Capítulo - 24

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Dia 31 - Tarde

A um pouco mais de sete quilômetros da cidade, funcionava um clube de tiro frequentado por amantes do tiro esportivo, apaixonados por armas, militares ou simplesmente curiosos. Alguns anos atrás a propriedade fora adquirida pelo delegado Monteiro. E foi durante esse período que meu irmão me levou para praticar tiro com ele uma vez.

Carlos nunca foi do tipo de policial apaixonado por armas ou que defendesse o uso de armas por civis, mas fazia questão de que eu aprendesse o básico sobre elas para eventuais emergências.

Ele costumava dizer que eu tinha talento para o tiro esportivo e que eu podia ter seguido a carreira de atleta. Nunca levei a sério, mas, no decorrer das últimas semanas, tenho notado que todo o aprendizado e talento está me sendo extremamente útil. Não é fácil acertar a cabeça de um corpo em movimento, balançando de um lado para o outro.

Irei te agradecer por cada hora gasta me ensinando tantas coisas sobre armas quando te encontrar novamente meu irmão.

O carro balança de um lado para o outro pela estrada esburacada. Embora conhecesse muito sobre armas, eu não entendia nada sobre carros. Martíns tentava me ensinar algumas coisas enquanto dirigia em direção ao clube de tiros.

- Basta prestar atenção e saber trocar as marchas na hora certa - sem tirar o olhar da estrada, Martíns explicava sobre o funcionamento do carro - ou o carro vai morrer na estrada, entendeu?

- Acho que sim - tento parecer convincente, mas certeza que minha expressão me denunciava.

- Depois que resgatarmos a Ana eu te ensino tudo sobre carros, eu prometo.

- Obrigado, Martíns!

Entre todos os carros que estavam abandonados no mirante, apenas um foi possível fazer funcionar. Martíns era filho de um mecânico, e com a ajuda de Jorge, que também entende de carros, conseguiram fazer este velho Chevrolet ônix funcionar.

Neste momento estamos na metade do caminho para o clube de tiro. Seguimos, cautelosamente, por estradas de terra desviando das grandes hordas de zumbis que começavam a migrar para fora da cidade.

Antes de sairmos, pegamos o máximo de armas e munições que podíamos. Comida e água o suficiente para uma semana, se fossemos econômicos. Ainda não tínhamos um plano de resgate, iríamos apenas no aproximar e observar. Temo que eles já não estejam mais sozinhos.

A nossa frente outro pequeno grupo de mortos-vivos desgarrados bloqueavam o caminho. Não eram muitos, entre eles a figura de uma criança cambaleante e ensanguentada se destacava. Seus olhos brancos como o leite e pele pálida repleta de veias que estouraram por sua face ornamentavam o que sobrara de seu rosto. Uma de suas bochechas ausentes dava espaço a um buraco vermelho escuro e sua mandíbula exposta que abocanhava o ar. Os grunhidos bizarros daquelas criaturas começavam a aumentar, eles nos viram.

Desço do carro rapidamente com uma das facas militares em mãos, as mesmas que pertenceram a Alex. Lukas aparece ao meu lado com um machado em mãos e Jorge com uma chave de rodas.

A criança zumbi foi a primeira a nos alcançar. Ao se aproximar sinto o odor que exalava atingir fortemente minhas narinas. A cada dia o cheiro ficava mais forte. Sinto o gosto de bile chegar a minha boca, engulo em seco e tento afastar todos os pensamentos ruins que permeavam em minha mente.

Era apenas mais uma criatura como qualquer outra. Chuto o seu peito o fazendo cair de costas no chão e rapidamente cravo a faca em seu olho até atingir o cérebro. Aos poucos ele para de se debater e, por fim, morre definitivamente.

Uma mulher zumbi - aparentava ter uns 50 anos - se aproxima de Lukas esticando seu único braço. Possuía marcas de mordidas nas pernas, pescoço e estômago. Antes que ela se aproximasse demais, Lukas a atinge certeiramente com um golpe de machado em seu crânio. O sangue escorre pela face através do buraco deixado pela densa lâmina do machado.

O Dia Z: O Prelúdio Do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora