Parte 30

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Meses à fora foram se passando, e a vida do jovem casal fora se complicando um pouco. Matteo e Kayla foram enfim descobrindo coisas que não gostavam um do outro, sendo a aproximação de Kayla com o cunhado Romeu, que apesar de ter dito que voltaria logo, ainda não tinha voltado para a França. Ou as inúmeras e fiéis horas de dedicação que Matteo tem concentrado na empresa, deixando Kayla um pouco de escanteio. As últimas semanas vieram carregadas de algumas pequenas discussões que se estendiam ao longo dos dias, e o combinado que tinham de não dormirem brigados caíra por terra.

Estava tudo um completo caos na relação deles, estava tão exaustivo que Matteo se via querendo ficar mais tempo na empresa do que no apartamento dele onde agora, o casal morava junto.

Para algumas pessoas, morar e trabalhar com o parceiro pode ser o paraíso, e até é por um certo tempo. Mas à medida que o tempo corre, pode se tornar cansativo.

-Achei que fosse esperar amanhecer para chegar em casa. São quase uma da manhã, Matteo! -Reclama Kayla assim que ele cruza a porta de entrada. Ele está visivelmente cansado, a gravata estava frouxa no pescoço, e os fios de cabelos espetados, davam indício de que ele passou as mãos na cabeça inúmeras vezes. Ela, pelo contrário, apesar de ainda não estar na cama, como de costume, estava confortável em seu pijama de bolinhas.

-Tive que resolver umas coisas. -Ele justifica fechando a porta atrás de si.

-Claro, nas últimas semanas você tem tido muito trabalho. -Ela soa irônica.

-Achei que você já estaria na cama. -Ele foge do assunto.

-Eu deveria mesmo. Seu jantar está no microondas. -Ela avisa e sobe para o andar de cima, onde fica o quarto do casal. Kayla sabia que se o assunto continuasse, mais uma briga entraria para a grande lista do mês.

Kayla sabia que ele estava evitando ela, e sabia que ele só fazia isso para não brigar, mas se trancar na empresa ao invés de sentar para conversar a deixava ainda mais irritada.

Cerca de poucos minutos depois, Matteo subira e se trancara no banheiro, onde tomou um banho demorado. Já estava virando rotina. Ele chegava tarde, tomava banho, jantava e se deitava. Poucas palavras eram trocadas entre os dois já que, na maioria das vezes, quando ele chegava, Kayla já tinha pegado no sono.

Ele sai do banheiro sem dizer uma palavra. Ele se veste de pressa e desce para o andar de baixo. Kayla não sabia como deixou que chegassem nesse ponto, não sabia também ao certo como tudo começou. Desde o começo, sua relação com Matteo fora turbulenta, mas de uns tempos para cá, tudo piorara demasiadamente.

Das poucas vezes em que o casal estava junto por vontade própria, e não, por obrigação da empresa ou porque moram juntos, alguma coisa acontecia e rendia mais brigas. Por isso, um acabava evitando o outro. A ultima briga fora a mais feia.

Fora a três dias.

Flash back

-Eu já disse que não há malícia alguma, Romeu me respeita e ele sabe que eu te amo, Matteo! -Kayla dissera aos berros, já havia dito isso mais vezes do que poderia contar.

-Ele está fingindo! É claro que ainda há sentimento, ele vive te convidando para sair! -Acusa Matteo.

-Para conversar, apenas. Você sabe que nos tornamos amigos! -Kayla defende.

-Deu para notar, vocês agora são como unha e carne! -Matteo berra.

-Não exagere, eu apenas converso com ele porque ele não tem mais ninguém. Ele mal conhece as pessoas daqui!

-Não é obrigação sua!

-Eu sei que não é, mas nada me impede de ajudá-lo. Tenha um pouco de consideração pelo seu próprio irmão!

-Eu não vou discutir isso com você, faça o que quiser! -Ele diz batendo a porta, e ela só o vira no dia seguinte.

(...)

Estava difícil suportar viver assim, era fato que Kayla o amava tanto quanto Matteo a amava, era nítido isso tanto quanto era nítido o quanto ambos também estavam esgotados. Mas ninguém falou que seria fácil.

Kayla já estava pegando no sono, quando o namorado enfim voltou para o quarto. Ela viu quando o mesmo entrou no banheiro uma última vez, antes de se deitar ao lado dela. Nenhuma palavra dita, nenhuma troca de carinho, nenhum pedido de desculpas...

Na manhã seguinte de sábado, Kayla fora a primeira a acordar, e ainda era cedo quando a morena despertou. Não havia nada para ser feito ali, ela então se levantou, viu que o relógio marcava 08:30 e fora tomar um banho. Vestiu roupas leves e um tênis, usou também um boné, tomou seu café da manhã e decidiu correr um pouco no parque.

Um par de fone nos ouvidos, quase que no último volume tocava: Deja tus besos de Natti Natasha. Passos acelerados, cabeça erguida e respiração ofegante. Kayla não costumava correr, mal tinha tempo para isso, mas era um hábito que ela poderia se acostumar. A corrida parecia revigorante, apesar de cansativa, e fazia com que ela se sentisse livre como um passarinho.

Fora uma corrida e tanto, quando voltou para casa na companhia de sua garrafinha de água sem gás, se deparou com Matteo já de pé, com o celular em mãos. Ele parecia aliviado em vê-la, seus olhos encheram-se de um brilho... um brilho que ela não teria notado se tivesse piscado fora de hora.


-Eu deixei mensagens. Onde você estava? Eu fiquei preocupado! -Ele diz apressado. 

-Desculpe, o celular estava para vibrar. Não devo ter sentido já que estava correndo no parque. -Ela explica fechando a porta atrás de si.

-Saiu para correr? -Ele arqueia uma das sobrancelhas. A corrida não era mesmo um hábito de Kayla.

-Acordei cedo e fiquei sem ter o que fazer. -Ela justifica.

-Ok. Minha mãe disse que está bom chegarmos por volta de uma hora. -Ele avisa e só então ela se lembra do bendito almoço. Será que é uma boa ir para a casa dos sogros sabendo que provavelmente Romeu estará lá? Muito provavelmente será mais fácil achar motivos para brigas.

Kayla olha rapidamente para o relógio da parede onde os ponteiros marcam 11:10.

-Tudo bem, eu vou tomar um banho. -Ela diz desconectando o cabo do fone que já não tocava nada do celular.

-Eu posso te acompanhar? -Ele pergunta. Kayla sente um formigamento na pelvis assim que nota a malícia em seu tom de voz, eles não transavam há dias, com tantas brigas e discussões, era difícil alguém tentar alguma coisa.

Ela tinha duas opções: negar e continuar firme em sua posição de chateação. Tentar chamar ele para conversar uma outra hora para resolver toda essa situação seria bom.
Ou opção 2: ela jogaria tudo para o ar, fingiria que as brigas nunca de fato aconteceram, e levaria seu namorado para o banheiro onde com toda certeza, eles se amariam de todas as formas possíveis.

-Por que você ainda não tirou a roupa? -Ela o provocara e subira correndo para o quarto. Ele correu atrás dela com um sorriso no rosto logo em seguida.

...

Meu Chefe⚘ -Livro 1 & 2 (FINALIZADA) ✔ Onde histórias criam vida. Descubra agora