𝟲𝟱 | 𝗘𝗦𝗣𝗘𝗥𝗔𝗡𝗗𝗢

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Quem se importa se mais uma luz se apagar
em um céu cheio de estrelas?

Bem... eu me importo.
•••

"Georgie se machucou", Lynnea falou em voz baixa, enquanto eles entravam em casa, sendo enrolada nos braços de Fred. Os olhos do Sr. Weasley se voltaram para ela, alarmados. "Snape o atingiu com uma maldição Sectumsempra. Ele... ele... perdeu uma orelha..." Ela fungou a ardência no canto dos olhos, ignorando o nó na garganta que crescia. "Ele -"

Kingsley apareceu no quintal, quando eles estavam prestes a passar pela porta, agarrando o pulso de Lynnea e puxando-a com força para trás de suas costas.

"Kingsley, o que...?" Mas sua pergunta permaneceu inacabada, quando ela viu o Auror apontar sua varinha para Fred e o Sr. Weasley.

"Deixe-me ver meu filho primeiro", disse o Sr. Weasley com os dentes cerrados. Mas Kingsley não moveu um músculo. "Eu vou provar quem eu sou, Kingsley, depois de ver meu filho, agora recue se você sabe o que é bom para você!"

Lynnea nunca tinha ouvido o Sr. Weasley gritar assim antes. Ele irrompeu na sala de estar, os óculos tortos, Fred logo atrás dele.

"Arthur!", soluçou a Sra. Weasley. "Oh, graças a Deus!"

"Como ele está?"

O Sr. Weasley caiu de joelhos ao lado de George. Pela primeira vez desde que Lynnea o conhecia, Fred parecia estar sem palavras. Ele ficou boquiaberto no encosto do sofá ao ver o ferimento de seu irmão gêmeo, como se não pudesse acreditar no que estava vendo.

Talvez despertado pelo som de Fred e da chegada de seu pai, George se mexeu.

"Como você se sente, Georgie?" sussurrou a Sra. Weasley.

Os dedos de George tatearam o lado de sua cabeça.

"Mouco", murmurou.

"O que há de errado com ele?", resmungou Fred, olhando apavorado. "A mente dele foi afetada?"

"Mouco", repetiu George, abrindo os olhos e olhando para o irmão. "Você vê... eu estou mouco. Surdo, Fred, entendeu?"

A Sra. Weasley soluçou mais forte do que nunca. Cores inundaram o rosto pálido de Fred.
"Patético", disse ele a George. "Patético! Com tantas piadas sobre orelhas pra escolher, e você me vem com 'estou mouco'?"

"Ah bem... Ainda estou mais bonito que você.", disse George, sorrindo para sua mãe encharcada de lágrimas. "Você será capaz de nos diferenciar agora, de qualquer maneira, mãe."

Ele olhou ao redor.

"Oi, Harry- você é o Harry, certo?"

"Sim, sou eu", disse Harry, aproximando-se do sofá.

"Olha, pelo menos trouxemos você de volta bem", disse George. "Por que Ron e Bill não estão em volta do meu leito de doente?"

"Eles ainda não voltaram, George", disse a Sra. Weasley. O sorriso de George desapareceu. Lynnea olhou para Harry e fez sinal para ele acompanhá-la para fora. Enquanto caminhavam pela cozinha, ela disse em voz baixa: "Rony e Tonks já deviam ter voltado. Eles não fizeram uma viagem muito longa; tia Muriel não é tão longe daqui, como Ginny me disse." Ela observou a cor desaparecer do rosto de Harry, voltando para fora no ar frio da noite. Logo Ginny e Hermione se juntaram a eles, e Lynnea olhou pela janela para Fred, que estava rindo junto com George. Ela estava mais do que grata por ver os dois bem.

"Olha!", Ginny sussurrou e a cabeça de Lynnea foi jogada para trás. Ginny apontou o dedo para o ar, duas vassouras estavam passando por cima das cabeças contra o céu noturno.

"São eles!", gritou Hermione.

Tonks pousou em uma longa derrapagem que enviou terra e seixos para todos os lados.

"Remus!", Tonks gritou enquanto cambaleava da vassoura para os braços do padrinho de Lynnea. Seu rosto estava paralisado e branco: ele parecia incapaz de falar, Ron tropeçou atordoado em direção a Harry e Hermione.

"Você está bem", ele murmurou, antes de Hermione voar para ele e abraçá-lo com força.

"Eu pensei- eu pensei-"

"Estou bem", disse Ron, dando tapinhas nas costas dela. "Estou bem."

"Ron foi ótimo", disse Tonks calorosamente, abrindo mão de Remus. "Maravilhoso. Atordoou um dos Comensais da Morte, direto na cabeça, e quando você está mirando em um alvo em movimento com uma vassoura voadora- "

"Você fez isso?", disse Hermione, olhando para Ron com os braços ainda em volta do pescoço dele.

"Sempre o tom da surpresa", disse um pouco mal-humorado, libertando-se. "Somos os últimos a voltar?"

"Não", disse Ginny. "Ainda estamos esperando Bill e Fleur, Olho-Tonto e Mundungo. Vou dizer a mamãe e papai que você está bem, Ron."

Ela correu de volta para dentro.

Bill e Fleur chegaram minutos depois. A Sra. Weasley correu para frente, mas o abraço que Bill lhe deu foi superficial. Olhando diretamente para o pai, ele disse: "O Olho-Tonto está morto".

Ninguém falou, ninguém se mexeu. Lynnea sentiu como se algo dentro dela estivesse caindo, caindo pela terra, deixando-a para sempre.

"Nós vimos", disse Bill; Fleur assentiu com a cabeça, marcas de lágrimas brilhando em suas bochechas na luz da janela da cozinha. "Aconteceu logo depois que saímos do círculo: Olho-Tonto e Dung estavam perto de nós, eles estavam indo para o norte também. Voldemort - ele pode voar - foi direto para eles. Dung entrou em pânico, eu o ouvi gritar, Olho-Tonto tentou detê-lo, mas ele desaparatou. A maldição de Voldemort atingiu Olho-Tonto bem no rosto, ele caiu da vassoura para trás e - não havia nada que pudéssemos fazer, nada, tínhamos meia dúzia deles atrás de nós - "

A voz de Bill falhou. Lynnea sentiu-se tremendo, mas em um segundo o caloroso abraço de dois braços fortes a impediu de cair direto para o céu. Fred a envolveu em seus braços, dando um beijo em seu cabelo. Seu tremor diminuiu imediatamente, sentindo-se tão segura estando tão perto dele.

"Eles nos esperavam", disse Bill após um momento de silêncio. "Eles sabiam que era hoje."

"Como eles poderiam?", Lynnea perguntou. "Você acha que... Mundungo?"

"Não, Dung nunca gostou do trabalho, Alastor meio que o forçou", Remus murmurou.

"Alguém deixou escapar o encontro para um estranho. É a única explicação para eles terem descoberto sobre isso, mas não o 'velho plano'", disse Fleur.

Ela olhou ao redor para todos eles, rastros de lágrimas ainda gravados em seu belo rosto, desafiando silenciosamente qualquer um deles a contradizê-la. Ninguém o fez. O único som que quebrou o silêncio foi o de Hagrid soluçando por trás de seu lenço.

"Não", Harry disse em voz alta, e todos olharam para ele, surpresos. "Quero dizer... se alguém cometeu um erro", Harry continuou, "e deixou algo escapar, eu sei que não era essa a intenção. Não é culpa de ninguém.", repetiu ele, novamente um pouco mais alto do que geralmente têm falado. "Temos que confiar uns nos outros. Eu confio em todos vocês, acho que ninguém nesta sala jamais me deduraria para Voldemort."

E nem Lynnea.

 𝐋𝐎𝐒𝐓&𝐅𝐎𝐔𝐍𝐃 - 𝘍𝘳𝘦𝘥 𝘞𝘦𝘢𝘴𝘭𝘦𝘺.Onde histórias criam vida. Descubra agora