- Qual curso você faz?- perguntei depois de alguns segundos em silêncio.
- Direito. Meus pais são empresários.
- Nossa quanta humildade, quer depositar alguma quantia na minha conta não?- ele riu novamente, percebi que gostava da sua risada.
- Você faz o que?
- Biomedicina.
- Futura biomédica? Pode ir longe também.- revirei os olhos rindo fraco, tocava rolling in the deep da Adele na rádio, o volume baixo. Olhei os braços dele, a blusa era de manga cumprida preta, mas as mangas estavam arregaladas até os cotovelos.
No ante braço direito tinha tatuagens, uma era duas frases cruzadas em um X.
Make Hay while the sun shines.
Rather be dead than cool.A primeira era a expressão que significava aproveitar as coisas boas, a segunda era como uma metáfora de "prefiro morrer do que viver sem paixão".
- Gosta do Nirvana?- aponto para a frase, ele parou o carro em um sinal vermelho.
- Você é a primeira pessoa a reconhecer as frase de primeira.- passou a mão nelas.- Sempre gostei da banda desde pequeno, então tive um surto na adolescência e tatuei.
A segunda era no pulso, um galho de folha de louro enrolado nele.
- Outro surto da adolescência, mas não tem significado, talvez glória ou prosperidade.- ele me olhou.- Você tem alguma?
- Apenas uma.- tiro a manga esquerda do casaco e mostro meu antebraço. Era uma frase embaixo da onde era feito o exame de sangue.
These violent delights
Have violent ends.Essas delícias violentas, tem fins violentos.
- Shakespeare?- seu olhar subiu do meu antebraço para meu rosto, eu assenti.
- Eu era a criança estranha que lia bastante durante infância e adolescência, eu adorava Shakespeare. Essa frase...tem um significado mais profundo que imaginamos.
- Também gostava de ler Shakespeare, era um passa tempo.- o sinal abriu, coloquei a jaqueta de novo.
- As tatuagens não atrapalham a sua imagem? No curso que eu digo.
- Camisas de manga cumprida escondem elas.
- Elas são bonitas.
- A sua também.- percebi que seu coração acelerou um pouco, mas eu não disse nada.
- O que gosta de fazer?
- Andar de carro, ler, escutar música. E você?
- Ler, escutar música, ver filmes...Nada diferente.
- Aquela garota que estava com você na porta, é...Alisse?
- É, eu, ela e Viviane morávamos na mesma casa.
- Eu lembro de Viviane falar sobre vocês, mas apenas por nome.- ele virou o volante fazendo o carro virar na rua do cemitério, suas mãos naquele volante era estranhamente atraente.
- O que ela falou sobre mim?- perguntou.
- Coisas, várias coisas.- digo e ele sorriu fraco enquanto estava concentrado fazendo a vaga. O carro parou, entreguei o sobretudo de Benjamim e saímos do carro.
Atravessamos a rua enquanto o garoto colocava o casaco preto. O portão principal do Los bones estava fechado, então tivemos que dar a volta e entrar escondido por um buraco no muro, escondido por arbustos.
Ligamos a lanterna dos nossos celulares e começamos a andar, era assustador de noite, silencioso demais, frio demais, morto demais.
- Você gosta de ser uma sangradora?
- Gosto, gosto bastante.- mesmo que meu trabalho seja apenas mudar o humor das pessoas e aliviar dor, eu gostava, gostava que poderia controlar um órgão tão importante do nosso corpo.- E você gosta de ser um leitor?
- É meio inútil, não uso muito, mas não odeio.- virou o rosto para os lados.- Por aqui.
Andamos até as tumbas. A tumba seis era parecida com a tumba quatro por fora, mas havia o número seis romano. Tentei abrir mas a porta não se mexeu, Benjamin também tentou e não aconteceu nada.
- Não abre se você não for um membro da casa, método de segurança.- apontei com a lanterna do celular a tumba quatro.- Vamos pela minha ou a sua?
- Sua.- andamos até a quatro e eu abri a porta. Benjamin fechou a porta e começamos a descer as escadas, um vento frio atingiu o túnel.
Andamos até a sala no centro, estava vazia, não tinha sessões hoje, Melanie estava na casa dela estudando, havia apenas alguns homens mas eles estavam distraídos que nem notaram eu e Benjamim.
- Aqui.- apontei para o túnel que daria para a casa seis, andamos com as lanternas sempre para o chão. Ficamos em silêncio e o fim do túnel deu para a sala central da casa seis.
Tinha uma mesa no centro igual a quatro, mas a sala era cercada por estandes com livros, a casa seis era uma das casas com mais livros, para guardar informações e histórias importantes.
- Boa noite, o que querem?- uma menina se aproximou ajeitando os óculos.
- Apenas queremos fazer uma pesquisa sobre símbolos, vocês tem algum livro sobre?
- Tenho alguns sim, um instante.- se afastou.
- Acho que isso é o paraíso.- Benjamin disse olhando para os livros, apagamos as lanternas do celular.
- Nunca esteve nessa casa?
- Nunca.- eu venho aqui por causa de Daniel, mas também não era frequente. Também fui na cinco dos curadores, mas apenas essas.
A garota nos guiou até uma mesa com algumas iluminarias e nos entregou seis livros, agradeci e a mesma sorriu fraco se afastando.
- Acho que teremos uma longa noite.- Benjamim tirou o sobretudo colocando na cadeira, não estava frio ou calor, não conseguia explicar como a temperatura funcionava aqui em baixo.
- Preferia passar ela fazendo outra coisa?- provoquei, tirei meu casaco colocando na cadeira, me sentei e puxei um livro.
- Estou na universidade que amo, cercado de livros, acompanhado por uma garota interessante, tentando resolver um mistério do assassinato de uma amiga de infância. Poderia ser melhor?- disse me olhando enquanto abria o livro.
- Interessante?- levantei uma sobrancelha.
- Tenho outros adjetivos mas preferi não usá-los.
- Filho da puta.- digo rindo fraco e abaixando meu olhar para a página do livro, Benjamin riu fraco e olhou para seu livro.
╔═══════ ≪🫀≫ ═══════╗
Olho o horário no meu celular e marcava dez e vinte da noite, minha barriga roncava mesmo eu tendo comido um pacote de biscoitos antes de vir para cá.
Benjamin bocejou enquanto virava a página do seu segundo livro.
- Achei!- levei um susto e olhei Benjamim, ele virou o livro para mim e eu fechei o que eu estava lendo.
Ben me mostrou a foto do símbolo no seu celular comparando com a imagem no livro e realmente era o mesmo símbolo, uma espécie de silhueta de um corvo preto.
Em cima do símbolo no livro havia o título do capítulo.
Capítulo 78: A Sétima Casa
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A Sétima Casa
FantasyA Universidade Willhard era o sonho de qualquer estudante, com seu enorme campus e bons ensinos. Porém, nem tudo na faculdade era perfeito, ela tinha seus segredos. Willhard possuía seis sociedades secretas, cada uma com um dom diferente e especial...