Capítulo 27

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- Taehyun -

Depois da proposta precipitada que fiz, ajudei ele a guardar as caixas e fui embora meio sem jeito. Beomgyu nem sonha com o que concordou, e eu nem sei quando vou explicar a proposta toda. Mas eu sei que deveria dizer logo.

|Sábado, 8:45 AM

Acordo de manhã com o toque do celular. Antes de coçar os olhos e me revirar na cama, penso ter ativado algum alarme sem querer. Mas depois reconheço o som e a perturbação acaba por ser apenas a ligação de algum inconveniente. Rolo até a extremidade da cama e passo a mão por cima da cômoda, pegando o celular. Quando coloco a tela perto do rosto, a claridade irrita meus olhos ainda acostumados com o escuro. Atendo, esperando que falem comigo antes de qualquer cumprimento meu.

"Porra, te liguei 6 vezes." - é a voz de Hueningkai que me ensurdece.

- Mano, eu tava DORMINDO - protesto, com a voz sonolenta completamente arrastada.

Sinto a baba estranha que minha boca acumulou durante o sono colar meus lábios, ao mesmo tempo meio seca e meio molhada. Umedeço os lábios e passo as costas da mão desocupada para seca-los.

"São quase 9:00, quem dorme tanto no sábado?"

- Quem não dorme? Kamal, você é estranho à beça.

"Alguma notícia do Soobin?"

- Pela décima quarta vez, NÃO! Caralho mano, calma, ele tinha muita coisa pra conversar com o Yeonjun, deve ter voltado de cabeça cheia, aí deitou e dormiu.

"E se..."

- E se eles voltaram? - depois de completar a pergunta para ele, bufo irritado e reviro os olhos mesmo que ele não venha a ver. - Kai, para de pensar negativamente, ele não sente o mesmo que antes em relação ao Yeonjun, não esquenta.

"Como você...?" - a fala incompleta fica no ar.

- Acha que eu não percebi o love de vocês? Tá na cara, não param de falar um do outro.

"Me sinto exposto."

Tiro um pé para fora da coberta e passeio ele pelo lençol, então toco a bochecha com a língua e penso se o que quero dizer para tornar o incômodo matinal mais divertido seria muito invasivo e desconfortável. Uma parte grande em mim grita para que eu não faça isso, para não perguntar nem supor, mas, como de costume, não ajo de acordo com o que penso.

- Mas, mudando de assunto... - a pausa é reflexo da minha incerteza, onde tenho a chance de repensar e desistir. Mas eu continuo - Vocês já. . ? Você sabe.

Ele não demora tanto quando penso para surtar, envergonhado.

"Quê? Caralho, que invasão de privacidade, pergunta indecente!"

- Sim ou não?

"Não preciso responder."

- Então é um sim - sacaneio, depois respiro fundo e continuo: - Podia ter negado, talvez eu acreditasse. Mas só talvez.

O outro lado da linha fica em silêncio, ouço apenas a respiração de Hueningkai. Sei que o deixei constrangido, talvez muito desconfortável. E então me odeio pela primeira vez no dia.

Ele ri sem jeito depois de um tempo. 

"Ai, que pena, tem gente na porta. Parece que vamos ter que deixar suas paranoias sexuais pra depois."

Confiro a tela do celular para ter certeza de que ele desligou a chamada. Não me preocupo em saber se a campainha era uma desculpa ou não, ele tem todo o direito de desligar. Jogo a cabeça para o lado e solto todo o ar dos meus pulmões, refletindo sobre o que fiz enquanto tento criar coragem para levantar.

Young Blood • [TaeGyu]Onde histórias criam vida. Descubra agora