- Beomgyu -
Eu preciso voltar pra casa, mas não quero me separar dele por hoje. Então surgiu a idéia. Me aproximei do seu assento enquanto ele ainda guardava os livros.
— É... Você quer ir até minha casa depois que sairmos? - perguntei.
— Ah... por quê? - ele esticou o tronco e parou de guardar os materiais.
— É que... você é o primeiro amigo que eu faço aqui... então... queria apresentar você pra mim mãe. Mas se já tem algo planejado pra hoje tudo bem.
— Não, eu posso ir sim.
Foi inevitável abrir um sorriso. Eu finalmente teria algo para fazer e alguém para conversar no caminho de volta. Algo que não seja chutar pedrinhas pelo asfalto e alguém que não seja eu.
Kai terminou de guardar suas coisas e jogou a mochila nas costas. Saímos da escola juntos depois de ajudar a limpar a sala.
Eu sou filho único e moro sozinho com minha mãe, além dela, não tenho nenhum outro parente vivo, não que eu saiba. Sou grato por ainda tê-la comigo, não sei o que faria sem ela.
Estamos no inverno e a caminho do ponto de ônibus, era possível ver as nuvens de ar se formarem enquanto conversávamos, assim como foi possível perceber de imediato quando começou a chover. As gostas frias e finas molhando aos poucos as peças de roupa.
Inacreditável. Talvez eu devesse assistir mais aos jornais.Corremos o mais rápido até o ponto de ônibus, pondo a mochila sobre a cabeça na tentativa de escapar da chuva. Quero aproveitar o dia, mesmo que seja obrigado a passá-lo dentro de casa.
O ônibus chega uns minutos depois e nós entramos.Por que diabos está chovendo em pleno inverno?
Alguns minutos se passam e várias pessoas do próximo ponto entraram em quantidade massiva, todas úmidas e morrendo de frio. Voltei meu olhar para a janela, onde várias gotículas pressas ao vidro escorriam uma atrás da outra. Além do vidro, as árvores balançando em função do vento.
— Ei, olha ali. - Kai me cutucou, apontando com indicador em direção a porta de entrada.
Lá está Taehyun, passando o cartão no scanner para pagar a passagem. Seu estado é pior se comparado a todos no veículo, suas roupas estão totalmente encharcadas enquanto seu corpo parece ter perdido as forças. Ele cambaleia mais um pouco e senta alguns bancos frente a nós.
Para a nossa sorte, a chuva parou pouco antes de precisarmos descer. Peguei minhas coisas largadas no banco e me levantei. Taehyun ainda está no mesmo lugar.
A casa dele fica literalmente no oposto lado em que estamos da cidade, então, por que ele permaneceu jogado no assento?
— Ei, não vai descer? - perguntei de pé ao seu lado.
Mesmo que eu grite, ele parece não escutar. Caminhei e me ajoelhei frente a ele, talvez ele me visse. Seus cabelos tingidos de loiro cobriam os olhos, quando decido afastar os fios, percebo seu olhar pesado e sonolento.
— Ele tá quase dormindo, o que eu faço? - levantei meu olhar em direção ao fundo do ônibus, onde Kai guardava o celular na mochila. Ele veio em direção ao assento de Taehyun e o chamou novamente.
— Ei, já devia ter decido, vai tirar o sono da beleza aqui?
Taehyun se remexeu no assento, piscando diversas vezes antes de abrir em definitivo as pálpebras. Parecia perdido, desorientado, como se não lembrasse de ter pego o ônibus. De repente, ele levou os braços até o banco da frente e firmou os dedos, repetindo a palavra "me desculpe" para quem quisesse ouvir.
Ele não se deu ao trabalho de assemelhar nossas vozes, não faz ideia de quem está o ajudando.Demos espaço a ele enquanto o motoristas nos apressava a descer. O olhar de Taehyun vagou livremente pelo veículo. Ele levantou de repente, como se tivesse captado algo. Saiu esbarrando em meu ombro e escorando nos bancos até alcançar a saída. Eu e Kai nos entre olhamos antes de sair, é estranho admitir, mas estava preocupado.
Pouco antes de pisarmos em terra firme, ele perdeu o equilíbrio e foi ao chão. Estava a metros de nós quando eu pisei na calçada, Hueningkai estava na minha frente e correu para ajudar.
O segui e agarrei um dos braços de Taehyun, tentando ajudar. Segurei sua bolsa e firmei uma das minhas mãos em suas costas, passando seu braço por trás do meu pescoço. Ao segura-lo melhor, senti um calor excessivo em seu braço e levei minha mão até sua testa, que além de molhada, ardia em febre.
Ele pegou chuva, e logo em seguida ficou no ar do ônibus, não seria nada difícil pegar um resfriado nessas circunstâncias.Taehyun é muito popular por conta do pai, então saber onde ele mora é moleza. Sua casa já apareceu diversas vezes no fundo de várias entrevistas. Levá-lo até lá seria a melhor opção, mesmo que eu o ajude, acho que ele não ficaria contente em acordar de baixo do meu teto.
— Hyung, vamos levar ele pra casa. Você tem dinheiro? Vamos pegar um táxi.
— Tenho. - ele rapidamente retirou a carteira da mochila.
Era horário de almoço, uma correria sem igual, não espero que encontremos um táxi. Sentamos na parada de ônibus e observamos as pessoas andando pela calçada, recolhendo a armação do guarda-chuva. Esperamos cerca de 12 minutos até um táxi aparecer.
Nunca tinha visto a casa dele de perto. Sempre aparecia na TV, mas nada se compara ao 3D. É enorme, em tons de cinza e branco. Olhei em volta e puxei os dois até o pequeno portão, apertando a campainha ao lado.
Em questão de segundos o portão foi aberto, expondo duas mulheres em desespero correndo em nossa direção. Não perguntaram nossos nomes ou de onde viemos, estavam interessadas apenas no filhinho do patrão.
Observei os passos curtos e apressados até a porta enquanto o levavam apoiado nos ombros.Kai deu meia volta e caminhou em direção à saída, enquanto eu encarava o homem na janela. É o pai dele.
Ele me encarava de volta, com um olhar fundo e cara fechada.Me virei rapidamente e corri até alcançar Kai, parado e me esperando na calçada.
— Acha que ele vai ficar bem? - perguntei.
— É só uma gripe, certo? Então ele vai sim. Vamos? - sua mão se apoiou no meu ombro e me puxou para perto.
O caminho até minha casa duplicou de tamanho, e como o ônibus havia parado de circular, tivemos que gastar dinheiro com outro táxi.
— Chegamos. - abri o portão da entrada, exibindo um caminho de pedras até a porta da casa, cercado por um punhado de flores.
— Uou, juro que estou surpreso, é mais bonita do que imaginei. Sua mãe gosta de flores? - ele examinava o local com atenção, pisando com cautela, como se tivesse medo de arruinar a paisagem com seu pé enorme.
— Da pra perceber? - disse, rindo de leve.
Passamos pelo pequeno jardim e entramos na casa, não esquecendo de tirar os sapatos. A casa cheirava a bolo, enquanto minha mãe rodopiar e cantava na cozinha.
— Meu deus, você trouxe alguém! Quem é? Que moço bonito. - quando entramos no cômodo, minha mãe simplesmente nos comprimentou o mais alto que pode.
Kai corou com o elogio.
Huening e minha mãe se deram muito bem, mais do que eu esperava. O bate boca não tinha fim, quando um acabava, outros dois surgiam. Senti que estava sobrando a maior parte do tempo, mas era bom, era realmente bom.
Eu sei que acabei de conhecê-lo, mas é como se fosse meu irmão do peito, um irmão mais velho que eu posso sempre contar. Estou feliz. Esse é o mais próximo que tenho de uma família feliz e vantajosa no momento.
To be continued...
[1284 palavras]
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Young Blood • [TaeGyu]
FanfictionO sangue jovem que corre pelas nossas veias um dia envelhecerá, e tudo o que restará dessa fase da vida serão míseras lembranças. Portanto, crie boas memórias. Isso é possível? Uma história de perdas, amizades, paixões, escolhas e desencontros. ...