Dia 31 ‐ ManhãPassamos a noite no bar no alto do mirante. O cheiro de álcool, cigarro e fumaça impregnada nas paredes e piso, traziam lembranças de um passado não tão distante, mas, que agora, não passava de memórias a serem esquecidas pelo tempo.
Aquele lugar costumava ser bem movimentado. O barulho dos bêbados e do titular das garrafas e copos, compunham uma bela melodia com o andar apressado dos garçons e os gritos do chefe.
Local de encontro de muitos caminhoneiros, pessoas que só queriam beber e esquecer de seus problemas rotineiros, outros apenas vinham para negócios escusos. Tudo tinha vida e se movimentava sem parar, agora, tudo estava esquecido, a morte, o medo, o cheiro podre e o barulho grotesco emitido por aquelas criaturas lá fora eram as únicas coisas que vinha em nossas mentes.
Eu fui o primeiro a acordar, usamos as toalhas de mesa como cobertor, mas o cheiro de poeira, álcool e gordura nelas não ajudavam muito. Mas o sono e o cansaço já tinha nos vencido a muito tempo.
Os outros dormiam despreocupadamente, ou talvez apenas não conseguiam mais lutar contra o sono. Os raios de sol começavam a invadir o recinto por uma das janelas de vidro. Eu não ouvia nenhum barulho suspeito lá fora, se estivéssemos com sorte, nenhuma daquelas criaturas chegou até aqui.
Me levantei, fui até a porta e a destranquei silenciosamente para que os demais não acordassem. Ao fechar a porta, um rangido inesperado me assusta. Espero não ter acordado ninguém, eles precisam desse descanso.
Em uma das mesas encontro uma garrafa com uma bebida alaranjada deixada para trás por algum cliente. Em seu rótulo estava escrito: whisky. Pego a garrafa e vou andando até o mirante.
Uma grade de ferro consideravelmente alta mantinha os desastrados e bêbados em segurança, caso tentassem se aproximar demais daquele lugar. Cair dali seria mortal. Mas era a altura e beleza da vista dali que atraia tantas pessoas. Embora nos últimos anos tenha sido esquecido e abandonado. O histórico do local afastava as pessoas comuns daquele lugar.
O vento soprava na direção contrária do mirante. Suave, a brisa não era fria demais é sim agradável. Meus cabelos castanhos e bagunçados eram acariciados pela brisa matinal. Me encosto a grade de proteção e encaro mais uma vez o líquido alaranjado daquela garrafa.
Eu nunca gostei de beber, meus amigos me provocavam por isso, mas nunca me importei. Hoje, pela primeira vez, sinto vontade de beber. As pessoas diziam que o álcool nos ajudava a esquecer os problemas ou nos dava coragem para enfrentalos. E eu, mais do que nunca, precisava disso agora.
Abro a garrafa e tomo um gole generoso da bebida com gosto, até então, desconhecido. Como fogo, a bebida desce queimando e rasgando a minha garganta. Devo ter feito inúmeras caretas impagáveis, mas não me importava. O gosto amargo e forte já não me inomodava mais, depois do terceiro gole o sabor da bebida parecia ter mudado para um adocicado. Será que eu já estou ficando bêbado?
— Não está um pouco cedo para encher a cara? Nem sabia que você bebia — a voz rouca de Jorge me pega de surpresa.
— Eu precisava fazer isso ao menos uma vez. — Respondo
— Eu te entendo, amigo. Mas beber sozinho não é divertido, posso tomar um gole? — Jorge pergunta.
— Claro!— entrego a garrafa — Fique a vontade.
— Você escolheu um péssimo whisky — Ele toma um gole generoso — O mesmo gosto horrível de sempre. Na próxima eu escolho a bebida.
— Olha, por mim eu nunca mais repito, essa droga tem um gosto horrível e está me dando dor de cabeça. — Resmungo ao esfregar a testa, onde senti um leve incômodo.
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O Dia Z: O Prelúdio Do Fim
HorrorO dia Z, o dia em que o fim começou. Nick vê diante dos seus olhos o mundo desmoronar rapidamente, sucubindo a uma epidemia mortal. Longe de sua família, terá que lutar para sobreviver ao ataque das hordas de mortos-vivos, deixando estes registros d...