- Tem vários rituais aqui, mas ainda não achei nenhum que siga o padrão que temos.
- Tem certeza que é um ritual?- digo mordendo o canudo do refrigerante que bebia.
Era noite, estávamos em uma sala de estudos vazia no prédio de biomedicina, elas ficavam abertas o tempo todo. Tínhamos passado na minha casa para pegar os livros e na de Ben, depois passamos em uma lanchonete para comprar hambúrgueres e batata frita.
- Tem tudo para ser.
- Você já fez um ritual?- Ben me olhou, levantei às mãos. Eu estava sentada em uma cadeira, ele estava em pé com as mãos apoiadas na mesa, as mangas da blusa puxadas para o cotovelo mostrando as tatuagens no braço.
Nossos casacos e luvas estavam em outra mesa, as vezes eu me pegava olhando ele e pensando se algum dia teria a possibilidade de repetir o beijo que demos naquela festa.
- Roxie?- balancei a cabeça saindo dos meus pensamentos.- As vezes eu tenho medo do que se passa na sua cabeça.
- O que disse antes?
- Já participei, mas nunca matei ninguém. Meu pai tinha um amigo no necrotério e durante a madrugada eu e ele íamos estudar os cadáveres, sem fazer danos.
- Ah por Deus, de madrugada?- digo sentindo um arrepio passando por minha espinha.- Que horror.- Ben riu.
- Tem medo da hora dos mortos?- provocou.
- Muda de assunto, volta para os livros vai.- ele amassou um guardanapo limpo que veio com o nosso lanche e o jogou em mim.- Ei!
- Me ajuda também.
- Eu não sei latim. Vai por mim, eu estou me sentindo inútil nessa parte.
- Você não é inútil.
- Eu estou brincando.- terminei meu refrigerante, senti meu celular vibrar no meu bolso com mensagens, Ben também tirou o dele do bolso.
Abri as mensagens e era de mais um assassinato, a polícia já estava no local, foi uma garota que fazia curso de letras.
- Bown hill, na frente do gramado do prédio de letras.- Ben disse lendo as mensagens.- Impossível que não tenha nenhuma testemunha.
Praça do Anjo caído, Praça Swan, um beco na rua Oscar hial e no gramado de Bown hill.
Me levantei da cadeira no pulo e ela rangeu para trás, Ben me olhou confuso quando eu me aproximei dele na mesa e puxei o mapa da cidade que tínhamos pego. Peguei um marcador preto e fiz um X marcando as área onde encontraram os corpos.
Fiz uma linha juntando os pontos, acho que Ben pegou meu raciocínio porque ele começou a murmurar algo em latim enquanto folheava as páginas de um dos livros.
Terminei o desenho e coloquei a caneta em cima do papel, as mortes foram em pontos específicos da cidade e faltava duas para formar um hexágono completo.
- Merda.-Ben disse e o olhei, o mesmo aproximou o livro. Na página tinha a figura do hexágono com alguns símbolos estranhos e palavras em latim.
- Qual é o ritual?
- Os corpos foram sacrifícios para o ritual de ressureição.- nos olhamos.- Magia proibida, quem quer que esteja fazendo isso, quer ressuscitar os mortos. Até porque...
Ben pegou a caneta, ele desenhou linhas a partir das pontas do hexágono até o centro da figura.
- O cemitério.- digo colocando minhas mãos na mesa em choque.- O cemitério é o centro, a pessoa vai ressuscitar os mortos.
- A cidade vai virar um caos, a morte vai estar por todo lugar. Não só cadáveres, mas espíritos malignos, espectros, tudo.
- Deus!- abaixei a cabeça.- É pior do que eu imaginava.- Benjamin abraçou meus ombros, levantei meu olhar e continuei encarando o desenho no mapa.- A próxima morte é na quadra de basquete da cidade.
- Temos que impedir essa morte e achar o culpado antes que ele complete o ritual.- balancei a cabeça assentindo mais de uma vez.- Pelo menos você viu que eu não sou o assassino, passei praticamente a tarde e noite com você.- o olhei e dei uma cotovelada de leve nas suas costelas fazendo ele se afastar.
╔═══════ ≪ 🫀 ≫ ═══════╗
- Nem sabemos quando que a pessoa ataca.
- Então vamos ter que ficar indo pelo menos uma vez no dia para a quadra, a partir do meio da semana porque ele nunca mata dois ou três dias depois do último assassinato.- assenti, terminei de fechar minha mochila com os livros dentro, o mapa também estava nela.
Ele virou o volante entrando na rua da minha casa, o carro parou na frente da minha calçada.
- Acho que estou repensando seriamente em fazer a tatuagem.
- Por que?- riu fraco.
- Estamos mexendo com magia proibida Ben, não duvido que vamos encontrar mais fantasmas ou algo pior. Será apenas por precaução.- o olhei.
- Como é permanente, pelo menos você vai ficar protegida o resto da vida.
- É.- segurei minha mochila.- Então, Boa noite.
- Boa noite.- coloquei a mão na maçaneta da porta mas não cheguei a abri-la.
Puxei o sobretudo de Benjamin e o beijei, eu o tinha perdoado não iria me sentir culpada, foi apenas dois selinhos, mas quando eu separei um pouco meu rosto, Ben segurou ele pela lateral e me beijou novamente.
Um beijo calmo, ao contrário do que demos no escritório, novamente eu senti borboletas na minha barriga, escutava o coração de Benjamin acelerado, batendo rápido.
Ou talvez seja o meu.
Ele separou o beijo e eu sorri fraco sem graça.
- Boa noite.- me deu mais um selinho.
- Boa noite.- dessa vez eu sai do carro, quando eu abri a porta de casa, Ben foi embora.
Fechei a porta e Alisse apareceu na escada.
- Você viu? Teve mais uma.
- Eu vi.
- Estou começando a ficar com medo.- me aproximei e a abracei.
- Tá tudo bem, logo a polícia vai pegar o assassino, eu aposto.- ou eu vou pegar ele primeiro e matá-lo.
- Antes de você dormir, me ajuda a passar um texto para terça?
- Claro.- Alisse cheirou meu pescoço e eu a olhei confusa.
- Você tá com cheiro de perfume masculino caro, você tava com quem eu estou pensando?
- Não aconteceu nada demais, apenas saímos para comer um lanche e nos beijamos.- Alisse abraçou meu braço, eu comecei a rir quando ela começou a pedir detalhes de como foi. Parecia uma pré-adolescente, mesmo com ela quase namorando um garoto de geografia.
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A Sétima Casa
FantasyA Universidade Willhard era o sonho de qualquer estudante, com seu enorme campus e bons ensinos. Porém, nem tudo na faculdade era perfeito, ela tinha seus segredos. Willhard possuía seis sociedades secretas, cada uma com um dom diferente e especial...