Chapter Seventeen

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- Tem vários rituais aqui, mas ainda não achei nenhum que siga o padrão que temos.

- Tem certeza que é um ritual?- digo mordendo o canudo do refrigerante que bebia.

Era noite, estávamos em uma sala de estudos vazia no prédio de biomedicina, elas ficavam abertas o tempo todo. Tínhamos passado na minha casa para pegar os livros e na de Ben, depois passamos em uma lanchonete para comprar hambúrgueres e batata frita.

- Tem tudo para ser.

- Você já fez um ritual?- Ben me olhou, levantei às mãos. Eu estava sentada em uma cadeira, ele estava em pé com as mãos apoiadas na mesa, as mangas da blusa puxadas para o cotovelo mostrando as tatuagens no braço.

Nossos casacos e luvas estavam em outra mesa, as vezes eu me pegava olhando ele e pensando se algum dia teria a possibilidade de repetir o beijo que demos naquela festa.

- Roxie?- balancei a cabeça saindo dos meus pensamentos.- As vezes eu tenho medo do que se passa na sua cabeça.

- O que disse antes?

- Já participei, mas nunca matei ninguém. Meu pai tinha um amigo no necrotério e durante a madrugada eu e ele íamos estudar os cadáveres, sem fazer danos.

- Ah por Deus, de madrugada?- digo sentindo um arrepio passando por minha espinha.- Que horror.- Ben riu.

- Tem medo da hora dos mortos?- provocou.

- Muda de assunto, volta para os livros vai.- ele amassou um guardanapo limpo que veio com o nosso lanche e o jogou em mim.- Ei!

- Me ajuda também.

- Eu não sei latim. Vai por mim, eu estou me sentindo inútil nessa parte.

- Você não é inútil.

- Eu estou brincando.- terminei meu refrigerante, senti meu celular vibrar no meu bolso com mensagens, Ben também tirou o dele do bolso.

Abri as mensagens e era de mais um assassinato, a polícia já estava no local, foi uma garota que fazia curso de letras.

- Bown hill, na frente do gramado do prédio de letras.- Ben disse lendo as mensagens.- Impossível que não tenha nenhuma testemunha.

Praça do Anjo caído, Praça Swan, um beco na rua Oscar hial e no gramado de Bown hill.

Me levantei da cadeira no pulo e ela rangeu para trás, Ben me olhou confuso quando eu me aproximei dele na mesa e puxei o mapa da cidade que tínhamos pego. Peguei um marcador preto e fiz um X marcando as área onde encontraram os corpos.

Fiz uma linha juntando os pontos, acho que Ben pegou meu raciocínio porque ele começou a murmurar algo em latim enquanto folheava as páginas de um dos livros.

Terminei o desenho e coloquei a caneta em cima do papel, as mortes foram em pontos específicos da cidade e faltava duas para formar um hexágono completo.

- Merda.-Ben disse e o olhei, o mesmo aproximou o livro. Na página tinha a figura do hexágono com alguns símbolos estranhos e palavras em latim.

- Qual é o ritual?

- Os corpos foram sacrifícios para o ritual de ressureição.- nos olhamos.- Magia proibida, quem quer que esteja fazendo isso, quer ressuscitar os mortos. Até porque...

Ben pegou a caneta, ele desenhou linhas a partir das pontas do hexágono até o centro da figura.

- O cemitério.- digo colocando minhas mãos na mesa em choque.- O cemitério é o centro, a pessoa vai ressuscitar os mortos.

- A cidade vai virar um caos, a morte vai estar por todo lugar. Não só cadáveres, mas espíritos malignos, espectros, tudo.

- Deus!- abaixei a cabeça.- É pior do que eu imaginava.- Benjamin abraçou meus ombros, levantei meu olhar e continuei encarando o desenho no mapa.- A próxima morte é na quadra de basquete da cidade.

- Temos que impedir essa morte e achar o culpado antes que ele complete o ritual.- balancei a cabeça assentindo mais de uma vez.- Pelo menos você viu que eu não sou o assassino, passei praticamente a tarde e noite com você.- o olhei e dei uma cotovelada de leve nas suas costelas fazendo ele se afastar.

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- Nem sabemos quando que a pessoa ataca.

- Então vamos ter que ficar indo pelo menos uma vez no dia para a quadra, a partir do meio da semana porque ele nunca mata dois ou três dias depois do último assassinato.- assenti, terminei de fechar minha mochila com os livros dentro, o mapa também estava nela.

Ele virou o volante entrando na rua da minha casa, o carro parou na frente da minha calçada.

- Acho que estou repensando seriamente em fazer a tatuagem.

- Por que?- riu fraco.

- Estamos mexendo com magia proibida Ben, não duvido que vamos encontrar mais fantasmas ou algo pior. Será apenas por precaução.- o olhei.

- Como é permanente, pelo menos você vai ficar protegida o resto da vida.

- É.- segurei minha mochila.- Então, Boa noite.

- Boa noite.- coloquei a mão na maçaneta da porta mas não cheguei a abri-la.

Puxei o sobretudo de Benjamin e o beijei, eu o tinha perdoado não iria me sentir culpada, foi apenas dois selinhos, mas quando eu separei um pouco meu rosto, Ben segurou ele pela lateral e me beijou novamente.

Um beijo calmo, ao contrário do que demos no escritório, novamente eu senti borboletas na minha barriga, escutava o coração de Benjamin acelerado, batendo rápido.

Ou talvez seja o meu.

Ele separou o beijo e eu sorri fraco sem graça.

- Boa noite.- me deu mais um selinho.

- Boa noite.- dessa vez eu sai do carro, quando eu abri a porta de casa, Ben foi embora.

Fechei a porta e Alisse apareceu na escada.

- Você viu? Teve mais uma.

- Eu vi.

- Estou começando a ficar com medo.- me aproximei e a abracei.

- Tá tudo bem, logo a polícia vai pegar o assassino, eu aposto.- ou eu vou pegar ele primeiro e matá-lo.

- Antes de você dormir, me ajuda a passar um texto para terça?

- Claro.- Alisse cheirou meu pescoço e eu a olhei confusa.

- Você tá com cheiro de perfume masculino caro, você tava com quem eu estou pensando?

- Não aconteceu nada demais, apenas saímos para comer um lanche e nos beijamos.- Alisse abraçou meu braço, eu comecei a rir quando ela começou a pedir detalhes de como foi. Parecia uma pré-adolescente, mesmo com ela quase namorando um garoto de geografia.

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