capítulo-25

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Por Isabelle

Mal consegui fechar os olhos durante a noite. Pela primeira vez na vida eu entendi o que é sentir medo.
Muitas vezes acreditei que estava com medo do futuro, mas hoje percebo que não era medo. Estou destruída por dentro, nunca imaginei um mundo sem o meu pai, mesmo sendo o normal da vida.

Ao amanhecer, percebo que adormeci atravessada sobre minha cama, da mesma forma que fiquei quando meu tio saiu do meu quarto durante a madrugada.

Olho no espelho e vejo um olhar cansado e abatido em meu rosto.

Tento procurar animo para manter uma postura diante dos meus pais, mas sei que será muito difícil.

👸👑

Olhei para porta do gabinete ao lado do meu e vi o nome de Pedro.

Não pude deixar de entrar. Ao abrir a porta vi uma foto da minha família em sua parede. Ao olhar para o meu pai, me aproximei da foto e passei minutos admirando a sua beleza.

Me lembro dessa foto, foi no desfile de 7 de setembro de 2015. Na época, a popularidade do meu pai havia atingido o nível máximo e me lembro o como ele estava feliz nesse dia.

Rio de Janeiro, 07/09/2015

A população em peso nas Rua é um demonstrativo da admiração que esse povo tem pelo meu pai. Posso não concordar com ele em algumas pautas, porém tenho muito orgulho de ser sua filha.

— Filha, é sempre importante manter um sorriso no rosto mesmo quando você não está feliz. — Disse Meu pai.

— Estou feliz, meu pai! Mas estou com muito calor com essa roupa e ainda estou com muita sede.

Meu pai fez algo que nunca imaginei que poderia fazer, ele quebrou o protocolo totalmente. Pois, se afastou do palanque em que acompanha o desfile na Marques de Sapucaí e foi próximo ao muro que separa o público das autoridades presentes.

Chamou um vendedor ambulante e pediu uma garra de água. 

O público foi ao delírio com um pequeno ato, mas uma grande demonstração de humildade do imperador.

Diferente da minha avó e de parte de sua família, meu pai sempre foi muito humildade e evita gastos desnecessários conosco. Ele sempre repete "não temos nada, tudo é do povo"

Meu pai me entregou a garrafa com água e eu agradeço com um sorriso.

Observo o desfile e toda demonstração de poderio bélico do Brasil.

Após o fim do desfile, descemos até um carro para nosso desfile até o paço imperial. As ruas da cidade estão lotadas como de costume, todos os presentes com bandeiras do Brasil.

Por chegarmos, o público já tomava os arredores do local e meu pai fez seu discurso da mesma sacada em que Pedro primeiro disse que ficaria no Brasil em 1822.

👑👸

Relembrar o passado e ter incerteza do futuro machuca muito. Sinto meus olhos se encherem de lágrimas e me sento na cadeira atrás da mesa de Pedro.

Ouço a porta se abrir e levanto meu olhar.

Pedro entra pelas portas e mantém seu olhar fixo sobre o meu.

Sei que o tempo se passou e perdemos totalmente a intimidade que havia entre nós, mas não resisti e o abracei que correspondeu ao meu ato.

— O que houve, Isabelle? — Perguntou se afastado um pouco.

— Pedro... meu pai está doente!

Ele alisa o meu rosto e põem o meu cabelo da orelha. 

— Isabelle, eu queria poder arrancar essa sua tristeza.

— Estou com muito medo de perdê-lo, logo agora que sinto que nossa relação chegaria aos nossos melhores anos. Eu não entendo, Pedro! Eu não entendo o motivo de Deus fazer as pessoas sofrerem, de deixá-las doentes e de faze-las sentir dor. Eu também não posso chorar perto dele, não posso fazê-lo pensar que dou fraca.

— Belle, tudo bem não ser forte o tempo todo. Chore quando precisar chorar, sorria quando precisar sorrir. Deixe suas emoções te guiar. A vida é muito curta e nós nunca sabemos o dia do amanhã.  Pense que ele não se foi, que ele irá superar essa doença, seja lá qual for, que ele irá viver muitos e muitos anos para te ver seguir o seu caminho. Eu tenho certeza que ele tem muito orgulho da mulher que você se tornou, também tenho certeza que ele tem muita força de vontade para lutar pela vida, pois ele ama esse país, mas o que ele mais ama é você.

O abraço novamente e choro sobre o seu peito.

Estar próximo ao Pedro me acalma um pouco, pois ele me transmite uma sensação boa e deixa o meu coração em paz durante esses momentos.

Ele apenas ficou ali, me abraçando seja por quanto tempo foi. Sendo a minha âncora, o que me mantém firme nesse lamaçal de emoções que estou.

Conversar com o meu tio me deixou tranquila por alguns momentos, mas apos ele ir, a tristeza voltou com tudo.

Com Pedro, é um pouco diferente. Pois sinto que seu abraço tocou o mais profundo da minha alma. Sinto que seu carinho aprisiona a tristeza. Sinto que ele está sendo sincero quando diz que gostaria de arrancar a minha dor, e mesmo ele achando que não poderia, ele conseguiu.

Olho para ele e sorrio, talvez pela primeira nessas últimas horas, eu sinto tenho um sorriso em meu rosto e ele foi o responsável.

— Eu gosto de te ver assim, sorrindo.

— Obrigada, Pedro.

— Você tomou o seu café?— Perguntou

— Não estou com fome.

— Você irá comer!

Pedro se retirou de seu gabinete e sei aonde ele foi.

Pego a caixa que ele deixou e retiro suas coisas. Sei que estou invadindo seu espaço, mas é mais forte que eu.

Vejo um porta retrato com. Uma criança muito parecida com ele e um casal em um estádio de futebol.

Ouço barulho na porta e vejo Pedro entrar segurando uma bandeja.

Ele põem sobre a mesa e seus olhos param sobre a minha mão segurando o poeta retratos.

— Esse é meu pai, essa é minha mãe e essa criança sou eu— Disse carregado de nostalgia— Essa foi nossa última foto juntos.

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