09. Heaven

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Fiz uma trança no meu cabelo enquanto olhava para a garota sentada na sacada de olhos fechados, com seus braços jogados para trás da sua cabeça. Arrumei minha franja antes de descer as escadas, passei minha língua levemente em meus lábios secos, umedecendo os mesmos.

— Hoje você ficou o tempo todo aí, e dentro da sua toca também. — Sentei em sua frente colocando minhas mãos em meu colo.

— Hoje o dia está calmo — Disse calma. — Meu silêncio te incomoda? — Perguntou.

— Na verdade não, mas eu pensei que você gostaria de ir comigo até o lago. — Sorri tímida para a mesma.

Então ela abriu seus olhos, fiquei presa nos seus azuis, senti o mar me abraçar, senti o vento gelado, o barulho das gaivotas, barulho das ondas, consegui ver duas pessoas se divertindo na beira do mar. Fechei meus olhos fortemente com as vibrações do meu corpo, voltei a olhar novamente, um sorriso discreto surgiu em seus lábios. De repente, outros flashes na minha mente surgiu de duas pessoas dentro de um quarto vermelho, consegui ouvi seus suspiros, corpos grudados, tentei olhar bem para a garota que me olhava interessada.

— Como? Como fez isso? — Perguntei baixo, balancei minha cabeça algumas vezes.

— Eu não fiz nada. — Vi que ela forçava suas visão para me olhar bem nos meus olhos.

— Eu... — Novamente consegui visualizar o quarto vermelho, tinha uma mulher deitada na cama com os lençóis cobrindo seu corpo nú. — É melhor eu ir sozinha para o lago.

Levantei do sofá atordoada, ela colocou seu pé direito na frente fazendo que eu parasse de andar imediatamente.

— Você não parece bem. — Disse, me analisando.

— Perto de você, eu não me sinto bem. — Digo, abraçando meu corpo.

— Normal. Não é bom ir ao lago a essas horas.

— Ainda são duas da tarde. — Olhei para o seu rosto calmo.

— Hoje vai escurecer um pouco mais cedo.

— Então vem comigo.

Ela suspirou enquanto olhava pela janela o céu, dei dois passos para trás quando ela levantou do sofá, ela se aproximou de mim olhando bem nos meus olhos, não consegui olhar para os seus olhos, pois conseguiu me intimidar.

— Não é uma boa idéia. Celeste, fique dentro de casa, porque lá fora não está tendo coisas boas. — Disse séria.

— Tem algo lá fora, não é? — Suspirei chateada e derrotada.

— Tem. — Respondeu curta.

— Você vai me deixar morrer? — Foi uma pergunta que nem eu mesma esperava.

Ela me ignorou e saiu andando até a cozinha, andei atrás dela e peguei seu braço direito, então ela parou de andar, notei que seu corpo era frio.

— Eu ia te pedir pra ficar aqui. — Minha voz saiu baixa.

— Por que mudou de idéia?

— Eu me sinto sozinha.

Ela se virou para mim, larguei seu braço imediatamente, abaixei a cabeça vendo sua sombra na madeira recentemente limpa, fechei meus olhos sentindo ela tocar meu cabelo, sua mão desceu até meu pescoço, tombei a cabeça para trás com suas carícias em meu pescoço. Engoli o seco quando senti ela apertar meu pescoço, coloquei minha mão esquerda em seu braço, abri meus olhos notando que seus olhos estavam escuros e sua boca seca.

— Não faz isso. — Pedi, tentando tirar sua mão do meu pescoço.

A garota se tocou no que estava fazendo e se afastou de mim, seus azuis voltaram, tentei puxar todo ar possível para os meus pulmões, todos os meus movimentos ela prestava atenção.

Midnight | B.EOnde histórias criam vida. Descubra agora