Após o episódio em que Alfonso a beijou, sua cabeça parecia uma grande bagunça, ele não a procurou, mas lhe mandou flores no dia seguinte, e um bilhete pedindo desculpas, dizia também que gostaria de visita-la novamente e assim se explicar, mas que estava respeitando seu pedido de que ele não voltasse mais a fazenda. Pedia no bilhete que ela o respondesse caso ele pudesse ir, mas esse bilhete nunca obteve resposta.
Anahí jogou fora o bilhete, porém, não podia fazer isso com as flores, que eram tão lindas. Alfonso, entretanto, ficou sem resposta, quase enlouquecendo.
Agira tão impulsivamente naquele dia, como um garoto ingênuo que não era. Ele era um homem, que sabia muito bem lidar com as mulheres, mas definitivamente, não sabia lidar com aquela. A começar pelo sentimento que ela lhe causava, sentimento este que ele nunca havia sentido antes por nenhuma outra. Se tinha algo que Alfonso respeitava, eram as mulheres, para ele não havia nada tão valioso como aquilo. Jamais havia destratado qualquer mulher que fosse, tampouco lhe faltar com o respeito, como fizera beijando Anahí naquela tarde.
Foi algo muito maior que tomou conta dele naquele dia, um desejo violento onde ele não conseguiu controlar, beijando-a daquela forma. Anahí era a mulher mais bela que ele já havia visto, mas não só isso, ele havia convivido dias e dias com ela, e apesar do grande mistério que ele via por trás de seus olhos e na historia que todos contam sobre ela, Alfonso não só se encantou por sua beleza, mas também por algo que nem ela saiba que existe, seu coração.
Nos dias seguintes, Anahí havia se trancado completamente em sua fazenda, não saiu para nada, nem mesmo para ir ver a irmã e os sobrinhos, tampouco aceitou qualquer visita que fosse. A fazenda ainda se recuperava dos estragos que a praga deixou, e ela se dedicou arduamente, trabalhando todos os dias, ocupando-se de qualquer serviço que podia, para distrair sua mente.
Estava um lindo sol naquela manhã, onde Anahí com seu chapéu colhia suas flores em seu ritual diário. Estavam no meio do outono e seu jardim, agora completamente restaurado, seguia sendo seu refúgio. Ela olhou para as orquídeas que plantou há semanas querendo florir e lembrou-se inevitavelmente de Alfonso, sentindo o rosto esquentar e não ser pelo sol.
Ficara tão aborrecida com o que aconteceu que seu corpo inteiro tremia ao lembrar-se. Os lábios dele tocando os seus daquela forma tão intensa, invasiva, trouxe a ela lembranças que enterrou há muito tempo. Fez com que se lembrasse de todos os anos que sofreu na mão do falecido marido, onde ele fazia exatamente com ela o que Alfonso fez. Quando a violentava de todas as maneiras possíveis, arrastando seus lábios pelos dela grosseiramente. Não fora a mesma sensação dos lábios de Alfonso, mas as lembranças queimaram sua mente, e tudo o que ela sentiu foi desespero, logo depois raiva, e por fim tristeza.
Tristeza porque secretamente estava gostando de ter um amigo, mesmo que aquilo não fosse certo, não era certo um homem ser amigo de uma mulher. Ainda mais ela, viúva, ninguém poderia ser seu amigo. E aquilo só mostrava a ela que, estaria daquela forma para sempre, sozinha.
Ginnifer: Bom dia, Senhora. –falou sorridente, aproximando-se dela que ainda estava no meio do jardim-
Anahí: Bom dia Ginnifer. –respondeu, ignorando o fato do "senhora" ter surgido, levantou-se e entregou a ela a cesta com as flores que colheu, para que como todos os dias, colocasse-as em um vaso-
Ginnifer: Coloquei seu café da manhã ali mesmo na mesa do jardim. –avisou, tendo a atenção de Anahí- Está um dia lindo demais para que você fique presa lá dentro. –falou, sem medo, pois ela era uma das poucas pessoas que não tinha medo de enfrentar Anahí-
Anahí: Eu não quero nada. –disse dura-
Ginnifer: E vai desperdiçar toda aquela comida? –falou ofendida- É pecado.
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Além do Tempo
FanfictionEssa é uma história de amor. Um amor capaz de sobreviver além do tempo. Essa é uma história sobre encontros. Um encontro de almas. Essa é uma história sobre vidas. Um amor de vidas passadas. E sobretudo, essa é uma história sobre dor. E há dores...