Capítulo 5

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Dia 20 - Parte 2

Seguíamos de volta a nossa cidade, o nosso objetivo era voltar para casa e proteger nossas famílias do que estava acontecendo. Sabíamos que a possibilidade de eles não acreditarem em nós era grande, mas não tínhamos outra escolha, precisávamos tentar. Não falei nada aos outros, mas existia a possibilidade de a cidade já ter sido atacada por aquelas criaturas grotescas. Neste momento eu não queria pensar nisso, tentaria relaxar durante a volta, eu preciso de um descanso.

Me perdi em meio aos meus pensamentos tentando absorve todos os últimos acontecimentos. A imagem daquelas criaturas grotescas não saia da minha cabeça, tudo que estava acontecendo lembrava os meus pesadelos das noites anteriores, era muito estranho. Fui desperto do meu transe mental por Ana, seu semblante pesado mostrava uma profunda tristeza. Jorge estava ao seu lado, também estava mal, de início não entendi o motivo deles estarem daquele jeito, mas bastou olhar para o lugar onde Júlia estava para compreender. Á aparência dela era assustadora, sua pele estava em um tom acinzentado e a ferida em seu pescoço estava mais horrível do que antes, deduzi que ela estava morta.

— Eu tentei de tudo para manter ela viva, mas ela não resistiu. — Ana falou. Seus olhos lacrimejavam.

— Não chore, não foi culpa sua, ela já estava condenada desde o início. — não conseguia olhar nos olhos dela ao falar.

— Como assim condenada? — Jorge indagou.

— Essa merda toda é igual aos filmes, depois que você for mordido está condenado a se tornar um deles.

— Não pode ser! Como uma coisa dessas está acontecendo? — Ana estava mais abalada do que antes.

— Eu não sei, simplesmente está acontecendo, mas sinto como se já tivesse passado por isso antes, é estranho. — minha cabeça doía.

— Só pode ser brincadeira. — Jorge disse.

Não tínhamos ideia do que fazer com o corpo de Júlia, largá-la na beira do asfalto e deixa-la se transformar parecia ser algo cruel demais. Depois de um tempo debatendo em conjunto com os outros, decidimos que nós iriamos fazer o mais correto, esmagar sua cabeça e impedi-la de voltar.

Jorge a levou em seus braços para fora do ônibus, eu iria acompanhá-lo. Tentei convencer Ana a ficar, mas ela era muito teimosa e não aceitou, queria estar ao lado de sua amiga até o último momento. Os outros, ainda em choque, ficaram no ônibus, a maioria deles ainda não assimilaram o que estava acontecendo.

Próximo aquele trecho da rodovia existia um pequeno campo aberto com uma grama fina e rala, sempre achei aquele lugar fascinante, provavelmente aquele lugar servia de pastagem para os animais. Jorge repousou o corpo de Júlia sobre a grama e se afastou um pouco. Ana me abraçou fortemente, ela tentava segurar as lagrimas, mas não conseguiu. Jorge pegou o extintor que tinha nos salvado antes. Eu o trouxe comigo, era a nossa única arma. Antes de desferimos o golpe que acabaria com essa situação, fomos surpreendidos por uma voz:

— Oi! Desculpa... é que... eu tenho algo que eu queria mostrar a vocês. — era o Alex, um garoto de apenas 15 anos, ele estava matriculado em um cursinho e por isso viajava com a gente.

— Oi Alex, o que você gostaria de nos mostrar? — Tentei ser o mais simpático o possível, não queria assustar o garoto.

— Isto! Sei que tudo que você está fazendo é para nos manter vivos, então achei que você talvez precisasse disso. Pode ser de grande ajuda. — ele me entrega uma caixa de madeira, era bem pesada.

— O que é isto Alex? — perguntei.

— Ela vai ajudar na nossa segurança.

Não consegui entender o que ele quis dizer, então abri a caixa. Dentro dela encontrava-se uma faca militar e uma pistola, conhecia aquele modelo, era uma pistola Taurus 9 mm semiautomática, militares do exército costumam utilizar esse modelo em combate. Fiquei surpreso com o conteúdo da caixa, além da arma tinha duas caixas de munição ainda lacradas. Onde o Alex encontrou isso?

O Dia Z: O Prelúdio Do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora