Capítulo 22

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Dia 29 - Noite

O crepitar da fogueira que trêmulava suas chamas iluminando a noite escura, era o único som que chegava aos meus ouvidos.

Imóveis, em silêncio e cabisbaixo, nenhum de nós se atrevia a olhar nos olhos uns dos outros. Nosso plano fora um fracasso. O peso da derrota pesava sobre os meus ombros como uma imensa montanha de rocha sólida.

O frio se intensificava cada vez mais conforme a noite avançava. A lua escondida entre as densas nuvens não nos agraciava com sua presença e nos deixava no mais completo breu sob a constante ameaça de um ataque surpresa de uma horda de zumbis.

Indefesos, abatidos e sem um plano para seguir, estávamos a própria sorte mais uma vez. Contudo, os mortos não eram a nossa única ameaça ou medo agora. Amargamente aprendemos que confiar em alguem neste novo mundo pode ser extremamente perigoso, na pior das hipóteses, fatal.

As chamas alaranjadas da pequena fogueira ameaçaram se apagar. Jorge tenta reviver as chamas daquela que era nossa única fonte de calor contra o frio. Aos poucos o fogo vai retornando e se intensificando novamente. Embora conhecêssemos o risco de entregar nossa posição para os mortos ou até mesmo os vivos, precisávamos manter ela acesa. Eu trocaria qualquer coisa por minha cama e meus dias confortáveis em minha patética vida antes do dia Z.

Levo a boca a última colherada de milho e ervilhas da lata recém aberta. Essa seria minha única comida pelas próximas horas, dias ou talvez uma última refeição. Com o ataque surpresa daqueles dois perdemos quase tudo. Se não fôssemos devorados pelos mortos, morreriamos de fome se nada fosse feito rápido.

Tento afastar os pensamentos negativos de minha mente, porém, no fundo sabia que este era apenas o começo deste pesadelo. A confiança que tinha adquirido fora estilhaçada em pedaços ao perder tudo tão rápido. O que me confirmava era ter ao meu lado alguns amigos em que ainda posso confiar. Será que realmente posso? Afasto essa dúvida da minha cabeça, eu preciso confiar neles.

Após Alex e Luiz fugirem, tentamos seguir eles, mas não conseguimos. O nosso "novo" carro velho morreu antes mesmo de conseguirmos nos aproximar . Não sabemos para onde foram, nem o que pretendem fazer. Helena só sabia que eles falavam sobre irem em um lugar seguro na cidade, mas não tínhamos a menor chance de voltar lá agora, a distância nem era o nosso maior obstáculo. Entrar lá desarmados seria o mesmo que se jogar em uma cova cheia de leões famintos. Não nos restava mais nada para tentar.

[...]

Dia - 30

O calor escaldante nos castigava severamente. O frio congelante da noite anterior era algo agora desejado por mim.

Caminhando pelo asfalto daquela rodovia deserta, via o horizonte tremer enquanto o rosto era lavado pelo suor que escorria sem parar. Nossa água já estava no fim, se não encontrarmos logo um lugar seguro com comida e água, será o nosso fim.

Helena já começava a passar mal, nos obrigando a parar para descansar. Os mortos-vivos por hora não apareceram, mas seria questão de tempo. Embaixo de uma árvore de tronco expesso, a pouca sombra nos protegia dos violentos raios de sol.

- Como está nosso estoque de água? - pergunto a Lukas que, sentado no chão com seu casaco amarrado a cintura, respira com dificuldade.

- Não vai durar muito. Essas são nossas últimas garrafas. - Ele mostra três garrafas de meio litro.

- Divida uma para todos e avise que em 15 minutos continuaremos em frente.

A região a nossa volta é composta por várias colinas que se estendem aos lados da rodovia. Os terrenos limpos e desmatados davam espaço a plantações ou pastos para o gado. Assim como a nossa cidade, as outras próximas também mantinham sua economia com uma forte contribuição da agricultura. As altas colinas próxima a gente nos aja proporcionava uma visão privilegiada do que encintrariamos a frente, bastava subir o terreno ingrime e escorregadio.

O Dia Z: O Prelúdio Do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora