Capítulo 14

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- Narradora -

  Beomgyu caminhava pelos corredores cheios em outro dia frio, carregando o agasalho de Taehyun nos braços. Afinal, teria de devolver.

  Ainda ontem, resolveu dar ouvido aos seus conselhos e ir até o hospital. Quando chegou, demorou até criar e acumular alguma coragem. Quando entrou no quarto e parou ao lado da cama, se espantou com a palidez da pele da mãe. Disseram-lhe que ela não havia sequer aberto os olhos, que não respondia ao toque, muito menos à voz. Mas Beomgyu ainda acredita, lá no fundo, que ela vai melhorar e voltar para casa logo mais.

  A mãe não era a única pessoa o preocupando durante o dia. Hueningkai parecia o ignorar. Não respondeu nenhuma das vinte e sete mensagens nem atendeu quando Beomgyu ligou. Foram exatas nove vezes. Beomgyu parecia calmo por fora, mas por dentro há dúvida e mais dúvida.
E muito medo.
Medo de que Hueningkai tenha visto e lido os posts na Internet, medo de que o tenha afetado tanto, mas tanto, que tenha feito Hueningkai se isolar. Beomgyu tem quase certeza de que talvez ele não venha para a escola nos próximos dias.

  Mas, enquanto andava pelo corredor, Hueningkai fez uma curva e começou a andar em sua direção sem perceber, com a cabeça baixa e um cachecol rosa. Sem hesitar, Beomgyu segurou o agasalho o mais firme que pôde e correu até ele. Hueningkai parecia imerso em outro universo, pois nem o som dos passos pesados de Beomgyu contra o piso conseguiram sua atenção.

— Kai! - Beomgyu gritou, sorrindo enquanto seu corpo tomava os últimos centímetros entre ele e o amigo.

  Hueningkai levantou a cabeça assustado e abriu bem os olhos. Pegando um pequeno impulso, Beomgyu abriu os braços e pulou em seu colo. Os braços de Hueningkai o abraçaram de imediato, segurando-o para que Beomgyu não caísse e levasse ele junto. Beomgyu continuou agarrado ao pescoço de Hueningkai, com o queixo apoiado em seu ombro e os dedos apertando suas costas.

— Oi? - Hueningkai soltou um breve riso, encarando a extensão do corredor enquanto sentia o cheiro de Beomgyu. — Perfume novo?

— Por que não me atendeu? E não viu as mensagens! Sabe o quanto eu fiquei preocupado!?

  Hueningkai não lhe deu respostas, esperando que o assunto morresse com o silêncio.

— Não acha que a mochila é peso suficiente pra eu carregar? Poderia descer pequeno Mário?

  Antes que pudesse colocar Beomgyu no chão, sentiu um ar quente e alguns soluços chegarem até sua orelha. Tentando soar suave e preocupado, perguntou:
 
— Ei, por que você tá chorando?

  Hueningkai apertou seu abraço e apoiou sua cabeça na dele.

— Você me deixou assustado. Pensei que tinha acontecido alguma coisa... - disse Beomgyu, tentando conter o choro enquanto escondia o rosto no cachecol de Hueningkai.

— E o que aconteceria comigo? - Hueningkai perguntou.

  Com uma feição calma, soltou Beomgyu assim que ele começou a se mexer demais enquanto tentava descer.

— Ah. . . Não sei! - Beomgyu o encarou emburrado e fazendo bico.

  Depois de dar um soquinho bobo no peito de Hueningkai, ajeitou o agasalho de Taehyun em seu antebraço e secou o rosto com o dorso da mão livre. Hueningkai sorriu, quase imperceptível.

— Ei... Cadê? - Beomgyu o olhou curioso, semicerrando os olhos enquanto subia na ponta dos pés. Também apontou indiscretamente para sua testa.

— Ah... diz os pontos? - O cabelo de Hueningkai estava bagunçado, mas cobria boa parte da testa, e pouco a cicatriz. — Tirei ontem.

Young Blood • [TaeGyu]Onde histórias criam vida. Descubra agora