𝙲𝚑𝚊𝚙𝚝𝚎𝚛 𝟼.

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Eu preciso falar para alguém sobre a ligação estranha que a minha mãe me fez

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Eu preciso falar para alguém sobre a ligação estranha que a minha mãe me fez. Mas não posso, eu preciso ir sozinha. E sei que ninguém vai deixar eu fazer isso, por tal motivo tem que ser um segredo.
Pego meu kit de higiene que eu sempre deixo na minha bolsa e penteio o cabelo, passo um perfume e espero meu pai sair do banheiro para que eu possa escovar os dentes. Queria tomar um banho, mas não tenho nenhuma troca de roupa comigo. Assim que Dean sai do banheiro, eu entro e faço todas as minhas higienes. Já com o cabelo penteado, volto para o quarto e ele está sentado na cadeira mexendo no celular. Assim que me vê, fica em pé e me estende uma camisa xadrez azul.

— Achei que você gostaria de trocar de roupa e vejo várias meninas com camisa assim, ai eu vi a minha e pensei em te emprestar... mas só se você quiser! — fala rápido e atrapalhado, o que me faz rir.
— Isso é ótimo, vou colocar ela, obrigada. — volto para o banheiro com a camisa e visto a mesma, amarrando a frente dela para não ficar tão grande.

Saio novamente do aposento e coloco a camiseta usada enrolada na bolsa. Meu pai está me esperando na porta e sorri ao me ver. Saímos do quarto e ele vai em direção a um Impala. Esse carro é muito lindo.

— É seu? — pergunto dando uma boa olhada.
— É sim, herança de família. — fala sorrindo. — É o meu xodó.
— É lindo. — sorrio. — Eu vou te seguindo então...
— Ué, como assim? — franze o cenho.
— Eu também tenho o meu xodó, e vim com ele. — falo indo até meu Jeep CJ5, 80.
— Wow, é uma belezinha também. — diz impressionado.
— Herança de família. — pisco rindo.
— Mas eu prefiro que você venha comigo. Depois o Sam e o Cas levam o carro até você.
— Não sei não... não quero abandonar ele.
— Eles são cuidadosos. — tenta me convencer. — E eu te deixo bater neles se arranharam um milímetro do seu carro.
— Ok, me convenceu!

Deixo a chave do meu menino no quarto, e vou com o meu pai até uma lanchonete. Fazemos nossos pedidos e enquanto ele não chega, conversamos.

— Querida, olhe.. precisamos organizar o velório da sua mãe. — ele diz em um tom delicado, me olhando com preocupação.
— Não será necessário. — ele me olha confuso e eu me repreendo mentalmente por ter falado demais.
— Como assim?
— An... é que... o corpo dela ainda está no legista, certo? Então temos que esperar liberarem. — falo a primeira coisa que vem na cabeça.
— Aham, é verdade. — fala como se soubesse que eu estou mentindo, mas não prossegue no assunto. — Eu não quero me meter, mas quem te ligou hoje cedo? Você ficou apreensiva depois da ligação.

Perco a respiração por dois segundos e invento alguma coisa. Ele não pode saber, embora eu queira muito contá-lo.

— Foi a Claire, minha amiga. Queria saber se eu estava bem... e falou pra eu ir dormir com ela hoje.
— E você quer ir? — nossos pedidos chegam e ele bebe um gole do café.
— Acho que será bom... ela é tipo uma irmã pra mim. — sorrio de canto e coloco açúcar no meu suco de laranja.
— Entendi... — posso jurar que a voz dele soou como um desaponto. — E o que quer fazer hoje?
— Não sei... — suspiro cansada e bebo um gole do suco, comendo um pedaço de torta em seguida.
— Bom, nem eu. — enfia um pedaço enorme da torta na boca. — A gente podia pegar umas roupas pra você e de noite eu te levo nessa sua amiga.
— Pode ser. — falo rindo vendo ele comer de boa cheia.
— Que foi? — olha pra mim de um jeito divertido.
— Nada! — continuo rindo.

E assim passamos nossa manhã de um jeito agradável. Fomos dar uma volta em uma das praças da cidade, tomamos sorvete e umas 15h, Sam liga para meu pai que se afasta para atender. Enquanto isso, penso em como posso despistar meu pai disso.

❦  𝙳𝚎𝚊𝚗 𝚙.𝚘.𝚟.:

Tinha mandado uma mensagem para Sam investigar o demônio que pode ter matado Leonore. Jade acha que eu não sei, mas ouvi ela no telefone hoje mais cedo. Sei que ela vai para algum lugar encontrar a "mãe", que na verdade (e com certeza) é um demônio. Ela vai cair em uma armadilha. E eu não posso alertá-la, pois não quero trazer ela para esse mundo. Mas eu vou precisar. A verdade é que eu quero muito Jade na minha vida, mas tenho tanto medo de colocá-la em perigo, e não quero que ela siga os mesmos passos que eu e meu irmão. Não quero que ela seja criada da mesma forma que nós fomos. Mas não posso abandoná-la. Ela precisa de mim. E eu dela. Se até ontem de tarde alguém me dissesse que eu ficaria tão preocupado e me importaria tanto com uma pessoinha desconhecida, eu teria dado risada. Mas aqui estou eu, preocupado com a vida dela. Minha filha. A ficha ainda não caiu. Sei que a conheci apenas ontem, mas também sei que daria a minha vida por ela.
Nossa manhã foi algo leve, sem um climão. Conversamos sobre tudo, e conheci ela ainda mais. Falei que a deixaria ir dormir na amiga dela, mas sei que é mentira. Então, por mais que eu odeie isso, vou segui-la. No menor sinal de perigo, vou estar lá para protegê-la. Sam me liga quando estamos andando por uma praça, e eu falo pra Jade ir sentar enquanto eu atendo o telefonema.

𝙰 𝚏𝚒𝚕𝚑𝚊 𝚍𝚎 𝙳𝚎𝚊𝚗 𝚆𝚒𝚗𝚌𝚑𝚎𝚜𝚝𝚎𝚛Onde histórias criam vida. Descubra agora