Capítulo 16

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Dia 27

Não era quem eu esperava encontrar vivo ainda, mas eu não podia virar as costas e os abandonar ali para serem devorados. Eu não era este tipo de pessoa, ainda sou humano. Grito para Jorge parar a picape o mais rápido possível. Antes de descer, verifico a pistola que peguei do "guarda zumbi". Ainda tinha munição.

– O que acha que está fazendo? – Lukas pergunta me segurando pelo braço.

– Você não precisa vir se é isso que quer, mas eu não vou deixar ninguém morrer na minha frente. Eu não vou sacrificar o que sobrou da minha humanidade.

Pego meu machado, coloco a pistola no coldre e vou para cima dos mortos-vivos. O resumo da situação: uma garota presa dentro de um carro velho cercado de mortos-vivos, dois manés e Luiz no teto do carro gritando com os zumbis. Uma cena engraçada de se ver de certa forma. Ao notar o barulho de nosso carro, alguns dos mortos-vivos avançavam em nossa direção. O primeiro deles era um velho de estatura média, sem a parte de cima de suas vestes e com o ombro dilacerado. Exibia músculos e ossos em uma ferida gigantesca que se estendia do ombro até sua cintura. O sangue seco cobria seu corpo e um odor insuportável começava a exalar cada vez mais daquelas coisas. Igual aos demais, sua face era repleta de veias estouradas e seus olhos sem vida eram brancos como o leite.

Acerto um golpe lateral em sua cabeça que faz o corpo do velho zumbi ser arremessado para o lado. Parece que descobri um modo de não deixar o machado preso neles. O próximo era uma mulher negra com seus braços destruídos e um buraco próximo ao estômago. A golpeio da mesma forma que o outro zumbi, ela cambaleia um pouco, mas se matem de pé. Acerto outro golpe que faz o sangue espirrar e ela cai no chão com parte de seu crânio partido.

Aquela rua era apertada, uma única entrada e saída além da bifurcação pela qual entramos. Antes do dia Z, este era um bairro residencial como qualquer outro, mal cuidado, casas simples. Agora, mais do que nunca, este lugar tinha o chão repleto de lixo. Seria um problema demorar demais aqui parados, se muitos deles se reunirem ficaremos presos.

Havia derrubado dois deles, mas ainda tinha muitos e outros já se aproximavam rapidamente. Dessa vez dois deles vinham de uma única vez, e os demais começavam a me atacar todos juntos. Mais que droga! Golpeio o primeiro e dou alguns passos para trás, contudo outro morto-vivo vinha da rua pela qual entramos. Lukas vem em minha ajuda e cuida do outro zumbi atrás de mim. Saio tomando distância e tentando me livrar dos zumbis sem usar a pistola. Eles são muitos, não sei se vou conseguir. Ouço o barulho de vidro quebrando.

A janela do carro, no qual a garota estava presa, se estilhaçou com os socos dos zumbis. Ela gritava desesperadamente por ajuda. Se não fizéssemos algo rápido, seria devorada na nossa frente.

– SOCORRO!!! LUÍZ ME AJUDA.

-– Mais que merda. – Saco a pistola.

Disparo contra os dois na minha frente e seus corpos despencam sem vida. O barulho dos disparos iriam atrair centenas de mortos-vivos rapidamente, precisava acabar com isso logo. A garota gritava sem parar e as criaturas esticavam seus braços pela janela. Luiz observava tudo atônito, seus companheiros choravam como crianças em desespero. Ainda tinha mais oito deles próximo ao carro. Nervoso com os gritos, saio atirando feito um louco, erro varias vezes, outros atingem apenas o peito das criaturas. Havia derrubado cinco... seis... sete, faltava apenas um, mas aquele maldito click veio. Era o som do estalo que sinalizava que minha munição tinha acabado. Lukas ainda lutava contra mais um zumbi que vinha pela outra rua. Pego o machado largado no chão e avanço para cima do último zumbi. O puxo para fora do carro, ele conseguiu entrar, e o arremesso contra o chão e desfiro vários golpes de machado em sua face monstruosa, até que os pedaços de ossos e sangue se espalham pelo pavimento da rua.

O Dia Z: O Prelúdio Do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora