Chapter Three

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Parei de correr ofegante quando avistei o prédio de administração e Direito. Ao lado tinha uma praça, a Praça do Anjo Caído, tinha esse nome por causa da estátua no chafariz.

Via as luzes dos carros da polícia e uma ambulância, alguns policiais não deixava as pessoas curiosas entrarem no parque.

Fechei os olhos colocando a mão no meu peito, usei meu dom em mim mesma.

Tum! Tum! Tum! Tum!
Tum. Tum! Tum. Tum!
Tum. Tum. Tum. Tum.

Abro os olhos soltando o ar que prendia, ajeitei a alça da mochila no meu ombro e me aproximei. Passei longe das pessoas que os policiais controlavam para não entrarem na cena do crime.

Vi para-médicos guiando uma maca para a ambulância, um papel metálico cobria o corpo mas com o balanço, o braço caiu para o lado e eu vi as pulseiras coloridas.

- Eu comprei elas quando fui para o Brasil, antes de entrar para Willhard. Perto da praia tem um monte de gente vendendo elas, são lindas né?- Viviane disse me mostrando seu braço com pulseiras.

Engoli a seco segurando as lágrimas, choro só no travesseiro Roxanne.

A ambulância se foi com o barulho alto das sirenes, não iria conseguir ver como está o corpo, em que estado está.

Era impossível, eu vi Viviane ontem. A culpa era minha, eu não deveria ter deixado ela sozinha, talvez ela ainda estivesse viva...

Passei a mão embaixo dos meus olhos e engoli a seco, vi um detetive saindo do local enquanto falava no celular. Observei o mesmo se afastando, o seu carro estava na rua ao lado, olhei para os lados percebendo se tinha alguém me vendo e segui o homem.

Ele desligou o celular colocando dentro do bolso do casaco, passou a mão nos cabelos parecendo estar frustrado. Aproveitei a pouca iluminação da rua para me aproximar mais perto.

Ele entrou no carro, segurei a porta antes dele fechar a mesma.

- O que pensa...- segurei seu pulso diminuindo as batidas do seu coração, me aproximei me agachando perto do banco, ainda segurava o pulso do detetive.

As batidas ficavam lentas, como se ele estivesse sonolento, em uma espécie de hipnose. O homem fechou os olhos, a cabeça caindo um pouco para frente.

- De quem era o corpo que acharam no parque?- sabia que ele não relembraria da minha voz ou meu rosto, mesmo com a pouca iluminação, ele estaria ouvindo o eco da minha voz e a visão meio embaçada.

- Uma...uma estudante... jornalismo, Viviane...Viviane Gales.- engoli a seco, não podia vacilar se não ele iria sair do transe.

Tum. tum. Tum. tum.

- Foi suicídio?- a palavra saiu rasgando pela minha garganta.

- Não...

- Assassinato?

- Talvez...- a cabeça caiu para frente mas ainda estava acordado.

- Como estava o corpo?

- Cortes....sangue, símbolo estranho...no peito.- franzi o cenho.

- Acharam alguma arma?

- Não...- a voz falhou, logo ele apagaria de vez.

- Onde está o corpo?

- Necrotério... de...Willhard, amanhã...autópsia.- desacelerei mais uma batida e ele apagou, não estava morto claro, era como se estivesse dormindo, em poucos minutos acordaria de novo.

Me levantei e fechei a porta do carro com cuidado deixando o detetive adormecido, comecei a andar lento.

Não foi suicídio, alguém assassinou Viviane, mas por que? Quem teria feito isso? Símbolo do peito, o que isso significava?

A Sétima CasaOnde histórias criam vida. Descubra agora