Capítulo 4

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Dois anos se passaram desde que Anahí se tornou viúva, e deixou de ser agredida pelo falecido marido. Após a morte de Thomas, e por ser a única herdeira, Anahí passou a ser dona de tudo o que pertencia ao marido. Ficou com a fazenda, com sua fortuna, com suas posses de terras, sua mansão, teve de volta sua liberdade, mas também herdou as cicatrizes que ele lhe deixou.

Agora ela era uma mulher livre, livre para ir aonde queria, tinha dinheiro suficiente para fazer o que quisesse, tinha o seu próprio tempo e sua paz. Ela tinha aquela casa enorme só para ela, e após a morte do marido passou a assumir parcialmente os negócios da fazenda. Não era algo que uma mulher era bem vista fazendo naquela época, negociar com fornecedores, vender plantações, foi então que ela colocou Paul como seu ajudante, porque era uma das poucas pessoas em que ela confiava.

Naquela fática noite em que Thomas caiu da escada e morreu, ela teve a certeza de que eles não eram apenas seus empregados, eram verdadeiros amigos, que não a julgaram, não a acusaram, e não a denunciaram como culpada pela morte do marido. Paul cuidou de tudo, chamou um médico que atestou a morte de Thomas e cuidou dos ferimentos de Anahí. Ginnifer e Maria foram testemunhas de que Thomas estava bêbado e caiu acidentalmente escada a baixo, após agredir a esposa. Anahí chorou muito naquela noite, não se sabe se de dor ou alivio, mas jurou que eram as ultimas lágrimas que aquele homem tirava de seus olhos.

E agora, dois anos após a morte do marido, Anahí acordava cedo e disposta todas as manhãs, fazia desjejum ao ar livre, entre as flores que ela mesma plantou e cuidava com as próprias mãos do seu enorme jardim. Gostava de passear pela fazenda, ver as pessoas trabalhando, gostava dos animais e das plantações.

Ginnifer: Bom dia, Senhora. –falou, aproximando-se de Anahí, que estava abaixada no meio do jardim, colhendo algumas rosas-

Anahí: Já falei mil vezes que não precisa me chamar assim. –virou, o rosto protegido do sol com um chapéu de palha com uma fita amarrada embaixo do seu queixo, se erguendo para vê-la- Bom dia.

Ginnifer: É força do hábito. –disse com um risinho. Anahí seguiu até a mesa que havia ali próximo e sentou, servindo-se com água-

Anahí: Algum problema? –questionou, vendo que Ginnifer a encarar, parecendo nervosa-

Ginnifer: Não exatamente. –respondeu com uma careta. Os anos fizeram com que elas construíssem uma relação de amizade forte, se conheciam e confiavam uma na outra. Anahí era a amiga que Ginnifer nunca tivera-

Anahí: O que há, Ginnifer? Sente-se e fale de uma vez. –mandou, sentindo-se nervosa- É sobre aquele rapaz? –supôs-

Ginnifer: Mais ou menos. -falou, sentando-se a mesa, de frente a ela- Ontem nós nos encontramos, ele acabou de voltar de uma viagem que fez nos últimos meses... –começou, olhando-a timidamente- E estávamos com tanta saudade um do outro e nos beijamos tanto, e de uma forma diferente dessa vez. –confessou, fechando os olhos com força-

Anahí lembra-se como se fosse ontem quando há alguns anos, Ginnifer a confidenciou sobre seu primeiro beijo. Ficou tão surpresa, mas também se sentiu animada internamente vendo a outra descrever como acontecera. Ginnifer contou como algo especial, delicado e prazeroso. E Anahí acabou percebendo que nada do que ela descrevia batiam com as lembranças que ela tinha sobre aquele momento. Mas, Anahí não deixou de se entusiasmar, como a adolescente que nunca fora, pelo primeiro beijo da melhor amiga.    

Anahí: Ginnifer. -disse meio repreendedor, confusa- Diferente como? –questionou, mas Ginnifer continuou calada- Vamos, me conte, o que aconteceu?

Ginnifer: Não sei explicar, foi algo tão intenso. –falou pensativa, soltando um suspiro- Quis beijá-lo ainda mais. –contou meio envergonhada- Eu estava em seus braços e senti coisas diferentes. –tentou descrever, fazendo Anahí se surpreender-

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