Parte 5

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Às cinco, já estou acordada - se é que posso dizer que ao menos dormi. A insônia bateu forte, e em quem meus pensamentos resolveram se concentrar? Justamente no diabo, Matteo D'Angelo. Mas nada que uma boa maquiagem pra esconder as olheiras não resolva.

Às cinco e meia, já estou de banho tomado e aprontando meu café da manhã: geleia de morango no pão e um bom copo de suco de caixinha. Tenho uma mania horrível de às vezes sair do banho e ao invés de ir me vestir, descer enrolada na toalha para tomar café da manhã, e é assim que estou agora: enrolada em uma fina toalha branca devorando meu pão com geleia.

Assim que termino, subo para escovar os dentes e em seguida, me visto. Opto por uma saia grafite na cor pastel e uma camisa social branca de botões. Por baixo de tudo, uso uma lingerie também na cor branca. Faço um rabo de cavalo no topo da cabeça, com todos os fios negros perfeitamente presos e alinhados. Uma maquiagem leve no rosto, e nos pés, um scarpain baixo na cor preta. Me perfumo, e já são vinte para as seis da manhã quando desço com uma pequena mala de rodinhas em uma mão, e meu celular na outra. Sem contar em uma bolsa de mão com alguns outros pertences como passaporte, documentos e etc., pendurada em um dos meus ombros.

Respiro fundo já imaginando que vai ser um fim de semana longo, e abro a porta, me virando rapidamente para fechá-la, nesse instante, solto a minha mala que por estar mal posicionada, acaba tombando. Resmungo algum xingamento eu me abaixo para pegá-la. E aí reparo.

Duas mãos também se abaixam para me ajudar, e quase que eu me levanto para sair correndo dali pensando ser algum sequestrador ou maníaco do tipo.

-Bom dia, Srta. Russell. -Meu chefe diz.

Ele está vestido com um terno escuro e gravata clara. Eu não entendo muito de ternos, mas sei que só essa gravata, já é mais do que o meu salário mensal pode pagar.

-O que o senhor está fazendo aqui? -Pergunto ignorando seu cumprimento. Eu me levanto, e deixo ele levantar minha mala sozinho. Embora assim que fica de pé, trato de tirá-la de sua mão.

-Vim buscar a senhorita, assim poupamos tempo e chegamos o quanto antes no local de embarque. -Ele explica despreocupado colocando as mãos no bolso da calça.

-Não precisava disso, era só ter mandado um e-mail me avisando que pretendia sair mais cedo. -Digo e pego a chave da fechadura da porta, depois de me certificar de que está devidamente trancada. Eu desço do pequeno degrau que tem em frente à minha porta, e me deparo com o carro que ele usou para me pegar para jantar naquele outro dia.

-Primeiro as damas. -Ele diz gentil abrindo a porta da frente do carro.

-Eu prefiro ir atrás. -Digo, e sozinha abro a porta traseira, me acomodando logo no banco espaçoso para em seguida, por o cinto.

Assim que fecho a porta, posso ver Matteo rindo divertido o que só me faz ficar ainda mais irada. Ele pega minha pequena mala e a guarda no porta-malas. Dando a volta, ele entra e se acomoda no banco do motorista. Partimos logo em seguida.

-A senhorita costuma se comportar daquele jeito todas as manhãs? -Me pergunta enquanto dirige.

-Perdão? -Eu juro que não faço a mínima ideia do que ele está falando.

-Tomar café vestindo apenas uma toalha. -Ele diz. -Tinha uma pequena fresta em sua janela.

-O senhor costuma espiar nas janelas das pessoas? Isso não é muito elegante. -Digo desbloqueando a tela do meu celular para checar minhas redes sociais.

-Eu só queria saber se já estava pronta. Eu teria tocado a campainha, mas aí a senhorita aparecia na porta vestida daquele jeito. -Justificou. -Ou melhor, não vestida.

-E aí o senhor jogaria todo o discurso de ontem pelos ares. -Alfinetei guardando o celular em minha bolsa.

-A senhorita não mexe comigo tanto assim. -Ele devolve dando de ombros.

-Então seria bom parar de me tratar diferente dos outros funcionários. O senhor vai buscá-los em casa, para os compromissos da empresa, ou eu sou a única? -Pergunto e depois de alguns longos segundos em silêncio, percebo que não vou ter uma resposta. -Tudo bem, eu guardo em segredo seu amor platônico por mim. -Provoco e ele ri negando com a cabeça.

Mais alguns minutos em silêncio e finalmente chegamos ao aeroporto. Um cara alto, já estava lá para pegar o seu carro e levar de volta para casa, pelo menos é o que eu acho que aquele homem estava fazendo.

O avião começa a decolar, e não importa quantas viagens eu faça, isso sempre vai me dar um frio na barriga. Estamos na classe executiva, tem um espaço enorme aqui, com direito a bar e cabines separadas. Depois da decolagem do avião, é permitido que os passageiros possam circular, e é isso que Matteo está fazendo agora. Ele passa direto por mim, e caminha para conversar com um outro passageiro, eu aproveito esse momento só meu para ler um livro. Pego ele na bolsa que eu trouxe na mão, e abro na página demarcada com um marcador.

Posso contar no máximo dez minutos de leitura, até Matteo trazer seu corpo para perto de mim e se sentar ao meu lado.

-"Amor de Um Duque". -Ele lê na capa do livro em minhas mãos. -Não sabia que romantismo fazia o tipo da senhorita.

-Há muitas coisas sobre mim que o senhor não sabe. -Devolvo sem tirar minha atenção do livro.

-Está com a língua afiada hoje. -Ele comenta, mas eu não respondo mais nada.

Se antes Matteo era uma pessoa difícil de decifrar, agora estava se tornando uma incógnita. Eu não fazia ideia do que se passava em sua cabeça, e daria tudo para descobrir. Às vezes, ele era ignorante, me dava foras e em um pouco intervalo de tempo depois, me tratava como se ainda me quisesse por perto, era amigável... Curiosamente, nessas horas eu era quem parecia a grossa.

-Um beijo pelo seus pensamentos. -Ele diz.

-Como é? -Eu me assusto e ele gargalha, uma risada gostosa de se ouvir, admito. -Isso não tem a menor graça. -Acuso.

-A senhorita não estava lendo, estava com os olhos parados como se pensasse em algo. Posso perguntar o que era? -Ele tenta.

-O senhor pode tentar, mas não vai obter uma resposta. -Digo e me viro no banco lhe dando as costas para enfim tentar ler.

Eu não sei em que momento foi, mas eu acabei dormindo, o que era de se esperar dado a noite de insônia que tive. Acordei com as chamadas de Matteo quando o avião se preparava para pousar. O livro estava fechado, pousado em meu colo e sobre meus braços, uma manta improvisada com o paletó do meu chefe.

Eu bocejei e precisei de alguns segundos até entender onde eu estava.

-O avião já vai pousar. -Ele me avisa enquanto eu lhe devolvo o paletó.

Cerca de vinte minutos depois, já estamos fora do aeroporto e respirando o ar da ensolarada Califórnia. Matteo e eu, pegamos um táxi que nos leva direto para o hotel, onde ele faz o check in e logo em seguida, os cartões que desbloqueiam as portas dos quartos são entregues. Subimos em total silêncio pelo elevador, cada um de nós, carregando uma pequena mala de rodinhas.

Quando as portas do elevador se abrem, rumamos para a mesma direção, checo o número do cartão, que é o mesmo do meu quarto e desbloqueio a porta. O quarto dele é logo ao meu lado, maravilha!

-Em uma hora, partimos para a reunião. Vai ser aqui perto. Daqui a pouco venho ver se a senhorita está pronta. -Me avisa.

-Sim senhor, nos vemos daqui a pouco. -Digo e entro em meu quarto.

É um quarto extremamente espaçoso. Tem uma enorme cama de casal, que caberia facilmente quatro pessoas, sem se apertarem. Uma TV de tela plana equipada na parede de tons claros de creme com dourado. Também tem um pequeno freezer, e é claro que o próximo lugar que eu vou correndo checar é o banheiro. Eu não pude vê-los, mas tenho certeza de que meus olhos brilharam ao ver a enorme banheira de hidromassagem posta ali. O fim de semana longo acaba de dar uma melhorada.

...

Meu Chefe⚘ -Livro 1 & 2 (FINALIZADA) ✔ Onde histórias criam vida. Descubra agora