Chapter Two

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Quando eu disse que o campus da universidade parecia uma cidadezinha, eu estava falando a verdade. Me lembro que eu ficava perdida nos primeiros meses, agora o caminho estava gravado na minha cabeça.

Entrei no cemitério de Los Bones, o cemitério da cidade que ficava bem no centro.

Olhei o horário no meu celular que marcava quase onze horas da manhã, passei pelos túmulos indo na direção das tumbas. Parei de andar ficando de frente para a porta da tumba número quatro, eram sete no total, bom, seis abertas e funcionando.

Olhei para os lados vendo se eu estava mesmo sozinha, abri a porta da tumba e entrei ligando a luz do celular. Fechei a porta e comecei a descer as escadas para o subsolo.

Depois de dois anos eu perdi o medo, eu acredito em espíritos e mortos, mas eles não me assustavam mais, os vivos que me apavoravam.

Eu lembro que eu odiava vir aqui sozinha, alguém tinha que me fazer companhia, mas aos poucos eu acabei me acostumando. Pausei a música e só escutava os sons dos meus passos descendo as escadas.

Desci o último degrau, andei pelo túnel até chegar na sala subterrânea. Uma sala secreta para uma sociedade secreta.

Willhard era conhecida por todos pelas ótimas oportunidades de estudos e bons ensinos, mas ninguém sabia sobre a existência das sociedades secretas, apenas pessoas poderosas, aquelas que podiam movimentar a economia, a política do mundo e entretenimento como alguns artistas.

No total são seis casas, eram sete, mas a sétima acabou fechando décadas atrás, Melanie me explicou que eles estavam tentando ressuscitar os mortos e algo deu errado. As casas não mexem com os mortos, é proibido, apenas mexemos com os vivos.

A sala era maior do que aparentava, havia outros túneis para outras partes, no centro havia uma mesa em formato de círculo, alguns integrantes dormiam nos sofás no canto direito da sala. Havia algumas estandes com os livros importantes para nossa casa no lado esquerdo.

Minha casa, a casa quatro, sangradores.

Eu era uma sangradora.

Tudo era iluminado por luzes elétricas, não era frio ou calor aqui embaixo, mas as vezes percorria um ar frio.

Melanie apareceu com algumas pastas nas mãos e me olhou, me aproximei da mulher. Ela era a líder da casa, minha mentora, ela diz que eu era sua favorita, não sabia se era verdade.

Melanie tinha a pele negra, eu era alta mas Melanie era mais alta que eu, os cabelos escuros agora estavam com tranças box braids, os olhos eram castanhos claros.

- Pelo menos apareceu.- me entregou uma pasta.

- Henry fez direito?- coloquei o celular no bolso da calça e abri a pasta começando a ler as folhas.

- Acho que sim, mas o embaixador disse que quer voltar mês que vem.- vi a foto do homem de sessenta anos, de terno e não sorria. Um dos embaixadores do México, veio aqui porque andava com pressão alta e insônia.

Era isso que nós sangradores fazemos, nós sentimos e escutamos o coração das pessoas, podemos controlar seus humores e sentimentos, acalma-los em uma situação de dor.

Quando eu era pequena eu crescia escutando histórias de fantasia e vendo filmes onde a mocinha tinha poderes mágicos, pensado que tudo era coisa da imaginação, mas cresci e descobri que eu tenho poderes mágicos.

Não chamamos de magia, é muito complicado, acabamos chamando de dom, o dom que cada casa tem. Lembro que no meu primeiro ano estudando perguntei a Melanie porque ninguém sabe disso ou se poderia haver outras pessoas com poderes.

A Sétima CasaOnde histórias criam vida. Descubra agora