TW: O capítulo contém citação de abuso sexual (não explícita).- Narradora -
Quando David bateu à porta e puxou o trinco, Hueningkai agradeceu por ter trancado a porta. Enquanto escutava o pai chamá-lo e bater de leve na porta, olhou para a barriga de Soobin uma última vez, descoberta e totalmente tensa, rígida e contraída, como se soubesse mais do que qualquer um o que aconteceria caso não tivessem sido interrompidos.
— Os pombinhos aí dentro, vêm jantar - o pai chamou outra vez. Hueningkai enfim olhou para a porta.
— Já vamos! - gritou em resposta.
Hueningkai não disfarçou sua frustação quando voltou a olhar para Soobin, agora pela última vez antes de vê-lo vestido novamente. Saiu de cima dele e pulou para o chão, arrastando a colcha que enroscou no pé.
— Você vem? - Hueningkai perguntou ao lado da cama, inclinando-se para apanhar a colcha e colocá-la de volta na cama.
— Claro - Soobin olhou para a camisa sobre o colchão. — Com a sua camisa estúpida - ele sorriu.
Quando Hueningkai abriu a porta, com Soobin finalmente vestido, David já havia descido.
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— Eu. . . vou dormir no quarto de visitas - disse Soobin ao voltarem da sala de jantar, meio tenso, parados do lado de fora do quarto.
— Tá, boa noite - Hueningkai não tentou convencê-lo do contrário. Abriu um sorriso e deixou um carinho no braço de Soobin. — Não pense demais, ou não vai conseguir pegar no sono - sua mão voltou para perto, desfazendo o toque.
— Ridículo da sua parte me pedir isso depois daquilo - Soobin sorriu inocente, sem jeito, evitando contato visual.
Hueningkai não aparentava, mas estava inseguro. Soube desde o início que o que fez poderia ser arriscado, e, mesmo antes, tinha medo de deixar Soobin confuso de forma que o fizesse se afastar. Quando Soobin se virou e saiu caminhando pelo corredor até os quartos mais distantes, Hueningkai esperou ele sumir de vista para enfim entrar no próprio quarto. Soobin parou e abriu a porta do último quarto do corredor, escolha estratégica, pensada com antecedência, que o permitiria surtar sem ter o pensamento de que Hueningkai pode ouvi-lo do outro lado da parede. Quando entrou e trancou a porta, acendeu a luz apenas para encontrar e memorizar o lugar da cama, após isso, apagou e deitou imediatamente, nada preocupado em explorar o quarto. Respirando fundo com os olhos fechados, esparramou o corpo pela cama e refletiu sobre tudo o que havia acontecido: Yeonjun e o jeito estranho como agiu, os minutos em que esperou por ele na sorveteria, quando se molhou na chuva, Hueningkai o encontrando logo depois. No quarto, no banheiro, deitado na cama com a camisa emprestada, depois sem ela. O toque descarado das suas próprias mãos, respirações apressadas, lábios macios. Tudo isso é muito e pouco ao mesmo tempo.
Sem abrir os olhos, Soobin virou de lado e colocou a mão na frente do rosto.
— Seu amigo? Sério isso Soobin? - resmungou.
Quando abriu os olhos e se esticou, foi apenas para ligar o abajur ao lado da cama.
Do lado de fora a chuva batia mais forte nas janelas, mais intensa do que quando chegou. Raramente um clarão cortava os céus, um estrondo chegava depois. Soobin odeia tempestades. Desde novo tem muito medo de chuvas fortes e cômodos escuros. A água que cai e é arrastada pelo vento brusco parece e certamente é capaz de derrubar uma casa, mesmo que bem estruturada; os trovões e feixes grosseiros de luz o deixam ainda mais apavorado. Os raios que caiam passavam pela janela e iluminavam as paredes do quarto, aumentando as sombras de cadeiras e cabideiros espalhados pelo cômodo. As cortinas poderiam ajudar a esconder o clima lá fora, mas continuavam abertas. Soobin não teve coragem de levantar para fechá-las.
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Young Blood • [TaeGyu]
FanfictionO sangue jovem que corre pelas nossas veias um dia envelhecerá, e tudo o que restará dessa fase da vida serão míseras lembranças. Portanto, crie boas memórias. Isso é possível? Uma história de perdas, amizades, paixões, escolhas e desencontros. ...