6 - Confusão e outras sensações.

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- Beomgyu -

Acordei em um quarto de hospital, sozinho, escutando os repetitivos beeps do monitor. Meu braço estava ligado ao soro e meu corpo totalmente fraco. Quando acordei tudo parecia confuso, sem nexo. Por que estou aqui? Eu me perguntava. Até todas as lembranças voltarem, uma atrás das outras, as imagens exatas e vívidas de todo o desastre. Kai no chão, sangrando, inconsistente. Yeonjun e Taehyun machucados. Soobin em desespero. Eu em desespero. Lembrei em partes dos últimos pensamentos que tive. Estraguei tudo. É tudo minha culpa. Fique bem, por favor.
Eu me culpei até o último segundo.

Me sentei na cama sem a mínima disposição, debrucei sobre os joelhos e chorei. Chorei até sentir minha cabeça latejar. Minha mãe não está aqui, Hueningkai não pode estar aqui. Mais ninguém poderia estar. Continuei me lamentando para as paredes, xinguei Taehyun e os outros, pedi para que desaparecessem, pedi por um fim.

"Me desculpa Kai, eu não devia ser seu amigo, sabia que uma hora eles iriam mexer com você... Eu só queria uma vida normal, amigos e uma família enorme como as outras, como eu posso não ter nenhum deles? Eu devia apenas morrer..."

Foi a frase mais longa, auditivel e sem palavrões que disse nos minutos em que permaneci acordado e molhando as roupas de cama.

Me deitei novamente depois de algum tempo e virei as costas para a porta, fechei os olhos e tentei não pensar em nada, apenas dormir era permitido.

Acordei novamente no mesmo quarto de hospital, ainda sozinho. Minha visão embaçada logo tomou forma, eu podia sentir meus olhos pesarem com o inchaço. Examinei toda a extensão do quarto e peguei minha mochila no pé da cama. Procurei pelo celular em todos os bolsos, mas não o encontrei. Os ponteiros do relógio de parede marcavam 17:30.
O casaco do meu uniforme estava dobrado e posto na mesa de cabeceira. Soltei o nó frouxo da gravata e a coloquei de qualquer jeito em um dos bolsos da mochila e, ainda na cama, puxei meu casaco e o coloquei sobre as pernas. Como tiro o soro? Doaria muito se eu simplesmente puxasse de uma vez?

Uma moça de jaleco branco entrou no mesmo instante.

— Mil perdões! Eu devia ter vindo tirar o soro muito antes. Você está melhor? - era alta, com fios castanhos e um sorriso tímido.

Ela caminhou até minha cama abraçando uma prancheta transparente e com uma máscara descartável sob o queixo.

— Bem, acho que estou. - me sentei na beira da cama e estiquei as pernas. Meus pés estavam aquecidos pelas meias.

— Ótimo, você pode sair assim que eu resolver isso. - ela deixou a prancheta sobre a cama ao lado e tirou o monitor da tomada. - Pode tirar o sensor.

— O que...?

— O sensor do monitor, isso no seu dedo. - ela apontou.

— Ah, sim. - tentei puxá-lo com a outra mão, mas ele nem se moveu.

— Não vai se livrar dele dessa forma.

Ela puxou meu pulso para perto e tirou o sensor. Apertou um lado e o outro abriu, como um prendedor. Ela deixou o sensor sobre a cama, e então percebi que o fio o ligava ao monitor. Sua mão segurou a ponta do soro e descolou a fita que o mantinha fixo no meu braço, mantendo a agulha fincada na veia.

Young Blood • [TaeGyu]Onde histórias criam vida. Descubra agora