5. O desaparecimento da magia

189 27 59
                                    

 Ochako mal acordou e já recebeu uma bronca de Bakugou, que falava para ela se apressar e levantar logo. O grupo já estava de saída. Após pegarem suas coisas, todos subiram nos cavalos e seguiram viagem. Ochako dividia a montaria com Mina, e durante a viagem a rosada conversava com ela, sem se importar com a carranca do loiro que cavalgava mais a frente.

— Então, Ochako, você é feérica, não é? — Mina perguntou. — Já ouvimos falar do seu povo em nossas viagens. Mas as pessoas não falam bem de vocês, então não tínhamos uma impressão muito boa até agora.

— Sempre achei que feéricos tinham chifres, orelhas pontudas e patas de bode. — Kirishima falou sem pensar, e só depois de dizer aquilo é que viu que não a agradou muito. — Quero dizer… foi o que ouvimos.

— Feérico é um termo mais abrangente. Somos diversos povos que temos costumes em comum. Eu sou do povo dos druidas.

— E vocês falam a língua comum? Achei que tivessem seu próprio idioma. — Mina a questionou novamente.

— É um idioma muito antigo. Só os povos mais antigos que usam com frequência. No meu povoado usávamos apenas em cerimônias. — Disse meio triste ao lembrar de sua aldeia.

— Desculpe se tocamos em um assunto delicado. Talvez eu devesse parar de fazer tantas perguntas. — Mina se calou e voltou a olhar para frente.

— Está tudo bem, você não teve culpa. Somos um povo esquecido e apagado da história. É normal ter tantas perguntas sobre nós.

— Não teriam esse problema se soubessem se defender. — Bakugou falou pela primeira vez desde que partiram, chamando a atenção dos três. — É revidando que se conquista o respeito do inimigo. Vão continuar nessa situação se não reagirem e só se esconderem no meio da floresta.

Ochako não respondeu, apenas abaixou a cabeça, triste. Aquele draconiano podia ser grosso e arrogante, mas até que estava certo nesse ponto. Ochako só queria ser valente e destemida quanto os domadores de dragões.

— Não diga isso, Bakugou. Você nem sabe se é do feitio deles guerrear. — Kirishima o repreendeu.

— Realmente não é. E por isso foi tão fácil nos aniquilar. — Ochako respondeu baixo, mas num tom que todos puderam ouvir.

Mina lançou um olhar de reprovação para Bakugou, que decidiu não falar mais nada, e voltou seu olhar para frente. Era visível que ela estava triste pelo ocorrido. Decidiram então não tocar mais nesse assunto. O resto da viagem seguiu em silêncio. Cavalgaram por muitas horas até que começou a escurecer novamente. Eles então pararam para descansar. Estavam em uma clareira na floresta. Estavam próximos da divisa entre as terras pluviais e a região do vale.

Mina havia saído com Kirishima para caçarem algo para comerem, deixando Ochako sozinha com Bakugou. A garota amarrou a sela dos cavalos à árvore, enquanto lhes dava algumas frutinhas e lhes fazia carinho. Bakugou juntou um punhado de madeira que havia ali por perto e acendeu a fogueira. Ele pega o ovo de dragão e se senta perto do fogo. Ochako notou que seu olhar era de preocupação. Ele segurava o ovo contra o fogo, provavelmente tentando ver dentro dele. Ochako se aproximou de onde ele estava, tentando ver também. O loiro apresentou uma expressão de frustração, colocando o ovo no chão.

— Não tem nada no ovo, se é isso que quer saber. — Ele falou antes que ela pudesse perguntar. — Como sempre! — Disse mais uma vez, frustrado.

— O que exatamente está acontecendo com os dragões? — Ela perguntou.

— Estão desaparecendo. Estão morrendo mais cedo do que o esperado e não estão botando ovos com muita frequência. Nem me lembro da última vez em que vi um ovo sendo chocado.

Burn Onde histórias criam vida. Descubra agora