31. Fogo e sangue

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 Já fazia horas que Bakugou havia se fechado em seu quarto. Logo após receberem a triste notícia que sua vila foi invadida e a grande maioria dos draconianos de lá foram mortos, eles fizeram uma breve reunião onde planejaram sua vingança, tendo como primeiro alvo o lorde de Vila Verde. E depois dessa reunião, o loiro não falou com mais ninguém, se isolando no quarto. Todos decidiram respeitar seu momento de luto, já que seus pais haviam sido mortos junto dos outros, porém já fazia muito tempo que estava lá, não saindo nem mesmo para jantar. Preocupada com seu estado, Ochako decidiu levar o jantar até ele.

Com uma tigela de ensopado nas mãos, ela bateu na porta, não obtendo resposta. Empurrou a porta devagar e viu o loiro sentado sobre a mesa do quarto enquanto afiava sua espada. Bakugou tinha uma expressão séria no rosto. Parecia querer esconder sua tristeza enquanto focava em sua vingança. Estava tão absorto em seus pensamentos que só notou a presença da feérica quando ela se aproximou, colocando o ensopado na mesa. Bakugou parou de afiar a espada, voltando seu olhar para a tigela.

— Não estou com fome. — Falou em um tom de voz baixo e apático.

— Você não comeu nada desde de manhã. Coma ao menos um pouco. — Ochako tocou de leve em seus ombros.

Nem mesmo as doces palavras de Ochako eram capazes de confortá-lo naquele momento. Bakugou sentia-se frustrado e triste, e seu interior era tomado por uma grande angústia. Ele rapidamente se levantou, caminhando para longe dela. Não havia chorado nem um pouco desde que recebeu a notícia. Sua mente estava mais ocupada imaginando as mais diversas e cruéis maneiras de como mataria o lorde de Vila Verde. Seus sentimentos se acumulavam todos dentro de si, só esperando pela hora em que ele os colocaria todos para fora.

— Bakugou... — Ochako se aproximou dele devagar.

— Eu devia ter voltado para lá o quanto antes. Se ao menos eu estivesse lá... — O loiro falava com certa dificuldade devido a sua voz trêmula. Tentava ao máximo segurar o choro. — Eu nem pude vê-los antes de... — Ele cerrou os punhos, controlando-se para não desmoronar na frente dela.

Ochako entendia muito bem sua dor naquele momento. Mesmo depois de quase um ano, ela ainda se lembrava nitidamente do dia em que sua vila foi atacada e seus pais foram mortos. A imagem de sua mãe morrendo bem diante de seus olhos a assombrava até os dias de hoje. Ela certamente podia imaginar o quão fraco e ipotente Bakugou se sentia por não ter sido capaz de proteger seus pais e seu povo. Aquela era, sem sombra de dúvidas, a pior dor que alguém poderia sentir.

Ochako também sabia que nada do que dissesse seria capaz de consolá-lo. O máximo que poderia fazer era ficar ao seu lado nesse momento difícil. Ela o apoiaria, e iria com ele para onde quer que fosse. Mesmo que não fosse a intenção inicial do loiro no momento em que se conheceram, Bakugou a acolheu quando ela precisou, e a defendeu nos momentos de perigo. E por isso, Ochako faria o mesmo por ele.

A feérica se aproximou, tocando gentilmente em seu rosto. Bakugou então não conseguiu mais se segurar, e se deixou desabar na frente de Ochako. A abraçou forte, afundando seu rosto no ombro dela enquanto chorava alto. A feérica nada disse, apenas deixando-o chorar até quando não lhe restasse mais lágrimas. A pedido de Ochako, Bakugou enfim comeu um pouco, e logo depois foi tentar dormir.

E assim como planejaram, na manhã seguinte os draconianos subiram em seus dragões e foram rumo à vila na Cordilheira do Dragão. E depois de longas horas de voo, chegaram e presenciaram o terrível cenário do pós guerra. Várias pessoas mortas pelos ferimentos da batalha, e dragões com grandes dardos atravessados pelo corpo, e algumas das balistas já inutilizáveis deixadas para trás.

— Eles vieram bem preparados. — Mina disse, analisando um dos dardos.

— Com certeza. Desenvolveram balistas próprias para matar dragões. — Bakugou respondeu. Ele nunca havia visto dardos de balista tão grandes como aqueles. — Há quanto tempo estavam planejando esse ataque?

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