Capítulo 2

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Este capítulo contém cenas de violência que podem chocar leitores sensíveis.

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Na manhã seguinte Anahí sentia o corpo inteiro doer em protesto aos movimentos que tentava fazer, sendo acordada com os raios de sol que invadiam o quarto pela janela, tocando seu rosto. Ela gemeu, sentindo seu corpo inteiro dolorido, conseguindo olhar ao lado e vendo que estava sozinha. Agradeceu mentalmente por seu marido não estar ali, por ter descido para o café da manhã sem ela, mas algo lhe dizia que não seria sempre assim.

Anahí sabia que teria que reagir, tomar um banho, se vestir e descer para conhecer sua nova casa, mas não conseguia sequer colocar os pés no chão, se lembrava da terrível noite que tivera e só o que conseguia era chorar, após conhecer tanta violência.

Quis ir ao banheiro antes que alguma criada aparecesse para lhe ajudar, morreria se alguém a visse naquele estado deplorável. Foi uma tortura quando ela jogou a água por seu corpo machucado, e as lágrimas desciam junto com a água, indo embora com seu sangue. Quando o banho mais doloroso da sua vida terminou, ela foi se vestir, uma empregada finalmente apareceu para ajuda-la, mas ela recusou, com vergonha do próprio corpo, que naquele momento estava cheio de hematomas. Vestiu-se como pôde, e quando chegou à frente da penteadeira para arrumar os cabelos, viu que teria que abusar do pó de arroz para que conseguisse esconder as marcas da noite que tivera.

Ela então criou coragem e desceu a enorme escada da casa, torcendo para que seu marido não estivesse lá, ou que até mesmo estivesse diferente do monstro que conheceu na noite anterior. A casa era silenciosa, e agora com a luz do dia, conseguia ver mais detalhes sobre o lugar, haviam móveis escuros e frios, não haviam vasos com flores e nem cor, mas ela estava certa de que poderia mudar aquilo.

Quando chegou a sala de jantar, a mesa estava posta com o café da manhã, e então ela sentou-se, esperando que alguém viesse lhe servir. Logo uma empregada apareceu, servindo-a com café.

Anahí: Bom dia. –falou à moça jovem que lhe servia- Eu me chamo Anahí. –a empregada manteve a cabeça baixa, esperando as ordens da nova patroa- Qual seu nome? –perguntou, incomodada com o silêncio, a moça nem ao menos olhava em seu rosto-

Anahí a observou melhor, tinha a pele clara e os cabelos negros, lisos e brilhosos que apensar de sua aparência humilde, pareciam ser bem cuidados, presos em um coque baixo, na altura da nuca. Usava um vestido longo cinza, de mangas longas e gola alta e assim como todas as outras empregadas um avental branco por cima.

– Me chamo Ginnifer, Senhora. –falou meio relutante, o rosto ainda baixo- Deseja algo mais?

Anahí: Não, está tudo certo. –respondeu, observando-a, parecia ser tão jovem quanto ela- Meu marido?

Ginnifer: Saiu mais cedo, disse que voltaria para o almoço. –falou, e Anahí assentiu com a cabeça- Com licença, Senhora. –e saiu, deixando Anahí sozinha, com aquela enorme mesa de desjejum-

Após o café da manhã, que por mais fome que tivesse mal conseguiu comer, Anahí resolveu aproveitar a manhã para conhecer seu novo lar. Estava um dia bonito, com um sol forte e uma brisa que não lhe deixava sentir calor. Parada na porta da frente da casa, ela olhou a enorme propriedade de seu marido, e como suspeitava, era uma grande fazenda. Havia campos a perder de vista, com um gramado verde que seus olhos adoraram. Seria um lindo lugar para um jardim, ela pensou, mas não havia ali nenhuma flor. Ela então desceu a escadaria da entrada e caminhou pela fazenda, admirando cada detalhe do lugar.

Anahí andou, andou que por alguns segundos esqueceu-se da noite terrível que tivera e no monstro que viu seu marido se transformar. Teve então a esperança de que a noite passada foi apenas um episódio isolado, por algum aborrecimento que seu marido tivera, dali para frente, ela esqueceria o que aconteceu, o perdoaria, e seguiriam uma vida feliz. E então, transformaria aquele lugar num lindo jardim, com as flores mais lindas da região.

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