𝟰𝟯 | 𝗣 𝗨 𝗥 𝗔

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Antes que o estrago seja feito,
antes que você chame isso de amor,
deixe ir.
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Fred acordou com o barulho do cobertor se mexendo levemente. Sua visão levou um segundo para clarear na pequena figura sentada na beira da cama, sua pele pálida nua brilhando na luz da lua cheia que estava caindo pela janela. Arrependimentos lamberam suas entranhas enquanto observava os traços suaves da garota com admiração. Sua pele era perfeita, não havia nenhuma irregularidade neste corpo perfeito. Ela pressionou a palma da mão esquerda no colchão, sua mão direita estava tentando consertar a bagunça de longos cachos pendurados em sua cabeça em algo que não dizia o que eles estavam fazendo há horas.

Ela era sua droga. Um toque e a intoxicação era instantânea. O cheiro dela o deixou em um transe inebriante. Um transe que não terminaria até que seus corpos estivessem juntos mais uma vez, apenas aquecidos e aconchegados tão perto quanto duas almas podem estar. Fred não sabia quem estava no controle, mas temia muito que perdessem o que tinham.

Ele buscava Lynnea n'A Toca de vez em quando, desde o incidente na loja, e provavelmente tudo estava errado sobre isso. Faziam à noite, enquanto todos dormiam, para que ninguém notasse a ausência da garota. No momento em que chegaram ao apartamento de Fred, ele não conseguiu se conter, não conseguiu pensar em mais nada além de correr os dedos sobre cada centímetro da pele delicada de Lynnea, beijando seu corpo, ouvindo seus gemidos e suspiros suaves. Ela tinha controle total sobre ele, e ele achava que ela estava ciente disso.

Ela saiu da cama e foi até a poltrona, onde estava a maioria de suas roupas. Ela estava completamente nua e as imagens na mente de Fred começaram a disparar novamente; imagens de Lynnea em cima dele, movendo-se no mesmo ritmo, seu pequeno corpo sendo pressionado contra o dele...

Com um único movimento, ela deixou o tecido de seda do seu vestido solto de verão deslizar por seu corpo, tirando a visão favorita de Fred.

"Temos que acabar com isso", ele sussurrou sem saber que seu cérebro pretendia falar as palavras em voz alta.

"Eu sei", foi sua resposta amarga.

"Sem reclamar?"

"Oh, por favor, eu sabia exatamente que essa conversa viria", ela bufou. "Vou embora de manhã. Voltarei para Hogwarts. A vida continua, certo?"

"Ah, sim, certo" Fred murmurou, já que havia se esquecido completamente da partida dela hoje. Ele lançou um olhar rápido para o relógio; eram duas da manhã. Que terrível. Ele se lembrou de Lynnea dizendo uma vez que ela odiava esse horário acima de tudo.

"Duas da manhã são para os poetas que não conseguem dormir, porque suas mentes vivem de palavras para alguém que não os pertece", dissera ela. "É para os alcoólatras que se embriagam até a amnésia esquecer alguém que foi embora. Duas da manhã não é para apaixonados adormecidos nos braços um do outro. É para os solitários, aqueles que estão apaixonados pelo amado, mas não são amados de volta."

Ele ainda se lembrava de como essas palavras o deixaram atordoado na véspera de Natal no Largo Grimmauld. Como elas afundaram em sua alma, o deixando saber exatamente do que ela estava falando, e naquele momento ele percebeu que não era Angelina; nunca foi Angelina. Era Lynnea. Lynnea foi feita para ele, e ele foi feito para ela.

"Vai me levar de volta, não vai?" Ela o tirou de seus pensamentos, agora totalmente vestida e o cabelo bagunçado preso em um rabo de cavalo.

"Lynnea, eu sinto -"

"Não me diga que sente muito, okay, Fred?" Ela sibilou. "É isso. Você não me quer mais e eu vou embora. Você pode seguir em frente e eu..." Sua voz falhou. "Apenas me leve para casa, ok?"

Era curioso que ele, olhando para Lynnea, estivesse pensando exatamente o mesmo que ela, que também olhava para ele, e mesmo assim os dois não entendiam.

•••

Depois de um longo banho n'A Toca, Lynnea finalmente foi para a cama. 2h36. Para os solitários. Aqueles que amam o amado, mas não são amados de volta.

Ela o amava. Ela tinha idade suficiente, era madura o suficiente para saber se isso era amor? Mesmo que ela não tivesse certeza disso, ela tinha certeza de uma coisa: era uma agonia.

"Onde você esteve?" Um sussurro feroz apareceu na outra cama do quarto, enquanto Harry, que ela achava estar dormindo, estava bem acordado quando ela entrou.

"Não consegui dormir, fui caminhar um pouco", murmurou ela, deitando-se na cama. Harry iria matá-la se descobrisse o que ela e Fred estavam fazendo todas aquelas noites no apartamento dos gêmeos.

"Tá brincando comigo?" Ele bufou, sentando-se na cama.

"Harry, por favor, deixe isso pra lá" Lynnea sussurrou de volta. "Nós dois sabemos que estou mentindo e não planejo dizer a verdade, então vamos dormir, ok?"

"Não faça isso, Lynn" Harry disse depois de um minuto de silêncio.

"Fazer o quê?" Ela respondeu, sentando-se novamente, com os cotovelos pressionados contra o colchão.

"Me deixar de fora."

"Sério Harry, pare de se preocupar comigo" Lynnea disse, jogando as pernas para fora da cama, apenas para caminhar até Harry e se sentar ao lado dele. "Não estou te deixando de fora, só não quero te dizer agora. Fosse o que fosse, acabou agora, então - só não se preocupe."

"Eu sei que você está fazendo merdas muito estúpidas ultimamente" Harry disse. "Eu tenho um palpite, mas para ser honesto, eu não quero saber. Basta ter cuidado, ok?"

"Eu sempre tenho" Lynnea respondeu, sentindo o colchão vibrar sob a risada abafada de Harry. "Ok, você está certo. Mas vamos deixar uma coisa bem clara: eu não vou deixar você na mão, ok? Nunca. Estamos nisso juntos, e não vou deixá-lo se afogar sozinho no mar de merda."

 𝐋𝐎𝐒𝐓&𝐅𝐎𝐔𝐍𝐃 - 𝘍𝘳𝘦𝘥 𝘞𝘦𝘢𝘴𝘭𝘦𝘺.Onde histórias criam vida. Descubra agora