Capítulo 7

81 29 63
                                    

Dia 21

Acordo completamente confuso. Levei um tempo para que eu lembrasse onde estava e de tudo que tinha acontecido na noite passada. Torcia para que tudo não passasse de um pesadelo ou de uma peça pregada pela minha mente. Mas eu sentia que tudo tinha sido real. Bastou olhar pela janela do ônibus para confirmar. Colunas de fumaça ainda se erguiam pelo céu.

Olho o meu celular, ainda sem sinal, ele estava apenas com 20% de bateria. Eram apenas cinco da manhã e os primeiros raios de sol começavam a aparecer. Fazia frio, uma fina neblina cobria o estacionamento do posto de gasolina. Os outros ainda dormiam tranquilamente, sentia um pouco de inveja deles, conseguiam dormi tranquilamente mesmo em uma situação como essa. Eu não dormi muito bem, tive vários pesadelos em minhas poucas horas de sono e despertei algumas vezes com a impressão de ter ouvido gritos. Também estou preocupado com Luiz e os outros, será que eles estão bem?

Observava Ana dormindo serenamente, uma mecha de cabelo cai sobre seu rosto, o que deixava ela com uma aparência ainda mais angelical, sorri ao ver aquela face despreocupada que me ajudará tanto nesta última noite, ela é uma pessoa incrível. Peguei uma garrafa de água em minha mochila, tomei um pouco e guardei o restante. A partir de agora os recursos serão limitados, teremos que economizar ao máximo.

Pego a pistola que que guardará comigo e examino-a com cuidado. Faz um bom tempo que não tenho uma dessas em minhas mãos, sinto uma sensação estranha. Nunca gostei de armas, mas as conheciam muito bem. Penso se terei que conviver com uma arma ao meu lado pelo resto dos meus dias, isso não me agradava nem um pouco.

Ouço um barulho fora do ônibus, um chiado forte, como se algo estivesse sendo arrastando e o som vai se multiplicando aos poucos. O barulho vai ficando mais próximo e mais alto, me aproximo da janela e sou surpreendido com o que vejo. Centenas daquelas criaturas andam desordenadas por entre o estacionamento. Sinto um frio no estômago, consequência do medo que congela a minha espinha.

Penso em acordar os outros, mas mudo de ideia rapidamente. Talvez permanecer quieto e esperar eles irem embora seja a melhor coisa a se fazer. Me abaixo e fico ouvindo o maldito som arrastado da caminhada dos mortos. Meu coração dispara, o medo me consome por completo.

Alguns minutos depois o barulho começou a sessar. Cautelosamente me ergo e verifico a situação, o perigo ainda estava longe de acabar, eles estavam inertes, parados a espera de sua presa. A situação estava ficando mais complicada do que eu imaginava. Uma gota de suor escorria pelo meu rosto, Lukas acorda bocejando, rapidamente impeço que ele faça mais barulho tapando sua boca. Pela minha expressão ele intende o risco. Mostro a ele o que está acontecendo e ele fica tão nervoso quanto eu.

O barulho do andar arrastado daquelas criaturas continua. Um alarme de carro dispara, provavelmente um deles esbarrou em algum carro disparando o alarme, Jorge e Ana despertam com a barulheira. O barulho do andar arrastado das criaturas lá fora se intensifica em direção ao som do alarme. Ouço grunhidos bizarros, aquele som estridente me arrepia. Ainda não consigo acreditar que o mundo ficou insano em tão pouco tempo, que mortos caminham lá fora e atacam os vivos.

Ergo-me mais uma vez e verifico o que está acontecendo lá fora, o estacionamento está quase livre, quase todos os zumbis haviam ido embora. Se agirmos rápido, não teremos problemas em sair daqui.

- Essa é nossa chance, vamos acordar os outros. - falei para Lukas e ele apenas acenou em concordância.

Cuidadosamente acordamos os outros e explicamos o que estava acontecendo, o nosso próximo passo seria sair de lá. O silêncio neste momento será o nosso maior aliado. O alarme do carro ainda fazia muito barulho, aproveitaríamos essa distração e sairíamos o mais rápido possível.

O Dia Z: O Prelúdio Do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora