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- Beomgyu -
Quando o sinal da primeira aula tocou, não consegui juntar forças para volta a sala de aula, fui covarde e fugi. Pulei o muro baixo no fundo da escola com a mochila nas costas e passei o resto da manhã zanzando pela capital.Entrei e saí de várias lojas e bebi três tipos de café diferentes. Por volta das 9:00, caminhei até uma praça verde e movimentada no centro. Em um parque cheio de brinquedos e rodeado por árvores havia um grupo de crianças, todas correndo e rindo. Uma menininha caia insistentemente do balanço, sempre com os joelhos na neve fofa e escassa do fim de inverno.
As mães estavam sentadas em um banco sob uma árvore coberta por neve, cada uma com um americano nas mãos.
Joguei a mochila sobre um banco e me balancei no lugar vago ao lado da garotinha. As crianças rapidamente me aceitaram no meio das brincadeiras. Enquanto construíamos bonecos de neve, um garoto levado jogou uma bolinha na irmã, e em minutos, todos estavam juntando neve nas luvas e jogando uns nos outros.Perto do horário de almoço, todas as mães se lembraram de me agradecer por entreter e cuidar das crianças enquanto tentavam reuni-las para ir embora.
E no final, tudo era temporário. A diversão e a sensação de ser amado, de me encaixar em algum lugar. O tempo com as crianças fez-me esquecer de qualquer coisa que pudesse tomar meus pensamentos, mas todos os problemas voltaram rapidamente quando me despedi delas.
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Acordei junto com o alarme no dia seguinte e fui pra escola após ignorar todas as mensagens deixadas por Hueningkai. Pensei que o ambiente estaria ameno e que tudo não tivesse passado de uma brincadeira momentânea, mas parece que fugir da situação só fez com que tivessem mais assunto para falar.
Hueningkai não estava sorrindo ou conversando quando entrei na sala, estava debruçado na mesa e quieto enquanto todos falavam sem parar. Senti que precisava me desculpar, mas não tinha coragem de olhá-lo nos olhos e pedir perdão. Evitei conversar com ele durante as aulas, desapareci durante o intervalo e corri direto pra casa no final da aula. As mensagens continuaram sem resposta.
Não nos falamos por dias. Ele até tentou várias vezes puxar assunto ou me tirar um sorriso, mas eu sempre o afastava da forma mais breve e seca possível.
Mesmo mantendo distância dele, nada mudou, eu já não me sentia triste ou constrangido, estava irritado.
Os apelidos ofensivos eram sempre direcionados a mim: mariquinha, puta, biba, gay e etc. Posso fazer uma lista com no mínimo 12 nomes.As meninas parecem ter se esquecido de tudo o que foi imposto no escândalo dias atrás, porque agora não passam um segundo sem perturbar Hueningkai. Elas se jogam em cima dele, se oferecem, e estão sempre colocando as mãos sobre seu peito e tocando os músculos em seus braços.
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Consegui escapar da limpeza da sala quando a aula acabou. Caminhei normalmente pelo corredo do térreo ciente de que alguém estava me seguindo, parei em frente ao meu armário, abri o cadeado e respirei fundo, torcendo para que não fosse alguém querendo me incomodar
— Cara, vai ficar me evitando? Não liga pra essas coisas. - disse Kai.
— É fácil pra você, não é? Não é você que apelidam de puta em todo corredor que passa. - falei indiferente, o espiando pelo canto dos olhos enquanto arrumava os livros dentro do armário.
Hueningkai suspirou auditivel. Segurei a ponta da porta e me virei em sua direção, ele estava com a cabeça baixa, batendo de tempo em tempo a ponta do tênis no chão. Parecia pensativo, focado.
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Young Blood • [TaeGyu]
FanfictionO sangue jovem que corre pelas nossas veias um dia envelhecerá, e tudo o que restará dessa fase da vida serão míseras lembranças. Portanto, crie boas memórias. Isso é possível? Uma história de perdas, amizades, paixões, escolhas e desencontros. ...