Eiffel.

161 20 2
                                    




[ Timothée's POV ]

Eu sabia que já estava tarde, e que ela já tinha colocado minhas roupas para lavar, tudo pronto pra ela comer e dormir.  Mas eu precisava a levar para uma aventura da qual ela nunca iria se esquecer.

- Venha, suba aqui... - eu falei.

- Subir aonde? - ela questionou. Mostrei a ela meus braços, sem precisar falar uma palavra pra ela entender o que aconteceria ali. - NEM A PAU!

- Anda.

- Não vou. - olhei para ela como se tivesse pedindo algo, eu tinha feito as vontades dela, só hoje ela podia fazer a minha, né?

- Tá, eu vou.

Comemorei internamente, e externei um sorriso de vitória.

- Segura firme, teremos que ser rápidos para não nos verem. Não vão conseguir me ver, mas podem ver você, então vou acelerar, certo?

- Ai meu pai amado, certo. - ela disse com um pouco de medo na voz.

A carreguei no colo e fui para perto da janela. Agora era rezar pra ninguém olhar pra cima bem na hora. Alcei voo, e vi que ela se encolhia, colocando a cabeça em meu peito, e aquele gesto significou muito pra mim, pois sinceramente, eu sabia que ela estava com medo, mas mesmo assim confiava em mim. Sorri de canto, enquanto voava bem alto, a ponto de não enxergarem que aquilo no meu colo era uma pessoa. Fui voando em direção a Torre Eiffel, pois era o monumento mais perto dali. Ela ainda estava perto de mim, não olhando para baixo, acho que ela não era a mais fã de voar.

Aterrissei no ponto mais alto da Torre, era bem alto mesmo, e eu esperava que ela fosse gostar.

- Chegamos. Posso te colocar no chão?

- Tecnicamente não é um chão, mas pode. - ela não perde a piada. Assim que a coloquei ali, ela logo se sentou, com medo de se desequilibrar, mas eu NUNCA deixaria aquilo acontecer. Eu a pegaria antes mesmo que pudesse perceber.

- Gostou? Digo, da vista? - e ela ficou calada, olhando a paisagem que estava bem diante de seus olhos, presumo que estava chocada.

[ Louise's POV ]

Eu estava chocada.

De verdade, eu estava mesmo. O caminho inteiro eu nem quis olhar para baixo, mas sinceramente, aquela estava sendo uma das melhores experiências da minha vida. Paris assim, pequena daqui de cima, e linda, aliás, mais linda do que nunca. E ele. Ah, ele. Ele estava lindo também, e só eu conseguia vê-lo. Era um privilégio indescritível. Ele era, literalmente, um anjo. Preciso dizer mais?

Não consegui expressar tudo o que se passava na minha cabeça naquele momento. Ele nunca entenderia. O quanto eu o adorava, o quanto eu estava amando aquele momento. Nunca iria conseguir imaginar o tamanho disso aqui pra mim.

O olhei, e ele só direcionava seu olhar a mim, nada mais. De uma vista dessas, em uma das cidades mais lindas do mundo, ele só olhava para mim. E aquilo fez meu coração bater mais forte. Deveria estar pulando de alegria.

- É... - minha voz mal saía audível. - É a coisa mais linda que eu já vi.

- Ai que susto, achei que você não tinha gostado.

- O que??? Eu amei. Olha isso Timothée. - e apontei pra vista.

- Ainda bem, de verdade. Sempre que você quiser, Lou. - ele me chamou de "Lou". Eu amo quando me chamam assim. E meu coração continua pulando. E eu respiro mais rapidamente.

Ele não diz mais nada, só estamos ali sentados, admirando a vista. Eu a minha, e ele a dele. A vista dele, no caso, era eu. E eu estava com um pouco de vergonha de ser admirada tão de perto assim.

- Vamos, você precisa comer. - ele parecia um pai falando naquele momento.

- Ah não, vamos ficar mais um pouco.

- Vamos, eu sei que você não comeu. E outra, eu posso te trazer aqui quando quiser, bobear eu posso te levar pra conhecer o mundo inteiro. Mas não hoje pois está tarde, vamos.

Ele me pegou no colo novamente, e voamos até em casa, mas dessa vez, eu abri os olhos. Não para olhar para baixo, mas sim para olhar para ele, o rosto concentrado para acertar o caminho sem ser visto. Ele era lindo até demais.

Quando chegamos, ele, obviamente, me mandou comer, e eu o fiz.

Fiz minha higiene noturna, e logo me deitei. Ele apareceu na porta do quarto. Tomei um leve susto, pois achei que ele já tinha ido embora sem se despedir, mas ele só estava respeitando minha privacidade mesmo. Fofo como sempre.

- Você não vai embora? - perguntei.

- Ainda não.

- Posso perguntar uma coisa? - a vontade foi maior que eu.

- Pode, claro.

- Deita aqui comigo? - ele pareceu surpreso com aquilo. - O que foi? Você não pode? - falei besteira, falei besteira, falei besteira.

- Acho que posso. É que eu já deitei com você um dia quando você estava chorando. Eu acalmei você.

- Meu D... O COBERTOR. FOI VOCÊ? EU DORMI DO NADA.

- É, fui eu. Me desculpa se você ficou desconfortável.

- O que? Aquela foi minha melhor noite de sono! Deita aqui. - e eu abri meu cobertor pra ele entrar embaixo. E surpreendentemente, ele o fez. Se deitou ao meu lado, parecia com vergonha. E eu só o observava.

Ficamos ali, perto um do outro, até que ele me estendeu a mão, e eu a segurei. O silêncio entre nós era confortável, e nós nos olhamos por longos minutos. Um admirando o outro. Eu o achava extremamente interessante por ser um anjo, mas o contrário também era visível. Eu via em seus olhos que ele queria me entender, me analisar, me olhar. Eu sabia o quanto aquela experiência era nova para ambos. E eu queria cada vez mais daquilo. Ele parecia o céu inteiro em forma de gente. Paradisíaco, pacífico, confortante. E lindo. Absolutamente estonteante.

Logo após um tempinho considerável, ele me pediu para eu fechar os olhos, e não abrir de jeito nenhum. Mas sinceramente, eu não queria. Queria poder olhar pra ele a noite inteira. Queria mesmo. Mas mesmo assim, eu finalmente fechei os olhos.

Eu me lembro de sentir uma paz enorme dentro do meu coração. E adormeci.

[ Timothée's POV ]

E depois de colocar minha mão ao redor de seu coração, vi que ela dormiu. Me levantei lentamente e tornei a invisibilidade aos humanos, dessa vez completamente. Fui saindo pela janela.

Logo que eu havia acabado de sair, ainda em frente a sua janela, algo aconteceu.

- Timothée? O que estava fazendo?

Era Lorran.

Angelic.Onde histórias criam vida. Descubra agora