Chapter One

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Dois anos depois...

Abro um olho primeiro vendo um teto, abro o outro e pisco algumas vezes por causa da claridade do quarto, esfrego meus olhos e depois encaro o teto. Minha cabeça doía por causa da ressaca, não deveria ter bebido tanto ontem, respirei fundo e olhei para meu lado direito.

Vi as costas nuas e magras, o cabelo curto ruivo espalhado pelo travesseiro.

- Puta merda.- me xingo baixo, levanto da cama, pego minhas roupas que estavam espalhadas no chão. Termino de colocar a blusa e olhei para cama vendo o garoto se mexer, ainda adormecido.

Droga, nem lembrava o nome dele, só sabia que ele era do curso de administração. Segurei minhas botas e bolsa, abri a porta do quarto e sai fechando a mesma sem fazer barulho.

A casa estava bagunçada por causa da festa, tinha gente dormindo no chão ainda. Depois de calçar as botas, saio da casa sendo abraçada pelo vento frio dessa manhã. Passo pelo gramado e começo a andar, a casa onde morava não ficava muito longe.

Abri a minha bolsa procurando meu celular, pelo menos nada foi roubado, segurei o aparelho ligando a tela. A primeira coisa que eu vi foi o horário, nove e quinze, ainda bem que hoje minhas aulas são depois do almoço.

Depois li o que tinha embaixo.

Dez ligações perdidas de Mel Líder

Trinta mensagens de Mel Líder

Cinco mensagens de Alisse ☀️

- Ah merda.- fecho os olhos me xingando de todos os nomes possíveis, respirei fundo desbloqueando a tela e ligando para Melanie.

Em três toques, a garota atendeu.

- Bom dia, bela adormecida. Teve uma noite agitada?- disse com tom de deboche, olhei para os lados atravessando a rua.

- Olha desculpe, eu esqueci de colocar o despertador e acabei dormindo na casa de um estudando de administração.- coloco a alça da bolsa no meu ombro e minha mão livre dentro do bolso trás da calça.

- Não importa com quem você transou, você perdeu a sessão, o embaixador estava aqui, era para você ter feito mas coloquei Henry no lugar.

- Acredite, eu queria ter feito mas eu realmente esqueci, bebi demais ontem.- Melanie suspirou do outro lado.

- Tudo bem, eu acredito em você. Nesses últimos dois anos você nunca faltou nenhuma sessão importante, apenas apareça na tumba antes do almoço, pelo menos veja o relatório do que Henry fez com o embaixador.

- Sim, senhora.- ela riu fraco.- Vou ter que desligar, estou chegando na minha casa.

- Até mais tarde.

- Até.- desligou. Subi os degraus da varanda da casa pegando a chave dentro da bolsa, abri a porta enquanto bocejava.

Fechei a porta e Aly já estava tomando sua xícara de chá.

- Bom dia flor do dia, eu te mandei mensagem.

- Eu vi agora, desculpa não ter respondido. Acabei dormindo na casa lá da festa.- disse indo na direção das escadas.

- Cadê Viviane? Ela não veio com você?

- Nem a vi, eu lembro que bebemos e depois eu subi com um garoto, provavelmente ela está apagada no banheiro da casa abraçando a privada.- Aly riu fraco.

- É bem a cara dela, é que o celular dela está dando ocupado.

- Isso já aconteceu, lembra que ela apareceu no mesmo dia com aquele mexicano de bigode torto?- ri quando terminei de falar, Viviane era doida mesmo.

- Lembro, qual será a surpresa da vez?- sorri e fui para meu quarto.

Alisse e Viviane eram minhas colegas de casa no campus da universidade de Willhard, que ficava perto de Nova York. O campus da universidade era enorme, parecia uma cidadezinha, além de ser considerada a melhor faculdade do país e todos tem o sonho de entrarem nela.

Eu poderia ficar em um dormitório, mas preferi ficar em uma casa e dividir com outras duas estudantes, então cá estou eu.

Alisse estudava Artes cênicas, ela tinha a pele marrom clara, olhos avelãs e cabelos cacheados, seu sorriso amigável foi a primeira coisa que chamou minha atenção três anos atrás quando entrei na faculdade.

Viviane fazia jornalismo, tinha pele bronzeada, cabelos longos loiros lisos e olhos azuis, ela que ia em todas as festas da faculdade e conhecia as melhores pessoas. Por influência, eu ia em algumas festas com ela, não todas.

Fecho a porta do meu quarto e entro no banheiro, ligo o chuveiro e depois faço um coque no meu cabelo. Olhei no reflexo no espelho, cabelos castanhos escuros que batem na altura dos meus seios, olhos de íris castanho escuro ou pretas dependia da iluminação, algumas sardas nas bochechas e nariz e a pele branca porque eu odiava pegar sol.

Já sofri bullying sendo comparada com um daqueles vampiros de Crepúsculo, Deus, eu odiava.

Tomei um banho, depois me sequei e fui para o quarto colocar uma roupa. Coloquei uma calça xadrez preto e branca, botas pretas que eram minhas companheiras e uma blusa de lã de manga longa preta.

Soltei meu cabelo deixando o leve ondulado, um prendedor no meu pulso para prender o cabelo durante a aula. Fiz uma maquiagem básica apenas para esconder as olheiras, depois peguei minha mochila de couro preta, abri conferindo se meus cadernos e jaleco estavam na mesma e desci as escadas.

- Agora sim está mais apresentável.- Aly diz quando me viu descendo as escadas.

- Sabe se tem algum remédio de dor de cabeça?

- Acho que tem alguns, vou pegar.- fiquei sozinha na cozinha, me sentei na cadeira perto da bancada e comecei a comer as panquecas que Aly tinha feito.

As mensagens que Melanie tinha me mandado era perguntando onde estava, me xingando ou me ameaçando de morte. Mandei mensagem para minha mãe dando bom dia e perguntando como ela e meu pai estavam.

Eu tinha um bom relacionamento com meus pais, eles me apoiaram quando escolhi o curso de biomedicina e entrei para Willhard, na família eu sou a prima que todos tem inveja.

Mandei uma mensagem para Melanie avisando que daqui a pouco iria para o local, bloqueei a tela e Aly entrou na cozinha.

- O último.- me entregou a cartela.

- Você é um anjo.- terminei de comer, peguei um copo de água e tomei o remédio para dor de cabeça. Depois de escovar os dentes, coloquei a alça da minha mochila no ombro.

- Ué mas as suas aulas hoje não são de tarde?

- Eu vou passar na biblioteca para terminar um trabalho.- minto.

- Eu estou começando a suspeitar que "biblioteca" é um anagrama para namorado ou namorada.- ri fraco abrindo a porta.

- Estou solteira, obrigada.- me despedi dela e fechei a porta saindo da casa.

O prédio de Biomedicina ficava perto da minha casa, mas a "biblioteca" ficava algumas quadras distantes. Eu tinha carteira de motorista mas não tenho carro ainda, então a opção é ir a pé.

Estávamos no final do outono, logo seria inverno, mas o vento frio já se fazia presente.

Coloquei os fones nos ouvidos e segui caminho.

A Sétima CasaOnde histórias criam vida. Descubra agora