Meu Chefe⚘ -Livro 1 & 2 (FINALIZADA) ✔

Parte 34

O domingo sempre passa mais rápido para quem trabalha ou estuda e para a gente não foi diferente, piscamos e já era segunda.

Acordamos bem cedo como de costume, preparamos o café da manhã juntos, comemos, tomamos um banho rápido e partirmos para o trabalho.

O fim de semana havia sido maravilhoso em comparação aos nossos ultimos dias antecedentes a ele. Apesar de termos ficado presos no carro no meio de uma tempestade, agora que já sabemos que ficou tudo bem no fim, fora bem agradável. Eu daria tudo para não estar entrando na empresa agora com ele e o tempo no carro ter durado um pouco mais, foi uma aventura e tanto.

-Vejo você por aí. -Ele diz antes de tomar meus lábios e entrar em sua sala.

-Hei, garota. -Ouço a voz de Emma atrás de mim. Ela não estava em sua mesa. -Fui buscar nosso café, o chefe não está de mau humor, está? -Pergunta com cautela, me entregando um dos copos. Ela sabe que se ele estivesse de mau humor, encontrar ela fora de seu posto seria um problema.

-Não, foi um bom fim de semana apesar de tudo. Obrigada pelo café. -Eu tiro a tampa e dou um gole.

-Que bom, então transaram. -Ela supõe.

-Emma!

-Era disso que precisavam, eu sei. -Ela diz sem culpa alguma.

-Não exatamente. Mas não vou dizer que não ajudou. -Eu dou outro gole em meu café. -Tenho que ir, tenho uns trabalhos para adiantar hoje.

Como toda segunda feira, estou até o pescoço de tarefas, só de me lembrar de tudo o que eu tenho que fazer, já me cansei. Hoje temos duas reuniões e como sempre, eu tenho que prepará-las. A primeira com um velho conhecido o Sr. Ramirez, é impressionante que Matteo tenha conseguido o contrato com ele, mesmo depois da entrevista que tivemos no restaurante. O desastroso jantar que no fim das contas nem fora tão desastroso assim. Foi a primeira vez que tomei coragem para dar em cima de Matteo e também fora a primeira vez que o tive em minha cama. Apesar do fim favoravel -para mim- só de ler aquele nome e sobrenome em meu tablet eu sinto um frio na espinha.

Eu trato logo de finalizar um dos documentos da reunião em questão. Mas antes de preparar a sala, eu preciso ligar para confirmar a presença do indivíduo citado.

Eu respiro fundo para tentar manter todos os palavrões e xingamentos baixos somente em meus pensamentos. Eu disco o número e espero. No segundo toque sou atendida.

Uma moça é quem atende, pelo visto trabalha para ele e eu só consigo pensar se a pobre moça já sofreu assedio por parte dele alguma vez. É frustrante saber que essas coisas acontecem com a gente mais do que são contadas ou notadas, e nós ainda temos que continuar tendo contato com os abusadores.

-Sim. -Ouço a voz dele do outro lado da linha, meu estômago se revira.

-Bom dia, Sr. Ramirez. Aqui é a Srta. Russell, da empresa Architettura D'Angelo. Temos uma reunião marcada com o senhor às duas da tarde, eu gostaria de confirmar sua presença. -Ser gentil e educada com alguém que não merece o mínimo de gentileza e educação é dureza.

-Como eu poderia esquecer a senhorita? Reconheceria sua doce voz a quilômetros. -Ele diz e eu só sinto nojo, repulsa.

-Posso confirmar a presença do senhor então? -Eu pergunto querendo acabar logo com aquela ligação.

-Tudo para vê-la outra vez. -É tudo o que ouço. Meu corpo ferve em fúria e só no instante seguinte eu noto que coloquei o telefone no gancho, eu desliguei na cara dele. Nada que ele não mereça, mas eu vou ter que inventar uma boa desculpa para isso mais tarde.

Eu ligo para o outro investidor e converso com ele com mais facilidade. Com as duas reuniões confirmadas, eu vou preparar a sala de reuniões. Ainda faltam algumas horas, mas eu prefiro deixar todo o processo de arrumação avançado. Na volta, passo na sala de Matteo, confirmo com ele que as duas reuniões foram confirmadas e ele não esboça nenhuma reação quando menciono o Sr. Ramirez. Eu não questiono e volto para a minha sala de onde não saio até o horário de almoço.

-Conheci a prima dos irmãos. -Eu digo depois de um tempo em silêncio. Emma e eu estávamos no restaurante da esquina almoçando.

-Finalmente você disse alguma coisa, achei que ia ficar muda o almoço inteiro. -Emma reclama.

-Só estou pensativa. -Eu dou de ombros. -Ela é bem bonita e parece gostar do Matteo. -Eu insisto no assunto.

-Gostar, gostar, ou gostar, gostar?. -Ela pergunta com uma entonação diferente nas palavras seguintes ao "ou".

-Gostar, gostar. -Eu digo me referindo a segunda opção. -Romeu confirmou minhas suspeitas.

-Acha que ela pode dar em cima dele mesmo com você por perto? -Ela pergunta.

-Eu não sei, não a conheço o bastante, mas eu temo que sim. -Eu digo sincera.

-Espero que esteja errada. -Emma torce.

-Eu também.

Apesar de confiar fielmente em Matteo, tenho que reconhecer que ninguém manda nos sentimentos. Se ela for boa o bastante, ele vai acabar caindo nas graças dela. O que me conforta é que ela teve mais tempo do que eu para conquistá-lo, mas o posto de namorada é meu.

***

Assim que Sr. Ramirez chega, Emma me avisa. Matteo e eu entramos juntos na sala onde ele já estava sentado com um copo de água a sua frente.

-Pensei que viessem mais pessoas com o senhor. -Matteo comenta e ele levanta para cumprimentá-lo.

-A mim já basta. -Ele brinca e eu forço um sorriso quando ele me olha.

Eu o cumprimento com um aperto de mão quando o vejo se aproximar, nem a pau ele vai me arrancar beijos no rosto.

Nós nos sentamos e a reunião tem início. Matteo mostra como a empresa teve um grande lucro nos últimos meses e como tudo tem sido favorável para ambos. Eu só prestei atenção até aí na conversa. Depois disso, eu só conseguia pensar em como eu ia fazer para dar o fora dali sorrateiramente. Seria impossível eu não ser notada, então eu desisti e carreguei aquela cruz por mais alguns longos minutos evitando olhar para o Sr. Ramirez e fingindo não notar ele tentar chamar minha atenção. Matteo estava concentrado demais ou perdido demais para notar alguma coisa.

Duas batidas na porta nos chama a atenção. Emma põe sua cabeça loura para dentro e se desculpa por interromper, eu só queria agradecê-la, na verdade.

-Tem uma pessoa querendo falar urgente com o senhor, Sr. D'Angelo. -Ela informa.

-Peça para esperar ou voltar mais tarde, eu estou em reunião. -Matteo diz com tanta firmeza em seu tom de voz que me faz tremer.

-Eu já disse senhor, a pessoa insiste. -Ela diz. Matteo faz cara feia e então ela fecha a porta.

É cerca de apenas um minuto até ela abrir a porta outra vez.

-Mil perdões, senhor...

-Tudo bem, eu vou dar uma olhada. -Digo me levantando, é a desculpa perfeita de que eu precisava para sair dali.

Meus saltos se chocando contra o chão emite um som enquanto eu saio da sala. A porta é fechada atrás de mim e Emma suspira aliviada.

-Ótimo. Está lá na sala dele. -Emma me avisa.

-Como assim na sala dele? Sabe que ninguém, exceto a família, pode entrar lá, e a menos que tenha autorização. -Eu a lembro.

-Justamente essa integrante da família nunca esteve por aqui, pelo menos, não que eu saiba. Eu não sabia se ela tinha autorização. -Ela fala baixo com receio de que nos escutem da sala de reuniões.

-Ela? -Eu arqueio uma das sobrancelhas. -Paola?

-Foi o nome que ela deu. -Emma da de ombros.

-Eu vou lá saber o que ela quer. -Digo marchando na direção da sala. O que eu encontro atrás da porta é algo que eu não esperava.

...