Capítulo 13

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- Taehyun -

  Não havia ninguém na frente da escola quando saí, mas, em compensação, o segundo andar estava barulhento. O clube de música produzia uma melodia no piano, alguns alunos do clube de artes saíram pelo corredor com os aventais completamente coloridos, provavelmente culpa de algum aluno desastrado segurando um pote de tinta.

  É péssimo não ter um motorista em pleno inverno. Minhas mãos podem até ficar bem expostas ao frio, mas minhas pernas congelam desde os dedos dos pés. Lógico que haveria um lugar vulnerável para o frio atacar.

   No final do ano eu fiz besteira na ceia de natal nos EUA. Meu pai ficou uma fera, tirou meu celular por duas semanas inteiras (eu comprei outro) e dispensou meu motorista. Também me mandou de volta para a Coreia antes do ano novo, pensando que eu poderia fazer merda de novo. Agora preciso levar dinheiro para onde quer que eu vá, já que pegar um táxi é a única forma de evitar um ônibus lotado e uma caminhada longa.

  As ruas estavam estranhamente paradas em torno da escola, nenhum carro passou em frente nos quinze minutos em que fiquei mexendo no celular, sentando num banco enquanto lia aqueles posts e esperava que a neve parece de cair.
  Cansado de esperar, guardei o celular no bolso da calça e sai caminhando, descendo e subindo as ruas até um ponto de ônibus. É detestável, mas a única solução para o sumiço dos benditos carros amarelos. Quando o ônibus parou no meio fio, me lembrei exatamente o porquê de odiá-los: cheio. Nenhum banco vazio.
Horários de pico são uma merda.

  Dei a volta pela casa e entrei pela porta dos fundos com medo de encontrar meu pai me esperando no sofá da sala. Bati o tênis no tapete da porta da cozinha e entrei descalço, com os tênis na mão e as meias dentro. Finalmente, casa. Odeio o inverno, e mesmo que essa casa não seja particularmente algo que eu amo, ainda é melhor do que ficar lá fora, com o vento forte e a neve chata caindo em mim.
  Cruzei a cozinha, mas não vi Yuna ou a mãe dela. Quando entrei na sala de estar, percebi que ignorar a porta da frente fora totalmente em vão, já que meu pai estava me esperando no topo da escada que leva para o segundo andar. Respirei fundo e tentei não demonstrar medo, comecei a subir os degraus e levei o tênis comigo. Quando cheguei ao último degrau meu pai me puxou pelo braço com força e, sem cerimônia alguma, deu um tapa na minha cara. Ardeu.

  — Está atrasado! Esqueceu que temos um almoço importante hoje? - repreendeu com a voz firme, notoriamente bravo.

— No meio da semana?! Quem é o doido que faz isso?

  Será que o Jet lag das férias nos EUA ainda está me afetando? Não é possível que eu tenha esquecido algo tão "importante". Talvez seja importante, mas como sempre, só para ele.

— Você sabe muito bem. - seu indicador apontou para mim.

  Caminhei pesado pelo corredor até o meu quarto, ignorando quando meu pai aumentou a voz e chamou pelo meu nome e, segundos depois, tive certeza de que ele havia desistido quando não me seguiu e me puxou pelos cabelos.
  Eu só queria me jogar na cama e dormir enrolado no meu cobertor favorito, que mané almoço. Mas então eu abri a porta do meu quarto e...

— Mas que porr. . .

Haviam vários ternos sobre a cama, modelos aparentemente iguais mas de cores e marcas diferentes. Eu odeio quando meu pai manda as empregadas separarem as roupas que devo escolher pra vestir. Também odeio quando entram no meu quarto.
  Joguei a mochila em um espaço livre na cama e os tênis no chão e peguei um conjunto preto, passando os dedos pelo tecido macio.

Young Blood • [TaeGyu]Onde histórias criam vida. Descubra agora