23. A Resistência Feérica

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 Assim que terminaram de queimar todos os mapas das aldeias feéricas, Mirio e Hawks desceram as escadas, discretamente. Agradeceram pelo bispo e seus padres não terem chegado ainda. Saíram da catedral, aliviados por não terem sido pegos.

— Eu agradeço por não ter me entregado, senhor Hawks! — Mirio falou assim que pisaram fora da catedral. — Mas... por que me ajudou?

— Não fiz isso por você, se é o que quer saber. Acontece que, aparentemente, temos o mesmo objetivo que é ajudar os feéricos. É esse o seu objetivo também, não é? — Ele perguntou ao cavaleiro.

— Claro! Inclusive eu estava procurando algo para um feérico antes de achar aqueles mapas. Ele me disse que a igreja roubou um cajado que pertencia ao povo dele.

— Não vai achá-lo aqui, acredite. Eu tenho procurado por ele desde que o bispo chegou à capital.

— O senhor também tem algum envolvimento com os feéricos? — Mirio o perguntou, curioso.

— Pode-se dizer que sim. Mas eu não tenho dado notícias a eles desde aquele incidente com a rainha em que eu fui incriminado injustamente. Muita coisa aconteceu, e ainda assim eu não encontrei o cajado. — Hawks suspirou. Mirio pôde notar seu sentimento de frustração. — Você diz querer ajudar também, não é? — Ele encarou o cavaleiro. — Talvez seja hora de conhecer a Resistência.

No dia seguinte, logo depois de seu horário de patrulha, Mirio foi até o local na floresta onde ele e Hawks combinaram de se encontrar. Um pouco depois das trilhas de caça, perto de um riacho, ele avistou uma pequena carroça de um comerciante de tecido. Naquele momento, uma carruagem do castelo havia chegado. Mirio se aproximou, vendo Hawks sair de dentro dela, junto de Mirko. Assim como o loiro, ela também pareceu surpresa ao vê-lo.

— O que ele faz aqui? — Mirko virou-se para Hawks.

— Não se preocupe. Ele está do nosso lado. — O lorde respondeu. — Você certamente conhece a Mirko, não é? — Ele perguntou ao outro cavaleiro.

— Não tem como não conhecê-la. Afinal, foi ela que ganhou o torneio. — Mirio parecia animado em poder trabalhar ao lado de Mirko. — Devo dizer que me senti vingado quando você derrotou o Kiba no combate com espadas. — A cavaleira riu ao se lembrar daquele dia do torneio.

— Boa tarde, Shoji. Como vai? — Hawks se aproximou do cocheiro da carroça.

— Há quanto tempo, Hawks. Estávamos todos preocupados. — Ele respondeu. Mirio notou que Shoji usava uma capa grande, supondo ser para esconder alguma característica de sua espécie feérica.

— Sabe como é. Já estava na época delas aparecerem novamente. — Hawks respondeu, apontando para suas costas. — Vamos logo, ainda estamos perto das trilhas de caça. Alguém pode nos ver se continuarmos aqui.

Eles obedeceram Hawks, entrando na carroça. Lá dentro já havia alguém. Uma garota que parecia triste, encolhida no canto e coberta por um dos tecidos. Mirio olhou para ela, curioso para saber o que aconteceu, porém receoso em perguntar.

— Você resgatou essa aqui também, Shoji? — Mirko perguntou a ele, se referindo à garota.

— Sim. É uma do povo das águas. Ela disse ter perdido a família em um ataque alguns dias atrás. Por sorte eu consegui encontrá-la antes dos paladinos.

— Olá! — A cavaleira se aproximou da garota. — Eu me chamo Mirko. Qual o seu nome?

— Tsuyu. — Ela respondeu.

— Sabe, eu entendo como você se sente, Tsuyu. Eu também perdi minha família por causa dos paladinos. Mas nós vamos superar isso, todos juntos. Como uma grande família. — Mirko falou enquanto segurava em sua mão. Tsuyu sorriu fraco, sentindo-se mais segura.

Mirio olhava toda aquela cena, e era impossível não se emocionar. Vendo a realidade dos feéricos mais de perto dessa vez, ele tinha ainda mais certeza de que estava fazendo a coisa certa, e que não se arrependeria de forma alguma.

Depois de algumas horas dentro da carroça, eles finalmente haviam chegado. Bem no meio daquela densa floresta onde estavam, havia uma entrada para uma caverna que era coberta por algumas plantas. Nas árvores ao redor havia aquele mesmo símbolo que Mirio viu no dia anterior. O símbolo representava a resistência dos feéricos, e servia para guiá-los até aquele esconderijo. Shoji os guiou para dentro. O interior da caverna era estreito e longo.

Passando pelo longo corredor de pedra, eles então chegaram ao que era o esconderijo dos feéricos. O local era bem amplo e iluminado devido ao teto da caverna ser aberto. Haviam várias passagens que levavam a outros lugares, o que servia também como saídas de emergência. Mirio olhava para todas aquelas espécies de feéricos com fascínio nos olhos. Alguns deles possuíam asas como as de um pássaro, outros possuíam chifres, orelhas pontudas, pernas de bode, entre outras características diversas.

— Seja bem-vindo à Resistência! — Hawks falou para Mirio, que estava admirado com o lugar.

— HAWKS! — Uma garota loira correu até ele, o abraçando. — Achamos que estivesse morto.

— Não achamos não. Só você achou isso, Toga. — Hawks reconheceu outro de seus companheiros vindo. O loiro, Jin, se aproximou, desmentindo a amiga. — Ela apostou que você estivesse morto. E inclusive, ela perdeu a aposta. — Ele completou, estendendo a mão para ela. Toga fechou a cara e lhe entregou duas avelãs.

— Ah, muito bom saber que vocês têm apostado avelãs na minha morte. — Hawks riu, desacreditado.

— Só pra saber, eu apostei que você estaria vivo. — Jin falou, guardando suas avelãs no bolso.

— Ei vocês, o que foi que eu disse? Nada de ficar apostando comida! — Outra voz foi ouvida no local, e Hawks também a reconheceu. Todos abriram caminho para o líder da resistência feérica, Dabi. — Há quanto tempo, Hawks. Não nos deu mais notícias. Foram suas asas de novo?

— Foram sim. Quase não consegui tirá-las desta vez, pois estava preso. — Todos olharam para Hawks, espantados. — É uma longa história.

— Entendi. Depois você conta então. — Dabi relevou, virando-se para Mirko dessa vez. — Então você conseguiu! — Ele sorriu ao ver sua armadura.

— Eu disse que conseguiria. Vocês se preocuparam atoa. — Mirko soltou seus cabelos, finalmente libertando suas enormes orelhas que sempre ficavam escondidas e amassadas.

— Eu nunca duvidei. — Ele falou. Logo depois, Dabi desviou seu olhar para Mirio, que até então apenas observava. — Agora podem me explicar por que trouxeram um humano com vocês? — Dabi foi do amor ao ódio rapidamente. Mirio engoliu seco, sentindo-se intimidado.

— Não se preocupe, ele é confiável. Está nos ajudando. — Hawks o apaziguou.

— Está certo! Venham, vamos conversar em um lugar melhor. — Dabi olhou para o cavaleiro, ainda desconfiado.

— Não leve para o pessoal. Ele é desconfiado com todo mundo que não conhece. Especialmente quando esse alguém é humano. — Hawks cochichou para Mirio.

— Tudo bem! Acho que se eu estivesse no lugar dele eu faria a mesma coisa. — Mirio acabou relevando a desconfiança do feérico.

Eles então seguiram o líder da resistência pelo esconderijo.

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