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Oi, mãe... — Peguei as chaves em cima da cômoda, olhei pela janela seu carro. — Não, eu já estou descendo. Só um instante. — Desliguei e respirei fundo colocando meu celular em meu bolso.

Puxei minha mochila e malas, coloquei minha mochila nas costas, holly desceu da cama me acompanhando até às escadas, meus olhos vagaram por todo canto da sala procurando meu padastro, revirei meus olhos assim que o vejo me olhando pela cozinha com sua xícara em mãos.

— Achei que a pirralha e seu cachorro sarnento nunca iria sair daqui — Disse, esbanjando seu sorriso cínico de canto, segurei firme a alça da minha mochila, holly ficou do meu lado com sua língua para fora. — Aproveita e não volte mais.

— Não pensei que chegarei a esse papel ridículo, Michael. Sua arrogância é tão grande que até hoje não arrumou um emprego, vivendo nas custas da minha mãe, mas não se preocupe, não estarei aqui para ver ela colocando você para fora de casa — Arrastei minhas malas naquele piso amadeirado, parei bem em frente da porta. — É holly para você. Único sarnento que vejo nessa casa é você, então aproveita os seus último dias nessa casa, porque nada é para sempre. — Completei, batendo a porta com força, minha mãe olhou sem entender, apenas acenei para ela.

— Se acha tão boa assim, não é Burnett? — Gritou de dentro da casa, continuei andando enquanto arrastava minhas malas pesadas pela calçada.

— Pra você é Celeste Burnett, otário. — Gritei, mostrando o dedo do meio.

Eu odiava meu nome, isso deixava tão óbvio, mas as vezes, não dava atenção a isso. Burnett, era assim que eu preferia ser chamada na maioria das vezes. Em certos casos, era totalmente diferente.

— Você não deveria ter falado assim com ele, querida. Dez anos não foram suficientes para vocês dois se acertarem? — Perguntou minha mãe, assim que abri a porta do carro para que holly entrasse. — Celeste, estou falando com você. — Gritou dentro do carro, apenas abri o porta malas do carro, e com dificuldade coloquei minhas malas, respirei fundo passando a mão em meu rosto, bagunçando minha franja.

Dei a volta no carro até a porta do passageiro, abri entrando em seguida, olhei minha mãe alisando holly que se acaba nos carinhos que a mais velha dava, coloquei a mochila em meu colo, encostei minhas costas naquele banco sentido meus músculos descansarem, escutei o barulho do carro.

— Dez anos são muito poucos para uma pessoa que sofreu muito nessa vida. — Digo, de olho na estrada, imediatamente uma lágrima desceu do meu olho esquerdo, fechei meus olhos.

— Sou sua mãe, mas nada que eu fizesse vai trazer minha filha de dez anos atrás. Celeste cresceu, se tornou uma mulher bonita, uma garota muito boa e doce, uma escritora maravilhosa. Tenho muito orgulho dela — Disse, por alguns segundos desviou seus olhares da estrada para me encarar, encostei minha cabeça em seu ombro, tentando não desabafar alí. — Eu amo tanto minha filha. São vinte anos, mas ainda é um bebê para mim, sinto a vontade de estar o tempo todo no pé dela insistindo para se alimentar direito. — Soltei uma risada baixa, logo ela acompanhou.

— Eu também amo a senhora. Me perdoe por ter agido dessa maneira, as vezes, queria que a senhora não tivesse se casado com aquele homem. — Suspirei pesadamente.

— Achei que hoje seria um dia feliz para você, meu amor. Para nós duas. Vamos esquecer isso, tá bem? — Assenti de cabeça baixa, rapidamente ela selou minha bochecha direita, sorrir voluntariamente para ela. — Estou muito orgulhosa de você. Espero algum dia poder estar do seu lado no dia do lançamento do seu livro.

— Com certeza vai estar. — Abracei de lado seu corpo, dando um beijo na sua bochecha esquerda.

Ficamos em silêncio, nosso destino estava se aproximando, nenhum sinal de casas naquela estrada, a brisa do vento entrava pela janelas abertas do carro, pelo retrovisor via holly com a cabeça para fora com sua língua para fora, olhei para o lado vendo minha mãe soltar uma risada baixa, balançando a cabeça negativamente.

Midnight | B.EOnde histórias criam vida. Descubra agora