Capítulo 29

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Domingo, 8:56.

- Narradora -

Taehyun se senta na cama pela manhã e percebe que está sozinho no quarto. A cama está com os lençóis bagunçados, e o Lobinho está junto dos travesseiros com o focinho meio amassado. Ele procura pelo quarto, até olha para o tapete ao lado da cama, mas não vê Beomgyu. Também não acha o celular quando passa a mão por baixo do travesseiro - onde sempre costuma deixar antes de dormir.

Enquanto olhava fixamente para um canto qualquer e escuro do quarto, tentou se lembrar de como veio parar na cama.

De repente, uma pontada. Taehyun leva uma mão até a cabeça e agarra os próprios cabelos, disputando para ver quem machuca mais: sua mão puxando ou a cabeça latejando.

Como se não pudesse piorar, as memórias de horas atrás começam a voltar. Elas acompanham as fortes pontadas, enfileiradas em desordem. Porra, é isso que dá beber duas garrafas de vinho sozinho, ele pensa.

Decidindo ignorar a dor, Taehyun coloca as mãos sobre as coxas e fecha os olhos. Depois de um longo suspiro, os abre de novo e levanta da cama. Ele calça as pantufas de veludo e caminha até a porta do banheiro, não muito longe da cama.

Nesse momento, tudo finalmente parece estranho. Tudo é novo.

Não há uma, mas duas escovas na pia, e o espelho está embaçado e o chão úmido mesmo que Taehyun não tenha tomado banho ainda. O ar cheira diferente.
Ele passa a mão no vidro e encara seu reflexo no espelho, as mãos apoiadas no mármore.

- Que bagunça - ele diz, conferindo os cabelos que puxou há pouco e o rosto amassado.

Depois de um tempo, começa a sentir-se observado pelo olhar fundo e desanimador dele próprio.
Está com as mesma roupas que se lembra de vestir, com exceção do blazer azul, o qual não faz ideia de onde foi parar. Ainda está com a calça jeans, mas a camisa social branca perdeu os dois botões mais próximos ao pescoço. Ele tira a camisa após desabotoar os restantes, mordendo os lábios conforme sente a dor que esticar os braços traz. Depois, observa vagamente o próprio abdômen, a barriga magra e branca.

Alguns ematomas invadiam o branco da pele que cobre as costelas, subindo, algumas marcas no peito, outras no ombro. Não estão sendo tocadas, apenas vistas, mas ainda doem.

É irritante como algumas coisas nunca mudam, ele percebe. Ele pode construir e desfazer amizades, mudar as convivências e acolher o menino que mais o odeia. Ainda assim, tudo acaba do mesmo jeito: rendido no próprio quarto, na casa que ele renega e com o pai que detesta. Preso em quatro paredes, intimidado, enquanto a pele arde e alguma outra parte do seu corpo grita.

Taehyun tirou as calças, ligou o chuveiro e pôs-se sob a água morna. Enquanto parado, a única dor que sente é a de um corte que acaba de descobrir na coxa esquerda. Mas, quando alcança o sabonete e tenta ensaboar o corpo, toda as extremidades, juntas e meios doem. As pernas fazem o melhor que podem para ficarem fortes, o braço não dobra o suficiente para lavar as costas. Já o pescoço não aceita se mover muito, por isso ele evita lavar os cabelos.

Vestido novamente ele pendura a toalha no gancho do banheiro e sai do quarto. Vestindo uma calça moletom e uma camisa amarela, passeou pela sala, avistando Beomgyu sentado na banqueta da ilha, rodeado de livros e segurando uma caneta.

- Que horas são? - perguntou, se aproximando.

Beomgyu arrumou a postura e ergueu a cabeça, em seguida, olhou para trás e acompanhou Taehyun chegando perto.

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⏰ Última atualização: Sep 28, 2023 ⏰

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