05. Fuck

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Duas semanas se passaram depois daquele episódio. É, duas semanas. Depois de todos os desastres possíveis mas nada aconteceu, tudo estava normal e nada de coisas estranhas pela casa. Eu me perguntei várias vezes se aquilo foi coisa inventada ou realmente aconteceu.

É, o diabo tem bom gosto. 

Nesse exato momento eu me encontrava sentada no sofá com as pernas juntinhas ao meu corpo, era noite como sempre, fiquei o dia todo com os olhos na televisão e de olho naquele maldito toca disco. Na minha cabeça aquele toca disco era amaldiçoado, estava com uma leve raiva dele, não deveria estar alí. Mas continuando, essas duas semanas foram tranquilas, os surtos não apareceram mais.

— Que grilo insuportável — Digo, sem menor paciência, levantei do sofá e caminhei para fora da casa, nunca estranhei uma escuridão na minha frente como agora, a floresta a frente estava coberta pelo escuro, a luz da sacada começou pisca, automaticamente revirei meus olhos. — Cadê você, grilo do capeta? — Arremessei um vaso seco no inseto.

Caminhei de cabeça baixa até uma casinha de ferramentas para fechar a porta que estava aberta, as vezes ela fazia barulho quando estava ventando. Olhei ao redor depois de tranquei a porta, estava checando se tudo estava em seus devidos lugares, olhei também a piscina e o lago.

— Não Holly! Para dentro da casa agora! — Corri atrás do animal que correu para fora da cerca.

Tentei passar da cerca enquanto gritava para holly, ouvi a porta dos fundos bater forte, tentei vizualizar a porta antes de correr até o animal, ela estava encostada. Corri para dentro do mato atrás da minha cachorra, estava escuro e eu não tinha lanterna, pisei falso algumas vezes, escutei seus latidos a poucos metros aonde eu estava.

— Holly — Corri para frente mais um pouco até que encontrei ela, seus latidos eram altos, tentei puxar ela pela coleira, olhei na direção que ela olhava, arregalei os olhos quando vi dois lobos com seus dentes presos no corpo do veado. — Holly, vamos embora daqui.

Holly não se mexia, então peguei ela no braço e tentei sair dali o mais que possível, tentei não ser medrosa mas estava difícil no meio daquela escuridão e com os gritos do veado sendo morto por dois lobos.

Quando cheguei na casa com Holly nos meus braços, tranquei todas as portas e até as janelas, coloquei a mão no peito, estava com o coração acelerado, peguei meu notebook e celular do sofá, subi até o meu quarto apressada. Me joguei na cama e tentei telefonar para minha mãe que fazia alguns dias que eu não ligava para ela, e hoje senti na obrigação de ligar e perguntar se ela está bem.

— Oi, mãe. — Ela logo atendeu a minha chamada, sorri mesmo sabendo que ela não iria ver.

— Que saudades, filha. Como você está? — Perguntou alegre.

Tentando sobreviver nessa casa enorme, e você? Como está?

— Estou apenas preocupada com você, filha, sozinha nesta casa... Tem certeza que está bem? Não tem vizinhos por perto? — Perguntou preocupada.

— Estou bem, mãe, pode acreditar. Está tudo bem aqui. — Tentei acalmar ela, ouvi ela suspirar de cansaço.

— Então eu acredito em você, filha. Boa noite. — Disse baixo.

Boa noite, mãe. — Desliguei o celular e fui escrever meu livro.

Estava no capítulo 70 e ainda nem comecei a melhor parte do livro, arrumei minha postura na cama e ajeitei meu óculos, soltei um suspiro longo assim que olhei o relógio na parede. Era madrugada. Madrugada sempre me deixava nervosa, porque era nesse horário que a casa ficava fria como Antarctica, um arrepio repentino percorreu por todo o meu corpo, levantei meu braço direito e analisei os meus pelos erguidos para cima, os abaixei passando a mão.

Midnight | B.EOnde histórias criam vida. Descubra agora