Chapter Fourteen

246 54 23
                                    

- O que ele te falou?- Ben perguntou quando eu passei o último degrau da escada. O corredor estava uma bagunça, tinha gente bebada no chão, gente se pegando contra as paredes, as portas do quarto estavam fechadas, agradecia pela música estar alta.

- Nada, nada importante.- digo, viro a garrafa de ice até ela ficar vazia.

Nós dois entramos no escritório e fechamos a porta, liguei a luz vendo que era um escritório normal. Coloquei a garrafa vazia na lixeira pequena no canto e fui olhar as gavetas.

Ben fez o mesmo, abrimos as duas últimas gavetas e tiramos as pastas que tinha nelas, bati procurando um fundo falso.

- Aqui.- Ben disse e ele tirou o pedaço de madeira revelando o fundo falso. Ben se levantou e me entregou um saquinho marrom.

Abri o mesmo e tinha uma chave nele, era prata mas com um pouco de ferrugem.

- Achamos.- guardei o saquinho no bolso da minha calça.- Que desculpa merda que você deu lá embaixo em.

- Você tinha uma melhor?

- Não.- ele sorriu de lado.

- Como ele se safou de você?

- Não sei, talvez porque ele já sabia pelo menos como funciona os poderes de um sangrador, ou talvez foi álcool no meu sangue, nunca fiz isso depois de ter bebido.

- Pelo menos temos a chave agora.- assenti, ficamos um tempo em silêncio.

- Então...vamos embora, já está quase dando meia noite e quarenta.- digo me virando.

- Roxie, eu...- me virei novamente e olhei Ben, o garoto se aproximou e me beijou.

Seu coração estava batendo rápido nos meus ouvidos, junto com o meu, ele separou um pouco o rosto, deixando nossos lábios a centímetros de distância.

Abri eles para falar algo mas nada saiu, molhei meus lábios e o beijei novamente, colando meu peito com o dele. Minha mão foi para a sua nuca, no seu cabelo e a dele foi para a lateral do meu rosto.

Sentia sua língua contra a minha, sua mão desceu da lateral do meu rosto até minhas costas. A que estava na minha cintura, foi para dentro do meu sobretudo descendo até minha coxa.

Separei o beijo quando Ben me segurou e me colocou em cima da mesa da escrivaninha. Voltamos as nos beijar, seu corpo estava entre minhas pernas, sua mão puxava minha cintura com firmeza para mais perto dele.

Era intenso, um beijo que dava borboletas na minha barriga e começava a deixar meu corpo com calor, principalmente com as mãos de Ben sobre ele.

Uma na minha cintura e a outra na minha coxa, a apertando, subindo.

- Ih, vish...- separamos o beijo e nós dois olhamos para a porta, onde tinha um garoto com um baseado na mão e mais duas pessoas.- caralho..desculpa ai, não sabia que tinha gente...desculpa aí na moral.

Eles fecharam a porta, olhei para Ben e rimos da situação.

- Acho melhor irmos logo.- digo com um pouco de vergonha.

- Sim.- ele se afastou e eu desci da mesa ajeitando meu sobretudo, passei a mão nos bolsos checando se a chave e meu celular estavam neles.

Ben deu mais um passo e segurou meu rosto com as duas mãos, me deu um, dois selinhos. Sorri fraco com seu rosto próximo do meu.

- Vamos.- assenti e saímos da sala.

          ╔═══════ ≪ 🫀 ≫ ═══════╗

Passamos pelo buraco e entramos no cemitério, desci as escadas da minha tumba, a lanterna do celular para baixo.

A sala estava vazia e escura, passamos pelo cômodo e entramos no túnel para tumba sete. O caminho estava totalmente escuro e frio, fechei mais ainda o meu sobretudo.

- Ali.- Ben apontou para frente com a lanterna do celular e mostrou uma porta de madeira, tirei a chave do bolso e coloquei na fechadura.

A porta rangeu quando eu abri, toda a sala estava escura, abandonada. Levantamos as lanternas vendo muitas teias de aranhas e poeira.

- É, sinto que minha rinite vai atacar depois de hoje.- escuto a risada de Ben depois do meu comentário.

Nos aproximamos das estantes com livros, todos cobertos de poeira e estavam em uma língua que eu não conseguia identificar.

Peguei alguns livros e levei para a mesa, passei a mão tirando a poeira.

- Como vamos saber qual é o livro certo? Não está na nossa língua.- folheio algumas páginas e vi vários símbolos que não conhecia.- Ben?

- Tem alguma coisa aqui.- apontou com a lanterna para cada canto na sala, me virei já sentindo meu coração acelerar.

Gritei quando algo agarrou meu pé e me puxou para trás, meu celular caiu no chão iluminando o teto.

- Ben!- gritei, minhas unhas rasparam no chão tentando agarrar em algo. Meu corpo foi virado com agressividade, me apoiei nos meus cotovelos olhando assustada, morrendo de medo.

Eram dois fantasmas, não, espectros, dois garotos. A pele era acinzentada e visível do outro lado, as roupas rasgadas, os olhares sem almas, vazios mas macabros ao mesmo tempo.

Um deles abriu a boca revelando uma gosma preta, os braços esticados para mim prontos para irem no meu pescoço. Cruzei meus braços na frente do meu rosto com medo do que ele poderia fazer, ele estava morto, não podia controlá-lo, não tinha coração.

- Interdictum Imaginis.- olhei entre meus braços e os dois espectros foram jogados contra a parede, ambos gritaram, um grito agudo que doeu meus tímpanos.- Interdictum.

Os espectros gritaram novamente levantando os rostos e seus corpos explodiram, apenas deixando poeira voando pelo ar e a marca dos dois na parede.

Olhei para trás, Ben olhava para a parede onde antes estavam os fantasmas, a manga do seu sobretudo estava um pouco puxada para cima mostrando sua tatuagem no pulso da folha de louros que estava mais escura que o normal, a mão direita aberta na direção da parede, fechava os dedos e abaixava a mão devagar, com medo dos espectros voltarem.

- Você...- ele me olha, o braço ao lado do seu corpo.

- Roxie...

Ele era um sombrio.

Benjamin fazia parte da sétima casa.

A Sétima CasaOnde histórias criam vida. Descubra agora