Capítulo 49

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Anahí estava deitada em um vasto campo, olhando para o céu limpo e azul. Estava deitada sobre a grama e gostava da sensação, era confortável e ela conseguia sentir o cheiro das flores que tinham ali próximo, sentia o ar puro que tinha naquele lugar e ela gostava. O céu estava lindo, com um tom de azul que ela gostava, limpo de nuvens. Sabia que tinha muito no que pensar, mas naquele momento não conseguia pensar em nada, só conseguia sentir, sentir o cheiro das flores, sentir a paz que podia ter ali.

Mas então, o céu tão lindo que admirava, começou a se encher de nuvens, muitas nuvens, carregadas, escurecendo tudo. Ela se levantou apressada porque logo a chuva cairia e ela sabia que se não corresse, se molharia. Quando se levantou, estranhou ao olhar para seus pés e para si mesma, porque usava botas que não se lembrava de ter comprado, mas nada a surpreendeu mais do que estar usando aquele longo e pesado vestido negro, que se arrastava pela grama, tendo que erguê-lo para poder correr.

Ela correu, mas logo percebeu que não havia para onde ir, não havia nada por perto, era apenas o enorme campo a perder de vista, sem árvores e sem nada que pudesse lhe proteger do temporal que estava prestes a cair. Um trovão a fez parar de correr pelo susto, começando em seguida a sentir os pingos de chuva cair sobre ela. Ela não era mulher de se desesperar, sabia muito bem o que fazer, sempre soube sua vida inteira. Mas ali, estava perdida, sozinha, sem ter para onde ir.

Anahí seguiu correndo, sem destino, sem direção, apenas correu porque queria de alguma forma sair daquele lugar estranho, encontrar alguém. Quis tanto achar alguém que apareceu a sua frente, tão perto que quase esbarrou nele com a pressa no qual corria. Ela ergueu a cabeça e lá estavam, os olhos que ela tanto amava lhe encarando. Alfonso sorriu de canto para ela. Ele assim como ela completamente encharcado da chuva, apesar do chapéu que ele usava. Ele levou os dedos até seu queixo e ergueu seu rosto deixando que a água caísse sobre ele livremente, fazendo a rir, com ele ali, ela não tinha mais medo.

Seus olhos fixaram-se nos dele, que lhe olhavam tão profundamente, como se ele pudesse ver sua alma através deles. E então percebeu que também parecia ver a dele, e via o quão bonita era, sem se incomodar mais com a chuva e com qualquer outra coisa que pudesse estar entre eles. A sensação era de que não eram mais seus corpos que estavam ali, eram apenas suas almas, livres e enlaçadas por algo muito maior que tudo, o amor.

Um sentimento tão grande e profundo que parecia lhe sufocar, tirava seu ar e sabia que precisava dele, para sempre.

-

Anahí acordou três dias depois, e a primeira sensação era de que estava em um sono profundo. Respirou fundo, levando a mão até a testa e sentiu que tudo doía. Abriu os olhos lentamente, e estranhou não ter a sensação de chuva ou de ar puro, agora só havia luz, muita luz. Piscou várias vezes, dando-se conta de que estava em um quarto de hospital, sentindo um cateter com oxigênio em seu nariz e seu braço preso por vários fios.

Quando virou a cabeça para o lado, Alfonso estava lá sentado, o rosto mais pálido do que ela lembrava e com uma barba levemente crescida, vendo o choque nos olhos dele quando percebeu que ela acordara.

Alfonso: Graças a Deus, você acordou. –disse em um silvo, levantando-se apressado- Fique calma, eu vou chamar alguém, não se mexa, eu já volto.

Ela ia pedir para ele não ir, queria tocá-lo, queria ficar perto dele, mas sua voz não saiu, sentia a garganta seca e sem forças para nada. Quando Alfonso voltou, veio acompanhado de um médico e de enfermeiros que avançaram sobre ela, enchendo-a de perguntas. Levaram Anahí para uma bateria de exames, devolvendo-a ao seu quarto somente horas depois. Ao retornar ao quarto, Alfonso ainda estava lá, olhando-a meio ansioso, Ginnifer e Maite também estavam, nervosas e com olheiras. E só agora Anahí se dava conta do que havia acontecido.

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