Outra pessoa.

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[Timothée's POV]

O último mês tem sido complicado. Dia após dia, Louise parecia vazia, desmotivada. Ela só saiu para fazer compra, e só. Ela levantava pra comer e tomar banho, de resto ficava vendo TV na cama ou, no máximo, lendo. O único que a fazia rir era o Theo, e de vez em quando ligações de Lily.

E eu a vi todos os dias. Era consideravelmente doloroso vê-la daquele jeito, porém, pelo que vi, ela estava em um processo de se acostumar a uma rotina sem minha presença, e eu estava vendo tudo aquilo.

Por muitas vezes, eu deitei ao lado dela. Deitei em cima de seu peito, para ouvir o meu som favorito do mundo. Ouvia seu coração bater. Via seu semblante tranquila enquanto dormia. Via seu cabelo cair no rosto enquanto ela lia. Via ela abraçar o cachorro carinhosamente, e sorrir quando ele a lambia.

Mas teve um ponto que me incomodou muito.

Quando ela foi cozinhar, um dia desses, ela estava manuseando a faca, e como sempre, estava distraída. Eu estava sentado logo ao lado, e vi que ela ia se cortar acidentalmente. Em um só pulo, tentei empurrar a mão dela, para evitar que aquilo acontecesse. Em vão.

Em vão.

Escutei um resmungo de dor e a vi correr estancar o sangramento em seu dedo.

Aquilo doeu mais em mim do que nela. Eu realmente não tinha mais nenhum tipo de contato com ela, nem se eu quisesse.

Dias se passaram, e eu alternava entre o Everest e o apartamento. Refletia sobre tudo, e sofria acima de tudo. Não conseguia chorar por fora, mas chorava por dentro como nunca antes.

Até que seu trabalho voltou, e eu fiquei feliz por ela ter sua paixão de volta, algo que a fizesse levantar da cama, que a movesse e motivasse acima de tudo. Acompanhei seu caminho até lá, e ela parecia tranquila.

A vi se reinstalar em sua sala, respirando fundo.

Papel pra lá, tecido pra cá.

Oliver. Ah, Oliver, o que é que está fazendo?

Será que ele estava a chamando pra tomar um café, ou ele escondia algo dentro dele com relação a ela?

Não, acho que não...

Será?

[Louise's POV]

Depois do expediente, como prometido, esperei Oliver passar em minha sala para podermos ir para um café próximo. Ele estava sorridente, e eu carregava a flor que ele havia me enviado, provavelmente para me consolar, ao mesmo tempo que andava olhando para ela.

Quando chegamos, me sentei em frente a ele. Oliver era gentil, na verdade, sempre foi, desde o dia que o conheci pela primeira vez em uma feira de moda aqui em Paris. Nós éramos mais novos, e ele tinha um senso estético realmente incrível. Sempre lidou muito bem com paletas de cores e texturas, e acabamos criando uma certa amizade.

Quando fui contratada e o encontrei, por pura coincidência, fiquei feliz de ver um rosto conhecido. Muitas vezes, complementamos o trabalho um do outro mesmo que indiretamente, associando meus cortes e designs com as criações visuais dele. Mas ele sempre fica um pouco sem graça perto de mim, mesmo fazendo alguns anos desde o ocorrido.

Assim que o garçom saiu da mesa, ele começou a falar.

- Lou...

- Diga. - o olhei.

- Posso ver em seus olhos que está triste.

- Não estou tanto assim... Já estive mais.

- Por que não me ligou? Eu sei que não somos próximos, mas eu sou... bem, sou seu amigo, eu acho, e quero te ver bem. Sou ótimo em conselhos também.

- Ah, claro. Me lembrarei disso.

- Tem meu número. Pode me chamar. Aliás, eu também sei cozinhar.

- Sabe fazer o que?

- Bem, sei fazer miojo...

Soltei uma risada sincera pela simplicidade na voz dele, e pela doçura e calma com que ele falava. Ele estava genuinamente preocupado.

- Podemos marcar em minha casa, o que acha?

- Me mande uma mensagem e veremos.

- Certeza que não quer conversar sobre isso?

- Ah... - minha memória então tomou conta de mim.

Comecei a lembrar de alguns momentos. Principalmente em um dia que eu cortei o dedo. Ele realmente não estava mais ali, estava? Se estivesse, teria evitado aquilo. Ele se foi de vez.

Senti meus olhos arderem como bolas de fogo, e lágrimas invasivas faziam questão de se formar. Antes que eu pudesse reagir, Oliver se levantou imediatamente e limpou as lágrimas com um guardanapo da mesa, e logo após isso, envolveu-me em um abraço, como quem consola uma criança chorona. Talvez eu seja... chorona?

Ficamos ali, e fiquei meio envergonhada por ter mais pessoas ao redor vendo aquela cena.

Mas não reagi. Apenas fiquei ali. Eu precisava realmente de um abraço daquele. Meu coração, pela primeira vez desde aquele ocorrido, se aqueceu um pouco por receber um abraço que não seja da Lily ou do Theo.

Foi bom, até.

[Lorran's POV]

Xi, agora eu quero ver.


O LORRAN KKKKKKKK Oi gente, espero que vocês estejam bem! Mais um capítulo pra vcs. Se cuidem, amo vocês :) Até já já.

Angelic.Onde histórias criam vida. Descubra agora