e duro daquele lugar. Antes que ela conseguisse se erguer novamente, acerto sua cabeça com várias pancadas com o cassetete de madeira que agora levava comigo. Seu rosto agora estava completamente desfigurado, sua caixa craniana destroçada. A maquiagem borrada pelo sangue contribuía para a construção de uma face macabra e assustadora. Este era apenas o inicio desse pesadelo sem fim.

O Dia Z: O Prelúdio Do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora