- Narradora -Beomgyu acordou no meio da tarde coberto por uma manta branca, sentado numa cadeira e com o corpo debruçado sobre a cama da mãe. Mesmo ciente de que esteve no hospital, não se lembra de ter pegado no sono, o que só percebeu segundos depois, levantando a cabeça e ajeitando o corpo na cadeira, com os olhos meio fechados e sensíveis recusando a claridade. Quando tentou alongar os braços, sua coluna gritou de dor pelo mal jeito.
Com os olhos sonolentos ele fitou a mãe na cama, dormindo calmamente. Quando se virou para mapear o quarto, outras duas camas ainda estavam vazias. Menos a terceira. Taehyun estava deitado nela, encolhido, usando apenas meias nos pés. Seus tênis estavam postos lado a lado ao pé da cama, junto da mochila e o rolo de gaze que estava usando.
Beomgyu respirou fundo e se levantou, agarrando o cobertor sobre suas costas antes que ele escorregasse por completo, o segurou nos braços e parou ao lado da cama de Taehyun. Ele dormia sereno.
Agora que a fera dormia, parecia mais vulnerável. Perto o suficiente, agora Beomgyu podia vê-lo: o corte em sua boca, uma marca vermelha leve em uma das bochechas e, descendo para o peito, seu pulso exposto e levemente arroxeado. A faixa apertada marcou sua pele com pequenos quadradinhos. Beomgyu cobriu Taehyun com a mantinha, então pegou algum dinheiro na mochila e desceu até o saguão no térreo.
Quando voltou ao quarto, o relógio na parede marcava 15:05. Em uma mão havia um copo de isopor com latte, bem quentinho, na outra uma fita e um pacote de gaze, um rolo pouco volumoso e branquinho. Ele pediu à uma enfermeira na recepção, e ela cortou para que usasse apenas o necessário.O latte foi esquecido numa mesinha do lado da cama, e então Beomgyu tentou tirar a faixa do pacote sem fazer tanto barulho. Ele puxou a cadeira que estava sentando e a reposicionou, de modo que pudesse se sentar e pegar o braço de Taehyun ao mesmo tempo. Tentou puxar a mão dele com cuidado para não acordá-lo ou machucá-lo, e então a apoiou sobre o colchão. Fez de tudo para não movê-la demais e então enrolou a faixa: passou pelo pulso, pela curva entre o dedão e o indicador, e no final voltou ao pulso.
Enquanto uma mão segurava o final da faixa no lugar, a outra se comprometeu a simples - mas no momento quase impossível - tarefa de cortar um pedaço de fita. Usando o dente e a mão livre, tirou um pedaço inesperadamente quase perfeito e colou na borda da faixa. Quando terminou e devolveu o braço para perto, Taehyun se mexeu minimamente na cama e respirou fundo, balançando a franja na frente dos olhos. Beomgyu não conseguiu evitar se assustar, achando que ele levantaria e reclamaria de algo, como sempre faz.
Beomgyu se levantou sem mover a cadeira. Entediado, caminhou pelo quarto e olhou pela janela. Quando cansou de ficar de pé, sentou em uma cama vazia e terminou de beber o latte enquanto fazia uma atividade. Quase pegando no sono com o celular nas mãos, olhou o horário pela segunda vez em dez muitos. 16:34.
Já era hora de voltar, mas Taehyun ainda dormia como um urso no inverno. Calmo até demais. Se fosse Beomgyu, já teria levantado ao menos uma vez depois de um pesadelo, ou sido incomodado por algum barulho durante o sono leve. Ele é do tipo que não consegue dormir tranquilo fora da própria cama.
Quando voltou a se sentar ao lado de Taehyun, lutou contra a vontade de tirar os fios caindo em seus olhos. Mas não aguentou. Assim que o calor de sua mão chegou perto, sem nem mesmo tocar, sua mão foi pega no ar. Beomgyu se assustou.
— Por que tá me olhando tão de perto? Sua respiração tá vindo na minha cara - Taehyun resmungou, com a voz baixa e os olhos fechados. — Eu sei que sou bonito, mas não precisa ficar me vigiando. Ninguém vai roubar minha cara.
Aí está ele, o narcisismo, que parece engraçado apenas quando usado por Hueningkai. Qualquer coisa vinda de Taehyun sempre parece cem vezes mais irritante do que realmente costuma ser.
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Young Blood • [TaeGyu]
FanfictionO sangue jovem que corre pelas nossas veias um dia envelhecerá, e tudo o que restará dessa fase da vida serão míseras lembranças. Portanto, crie boas memórias. Isso é possível? Uma história de perdas, amizades, paixões, escolhas e desencontros. ...