Capítulo 12

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- Narradora -

— Por que isso do nada? - Soobin cochicou se curvando em direção à Hueningkai.

— Yeonjun tava na porta te procurando, eu só... Eu só queria despistar ele, ou vocês iam brigar de novo.

  Hueningkai guardou sua atenção para os cochichos ao redor, uns tão baixos que só metade era compreensível, outros altos o suficiente para escutá-los por completo.

  - Eu estava pensando em chamar o Soobin para sair, que azar. - a voz de uma garota.

- Eu também, que desperdício. - a amiga lamentou.

- Eles realmente precisam fazer isso aqui?

- As vezes acho que os caras confundem amizade com outra coisa. - um cara da mesa ao lado.

- Se um dia algum de vocês fizerem isso comigo, a amizade acaba na hora.

Quanto mais focado, mais ouvia. Se fizesse um esforço, conseguiria decifrar mais insultos e repulsa por leitura labial.

  Ele havia pulado em um buraco e puxado Soobin junto. Pegou Soobin pelo braço e o tirou do armário. Porque Soobin gostou do beijo. Porque Soobin permitiu. E todos viram. Um beijo sem sentimento, mas cheio de preocupação e reconforto.

— Perdão... - Hueningkai baixou a cabeça e observou suas próprias pernas sob a mesa. Se sentindo culpado. Soobin provavelmente pode ouvir o mesmo que ele.

— Não Importa, uma hora iriam saber mesmo. - Soobin empurrou o bandeja pela metade e pousou uma mão no ombro de Hueningkai.

  Em seguida, procurou Yeonjun pelo salão. O olhar varrendo os bancos, cheiros ou vazios. Quando voltou a olhar para Hueningkai, ele não parecia nada melhor ou recomposto. Soobin retirou sua mão e Hueningkai roubou uma batata da bandeja e levou até a boca com os dedos. Nada higiênico. Mesmo depois de comer três delas, ainda parecia prestes a chorar.

— Ei cara, tudo bem. Você não fez nada que eu não tenha permitido... Obrigado por tirar o Yeonjun do meu pé. - sussurrou, buscando pelos olhos que insistiam na tentativa de evitá-lo.

— Aliás, sua boca é macia. - Soobin não precisou se esforçar para sorrir.

  Então Hueningkai finalmente o olhou, deixando um riso mínimo e um suspiro de alívio escaparem.

Eles suportaram as piadas durante todo o recreio, seja no banheiro, no refeitório ou nos corredores. Eles nunca acharam Beomgyu e Taehyun a tempo do sinal.
 
Beomgyu parecia bem e estava sentando em sua cadeira mesmo antes de Soobin e Hueningkai entrarem na sala. Taehyun, como de costume, chegou atrasado e foi repreendido pelo professor. Nas últimas aulas, a ausência de Yeonjun causou paz e permitiu que Soobin prestasse alguma atenção na matéria.

  As últimas horas passaram lentamente, todos os quatro ocupados com seus próprios problemas e preocupações. Arrependimentos. As aulas finais foram tão tediosas que Taehyun acabou dormindo, um cochilo longo e mesmo assim nada revigorante. As preocupações o acompanharam até mesmo em sonho.

  Quando finalmente acordou, a professora baixinha estava apagando as anotações no quadro enquanto todos em volta guardavam os materiais. Olhando para Soobin ao seu lado, estranhou não ter sido cutucado até acordar. Ele nunca deixava Taehyun cochilar nas aulas, mas hoje parece que nem tentou impedi-lo. Taehyun se levantou e guardou o estojo, a única coisa posta sobre sua mesa durante toda a manhã. Quando colocou a mochila nas costas, Soobin e maior parte da sala já haviam ido embora. Ele e Hueningkai se separaram a caminho de casa, chutando pedrinhas do asfalto enquanto pensavam, e pensavam. E novamente pensavam.

Young Blood • [TaeGyu]Onde histórias criam vida. Descubra agora