Compras.

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[ Timothée's POV ]

Mesmo totalmente em silêncio e invisível, eu fiquei ao lado dela o dia inteiro no escritório, se bobear, acho que já sei fazer alguns casacos, saias e tal. Juro, ela me explicou tudo.

Logo que ela saiu, fomos direto para seu apartamento.

- E aí, o que achamos? - ela questiona.

- Eu gostei, bobear eu saio fazendo umas roupas novas para a galera do céu. - e novamente, ela ri.

- Gostou mesmo? Achei que ficaria entediado... - Eu nunca ficaria entediado perto dela, nem se ela estivesse jogando sudoku, só de olhar em seus olhos e seu entusiasmo, aquelas horas já estavam pagas para mim.

- Gostei, gostei... Juro. Quem era aquele cara?

- Ah, é o Oliver. Ele é meu companheiro lá do estúdio, um dá opinião para o outro, a gente se ajuda. Aliás, eu dei uma boa risada com aquilo que você fez. - e eu rio de canto, relembrando da cena, e ficando ainda mais feliz ao lembrar da risada dela.

- Foi engraçado, né?

- Foi. Aliás, temos uma missão para hoje. Se quiser continuar vindo aqui, temos que comprar uma roupa para você, sinceramente, essa roupa branca só serve para o céu, pois aqui na Terra, seria mais seguro você se vestir com uma roupa... normal. - ela diz.

- Ei, sem ofender a minha roupa. - brinco.

- Desculpe, mas é para você passar despercebido, como fez na biblioteca, e outra, como conseguiu aquelas roupas?

- Eu meio que, hm, peguei emprestada, mas já devolvi.

- Meu Deus, você roubou.

- Em minha defesa, eu devolvi.

- Vamos, Timothée, iremos as compras.

E aquilo pareceu bom naquele momento. Vamos passear juntos.

- Se eu te der um empurrãozinho no braço é um não, e um toquezinho no rosto, é um sim. Combinado? - eu achei melhor criar um código, para ela entender.

- Combinado. Anda.

E ela subiu na bicicleta. E eu, voando acima dela. E em minutos, chegamos ao shopping. Galeries Lafayette. Que coisa enorme.

O ambiente era cheio de luz, gente, muita roupa, perfume, tinha de tudo. Acho que nunca havia passado por aqui, pois aquilo é era muita informação pra mim. Eu sou um cara mais paisagem natural, não shopping e essas coisas, mas até que era legalzinho, acho. Comecei a segui-la e andar ao lado dela, e ela sabia que eu estava ali, e mais ninguém.

Entramos na primeira loja, na segunda, na terceira, ela estava só começando, segundo ela. Já vi que isso vai ser longo.

Depois de uma certa caminhada, ela viu uma loja que aparentava ser muito estilosa, e que de certa forma, era algo que eu usaria. Então ela acertou em cheio nessa. Via pessoas passando com sorvete, com algodão doce, passando com roupas lindas, saltos enormes ou sapatos de luxo. Via as funcionárias, uniformizadas e gentis. Essa deveria ser a parte ruim da vida humana. Ser transformado nessa máquina em troca de papel.

Analisei as araras enquanto ela puxava coisas das quais achava que eu gostaria.

- Essa? - ela sussurrava. E eu a cutucava no braço. Chique demais para mim.

- Essa então? - outro cutucão no braço. - Poxa, Timothée, que mal gosto. E vi seu sorriso discreto.

- Essa? - observei uma camisa branca lisa em suas mãos. A cutuquei no rosto delicadamente. - FINALMENTE! - e nesse momento, até uma senhora olhou para o lado achando que ela era louca. E eu não contive uma risada.

Angelic.Onde histórias criam vida. Descubra agora