13. Aliança

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Os três andavam pelo vilarejo, indo de encontro ao Tetsutetsu. Bakugou se perguntava o que poderia ser, torcendo para que não fosse nada além do comércio de metal que tinha com o reino de Newydd. Ochako estava curiosa para saber também, aquilo era nítido. Por muito tempo de sua vida, a garota apenas ouvia falar sobre o que tinha ao norte da cordilheira do Dragão, sobre os reinos do norte. Apenas sabia que eram reinos independentes, e que fazia frio a maior parte do ano.
Mais a frente, puderam avistar Tetsutetsu jogando comida para seu dragão. A cor prateada e os tons metálicos nas escamas do animal chamou a atenção de Ochako. Era incrível como os dragões podiam ter as mais variadas cores.
- Bakugou! Irmão de outra mãe, sangue do meu sangue. Que saudade! - O platinado o abraçou bem forte depois de tanto tempo ajudando a cuidar de outra vila na cordilheira, na parte costeira do continente.
- Já chega! Pode me soltar. - Bakugou desfez o abraço, impaciente com tanto grude. - Você disse que recebeu um recado do reino de Newydd, certo?
- Sim. Eu recebi isso há alguns dias atrás. - Tetsutetsu entregou um envelope com um selo de um homem com cabeça de cervo. O selo da família real de Newydd.
Bakugou abriu o envelope, lendo o conteúdo da carta. Ochako, que estava logo atrás do loiro, tentava ler de forma discreta. O texto estava todo escrito no idioma dos draconianos, mas já era possível compreender algumas coisas. Leu algo sobre alianças, assuntos importantes a serem tratados, e o que mais a chamou a atenção, um casamento.
- Sobre o que é? - Mina perguntou, curiosa.
- O rei Ojiro está nos convidando para o casamento dele para tratarmos sobre nossa aliança. - Bakugou deu uma pausa na leitura, suspirando enquanto revirava os olhos, aparentemente aborrecido. - Mais uma vez estão tendo problemas com o reino de Strigland.
- De novo? Pelos deuses! Quem é que aguenta essa gente? - Kirishima também parecia irritado.
- Strigland é um dos reinos do norte também? - Ochako, que até então só observava, perguntou.
- Eles só vivem de saquear e invadir. Já tivemos problemas com eles também. - Mina também demonstrou sua insatisfação.
- E quem é que não vive tendo problemas com eles? - Bakugou amassou o envelope, nervoso. - E agora temos mais isso pra resolver. - Ele andou em direção à sua casa. - O casamento é daqui a alguns dias. Temos que arrumar as coisas. Partiremos amanhã de manhã.
- Iremos pelas estradas das montanhas? - Kirishima o perguntou.
- Daqui até de cavalo demoraria muito, e não chegaríamos para o casamento. - Bakugou virou-se para encará-los. - Iremos em nossos dragões. Já é hora de voltarmos a usá-los novamente. - Mina e Kirishima se entreolharam, sorridentes, indo arrumarem suas coisas para a viagem.
Ochako olhava para os três, agora ocupados, se preparando para partirem. A jovem estava curiosa para conhecer mais sobre o norte, e também, agora que morava com os domadores de dragões, queria poder participar mais de duas rotinas e aprender com isso. Ela corre até Bakugou, o cutucando em seu ombro.
- Eu também posso ir? - Ela o olhou com um sorriso, a fim de convencê-lo.
- Como é? - Bakugou a questionou, arqueando a sobrancelha. - Você não vai querer ir. Vamos tratar de conflitos. Seu povo não gosta de conflitos. - O loiro falou, a deixando para trás.
- Não foi você mesmo quem disse que precisamos revidar para conquistar o respeito do inimigo? - Ochako entrou na frente dele para que ele a ouvisse. - Pois então, eu deveria aprender isso com vocês. - Bakugou não teve como contestar agora que ela usou suas próprias palavras contra ele. - E também... eu quero conhecer novos lugares, assim como vocês.
- E como você vai reviver os ovos se não estiver aqui? - Bakugou a perguntou.
Nesse ponto ele tinha razão. Eles a trouxeram junto exatamente com esse objetivo, no fim das contas. Mas antes que qualquer um dos dois pudessem dizer algo, um burburinho mais adiante chamou a atenção. Algumas pessoas se juntaram perto de um pequeno celeiro, onde algo parecia estar acontecendo. Ambos olharam, curiosos. Foi então que alguém ali no meio revelou:
- OVOS! MEU DRAGÃO BOTOU OVOS! - Uma mulher gritou de felicidade para que todos pudessem ouvir.
Bakugou e Ochako correram para lá, assim como todos do vilarejo. O dragão estava perto de um amontoado de feno, onde o mesmo havia botado três ovos.
- Eles estão quentes. Quer dizer que estão vivos. - Mitsuki tocou nos ovos, checando a temperatura. Todos se chocaram com a notícia. - Seu dragão não botava ovos há décadas, não é? - A mulher confirmou. Todos então direcionaram o olhar para Ochako. - Você, de algum jeito, deve ter feito os dragões adultos botarem ovos novamente. E ovos com vida.
- Bem... pode ter sido a magia da eclosão dos ovos. Eu realmente não sei. - Ochako riu, coçando a cabeça, sem jeito.
- Seja o que for, você trouxe vida de volta a esse vilarejo.
A feérica sorriu tímida com os elogios que todos faziam. Estava feliz em ver que melhorou ainda mais o dia de todos ali.
- Você conseguiu de novo. - Bakugou falou ao lado dela. Ele não esboçava um grande sorriso como os outros, mas também não parecia mais irritado como antes. - Como pretende me surpreender da próxima vez?
- Se me deixar ir, eu posso tentar descobrir. - Ela insistiu mais uma vez.
Dessa vez o loiro sorria, vendo que já não tinha mais jeito. Ela havia cumprido sua missão ali, e talvez pudesse ser útil para resolver outros problemas. Ochako olhou de forma esperançosa para o draconiano.
- Você não vai me deixar em paz se eu negar, então tudo bem. Você vem com a gente. - O loiro falou antes de voltar a seus afazeres.
Ochako comemorou, animada para viajar. Ela o seguiu para arrumar suas coisas também.
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Havia se passado uma semana desde todo o incidente causado pelo padre Giran e o ex membro do conselho Wolfram. Shoto havia visitado Hawks na enfermaria para se desculpar com ele. Sentiu-se envergonhado por ter mandado prendê-lo injustamente. Felizmente, tanto Hawks quanto Fuyumi o desculparam, já que aquele mal entendido havia sido resolvido.
Havia se passado também, um dia desde o tão esperado casamento entre o jovem rei Shoto com a Lady de Garden Wall, e agora rainha, Momo. A cerimônia havia sido na catedral da cidade, com convidados vindos de todo lugar do reino de Elandria. Ambos passaram todo o casório tentando mascarar o nervosismo que sentiam com todos os olhares nos dois. Sentiram-se um pouco melhor quando a cerimônia acabou e puderam se dispersar pela festa. Momo pôde ficar na companhia de Kendo e de sua família, enquanto Shoto fez o mesmo, conversando com sua irmã sobre como Hawks estava, ou então com Midoriya sobre qualquer outro assunto.
Na manhã após o casamento, Kendo já estava sentada à mesa para o café da manhã. Estavam todos muito animados no castelo, pois naquele mesmo dia teria o torneio para celebrar a união de ambos. A jovem lady tomava seu café, animada para a hora de assistir ao torneio, quando ouviu duas criadas conversando perto da mesa de sobremesas. O assunto lhe chamou a atenção, pois se tratava do novo casal de rei e rainha.
- Sabia que eu fui trocar os lençóis dos aposentos deles? - Uma falava para a outra.
- Sério? E então? - A outra pediu para que prosseguisse.
- Sério! Quando fui trocar os lençóis, adivinha... estavam limpos. Sem nenhuma mancha de sangue. - A criada parecia surpresa com a revelação. - Ou seja, de duas, uma. Ou eles não consumaram o casamento, ou então ela não era virgem. - Ela falou, se referindo à Momo. As duas riram, o que fez com que Kendo ficasse ainda mais irritada.
- Não deviam falar o que não é da conta de vocês. - Ao ouvirem a voz de Kendo, elas cessaram as risadas, olhando para a lady que parecia furiosa.
- S-sinto muito, milady! Não era nossa intenção. - Ambas se desculparam, sem graça.
- Que isso não se repita, ou então suas majestades ficarão sabendo. Entendido? - Elas confirmaram, se desculpando mais uma vez e voltando para o trabalho.
Kendo suspirou. Queria saber como Momo estava, pois sabia que não era da vontade dela se casar. Queria confortá-la de alguma forma se ela estivesse se sentindo mal. Ficou mais aliviada ao finalmente vê-la chegar. A ruiva sorriu, acenando para ela.
- E então, como você está? - Kendo perguntou, segurando em sua mão.
- Me sinto bem, eu acho. Só é estranho pensar que agora estou casada e sou rainha.
- E quanto à... noite de núpcias? - A Lady estava um pouco hesitante em perguntar.
- Está tudo bem, não houve nada. Não sei nem como poderia acontecer, não conseguimos nem olhar um na cara do outro ontem. - Sentiu-se enjoada só de imaginar. - Apenas nos viramos um para cada lado e dormimos. Foi até melhor do que eu imaginei que seria. - A jovem rainha parecia aliviada por sua falta de vontade ser correspondida pelo rei.
- Fico feliz que esteja bem. - Kendo sorriu, segurando em sua mão.
- Eu vou ficar bem, não se preocupe. - Momo correspondeu ao aperto de mão, sorrindo de volta. - E além do mais, não pretendemos ficar no mesmo quarto por muito tempo. Assim que toda essa euforia do casamento passar, eu voltarei ao meu quarto antigo. Desse jeito vai ser melhor para nós dois.
- Isso é ótimo! Que bom que se entenderam e concordaram um com o outro.
Ambas riram, aliviadas e felizes. Shoto parecia não ter interesse nela, assim como ela não tinha por ele. Aquilo seria um casamento apenas por política e nada mais, e desse jeito era melhor para ambos. Elas comeram o restante da refeição antes de se arrumarem para o torneio que seria em algumas horas.

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