Epílogo

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Três anos depois.

A vida de Anahí havia mudado completamente desde que conhecera Alfonso, com ele vivia em um estado puro de felicidade, que antes dele nem sabia que existia. E felicidade tinham vários significados, ser feliz não queria dizer que nunca se desentendiam – apesar de serem raras as vezes -, viver em felicidade não queria dizer que não haviam problemas, sim eles existiam, mas passavam por eles juntos. Eram felizes todos os dias ao se deitarem juntos todas as noites, eram felizes por terem se encontrado, eram felizes por viverem juntos, por compartilhar uma vida juntos.

Anahí estava no tribunal, em mais uma audiência, continuando o trabalho que se dedicara uma vida inteira.

Anahí: A violência contra a mulher parece estar impregnado nos homens, Excelência. –falou em sua defesa. A juíza a encarava, já a conhecia muito bem-

– Não generalize, Doutora. –a juíza a interrompeu- Cuidado com suas palavras.

Anahí: Ok, me desculpe. –se desculpou- Realmente não posso generalizar, meu marido não é esse tipo de homem, mas enfim... –voltou à sua defesa- Por que homens são violentos com suas mulheres? Por que batem, agridem, xingam, violentam, mulheres que amam eles? Por que? –questionava- Será que teriam coragem de bater na própria mãe? É o que eu me perguntou várias vezes, mas acabo chegando a conclusão de que sim, bateriam. Homens que agridem suas próprias esposas, bateriam até na própria mãe, porque são mulheres que só têm um único erro. –ela se voltava a todos, vendo o júri, a plateia, a acusação e sua cliente, ela gostava de uma exibição, todos ali sabiam- Essas mulheres apenas cometeram o erro de amar. E amar é um erro, Excelência? Amar é um pecado tão cruel assim que precisam viver no inferno na mão de homens como o acusado? Eu não acredito nisso. Não acredito que essas mulheres mereçam viver sofrendo, sendo violentadas, não acredito que essas mulheres tenham que viver o resto da vida com medo, depois de tanto sofrerem... Como podem viver tranquilamente sabendo que um homem como esse está solto por ai? –dizia, apontando para o réu- Não, é sofrimento demais para uma vida só. Por isso que eu estou aqui mais uma vez, todos vocês já me conhecem, e acreditem, enquanto estiver uma mulher sendo agredida, eu estarei aqui nesse tribunal pedindo por justiça! A justiça é que este e mais tantos outros agressores de mulheres sejam presos. Que paguem pelo crime que cometeram, que paguem por terem causado dor e sofrimento a quem só lhe deu amor. –ela respirou fundo e concluiu- É só isso, obrigada.

Ela ainda era invicta, nunca perdia, e não seria aquela a sua primeira audiência derrotada. Saiu dali mais que vencedora, saiu dali com o sentimento de dever cumprido, sabendo que salvara mais uma mulher. Anahí se despediu de sua cliente e seguiu para fora do tribunal, havia marcado de almoçar com Maite e já estava atrasada.

– Anahí! –alguém a chamou, e ela virou-se para ver quem era. Era Jamie, o advogado da defensoria que acabara de derrotar- Você foi ótima, devo admitir. –comentou com um sorriso irônico-

Anahí: E quando eu não sou? –ela deu de ombros, fazendo o outro rir-

Jamie: Você nunca vai me deixar vencer? –perguntou brincalhão, os dois seguindo o mesmo caminho, andando lado a lado-

Anahí: Enquanto você defender agressores de mulheres, não. –respondeu, colocando o óculos de sol no rosto-

Jamie: Claro... –disse com um riso- E Alfonso, como está? –mudou de assunto-

Anahí: Está ótimo, obrigada. –respondeu, parando para esperar um táxi-

Jamie: Diga a ele para aparecer na defensoria, sentimos sua falta. –pediu, e Anahí assentiu, mexendo no celular e respondendo a mensagem de Maite, dizendo que já estava a caminho. Nem viu quando alguém se aproximou dos dois- Que bom que encontrei você aqui. –ele não falava mais com Anahí- Me deixe apresentar a você uma das melhores advogadas do país, ela não nos deixa ganhar nunca, fique ciente disso. –falou brincalhão e Anahí levantou o rosto para olhá-lo- Anahí, este é Thomas, está começando na defensoria.

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