Primeira Noite.

178 19 6
                                    




[Timothée's POV]

Eu estava tonto. Muito tonto. Tudo estava muito estranho naquele momento. Tipo inexplicavelmente estranho. Ar nos meus pulmões. Dor nas costas. Gosto estranho na boca. Areia em minha pele. Cheiro do apartamento de Louise, que aliás era muito bom. Turbilhão de sentimentos? Agora eu sentia as coisas.

Quer dizer então que... eu fui expulso do céu.

Droga.

Será que é definitivo ou temporário?

Se bem que agora eu vou poder entender como isso tudo funciona. A humanidade, eu digo. Era bom... mas era ruim. Eu iria sentir uma falta absurda de meus irmãos. De voar, de ir aonde eu quisesse na hora que eu quisesse. Deu tudo.

Mas é assim que vai ser daqui pra frente, e eu não acho que vai ser difícil assim. Isso nós vamos ver. Parabéns, Timothée, você conseguiu estragar tudo.

Louise estava parada na minha frente, com um salgadinho e um copo de água com açúcar, provavelmente para minha pressão e glicemia.

Mesmo assim, não aceitei. Eu ainda não entendia como meu corpo funcionaria daqui pra frente, e eu queria dar um tempo para entendê-lo primeiro. Levantei lentamente do sofá, eu ainda estava com cheiro de mar e areia nas minhas roupas.

- O que aconteceu comigo? - perguntei.

- Você caiu. Caiu no mar, e Lorran te salvou. Assim que você estava seguro na areia, ele me avisou e fomos te buscar. Você estava deitado, inconsciente, e te trouxemos para cá.

- Certo... Eu posso tomar um banho? Eu estou meio... aqui, coloca a mão. - e peguei sua mão, e finalmente a senti. Sua pele macia e quente, em cima do meu braço nesse momento.

- Grudento. - e ela caiu na risada - Eu entendo, ficamos assim com a água do mar mesmo. Vem, eu vou ligar o chuveiro e te emprestar um pijama meu.

Assim que ela disse isso, ela me puxou pela mão, me encaminhando até seu banheiro. Ela ligou o chuveiro, e testou para ver se a temperatura da água estava boa. Pela cara dela, devia estar. Ela tinha um ar tão acolhedor, não sei. Parece cuidar tão bem das pessoas.

- É o seguinte, você vai se molhar, pegar aquele produto ali chamado shampoo, e o esfregar na cabeça, depois você enxagua. Aí vem com o sabonete e a bucha e limpa seu corpo, e depois enxagua. Acabando, se enrola nessa toalha limpa aqui que está pendurada. Agora ela é sua. Vou pegar seu pijama, espera aí.

Ela saiu e voltou com uma camiseta branca grande e uma calça de moletom larga. Elas cheiravam muito bem.

- Assim que terminar, e estiver vestido, me chama que a gente vê o que falta.

- Certo.

- Então ok, vou fechar a porta, tudo bem? Mas não vou trancá-la pois caso precise de mim, eu consiga te ajudar.

- Obrigada. - agradeci.

- Magina, não precisa agradecer.

- Não, sério, obrigada, de coração.

- Depois conversamos.

Assim que fechou a porta, tirei a roupa, e entrei debaixo do chuveiro.

E QUE SENSAÇÃO INCRÍVEL.

A água quente em atrito com a minha pele, o cheiro do sabonete, o jeito que meus pés escorregavam pelo chão, a espuminha. TOMAR BANHO É MARAVILHOSO. Eu estava chocado com aquilo... era muito bom. Aliás, fiquei bons minutos só sentindo a água escorrer pelas minhas costas, apreciando a sensação. O sabonete tirou toda a areia e me deixou com sensação de limpo. O shampoo. Tudo perfeito.

Angelic.Onde histórias criam vida. Descubra agora